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Temos que proibir as pedras

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Caro leitor, esse editorial tem um objetivo que será tratado de forma implícita, mas que desejamos fixar em seus pensamentos como uma reflexão bem clara. Aqui queremos tratar sobre o assunto violência.

Não, se você está pensando que vamos culpar policiais ou criar aquela desculpa de vitimas da sociedade está enganado, como também não vamos falar que os mesmos são anjos e bandido bom é bandido morto.

Nós aqui queremos falar sobre a forma como você lida com a violência e para isso vamos ultrapassar as barreiras do óbvio e queremos tocar em sua consciência, em sua percepção convidando a participar de um debate entre nossas palavras e seu intelecto.

Para começar, queremos que você seja sincero e se quiser responde em voz alta tudo bem, o que importa é que pense e responda o seguinte questionamento. Você ainda se comove, ainda é atingido por notícias que não são relacionadas a você e seus conhecidos sobre violência?

Claro que de forma intuitiva sua resposta deve ser semelhante a de nossos colaboradores e equipe. De forma imediata falamos “sim, somos impactados e atingidos pela violência, ficamos chocados com os acontecimentos”. Mas isso é uma resposta superficial.

Vamos aos fatos. Na edição desta terça-feira, dia 05 de junho, divulgamos em nossos canais (site, jornal impresso e redes sociais) a notícia de um homicídio, um rapaz foi morto a pedradas, e aqui não importa o motivo, tráfico, assalto, ou qualquer que seja a natureza, ele foi morto a pedradas.

A pouco mais de um mês, aqui meso em Nova Serrana, um homem foi pego no ato, com uma mulher casada, o marido traído, torturou, esfaqueou e enfiou, aparentemente um pedaço de pau no reto do homem que morreu com a cabeça enfiada debaixo de um carro e o traseiro exposto no meio da rua.

No ano passado chegamos a receber de forma absurda fotos de um adolescente de aproximadamente 11 anos que cometeu o suicídio no quintal de casa.

Aparentemente caro leitor, nós vamos para as redes sociais e protestamos de nossos lares confortáveis, nos entretemos com filmes e situações que expõe pensamentos e valores subversivos e com uma enxurrada de fatores que se tornam rotineiros, temos a violência como um ator tão presente em nosso dia a dia que nossos olhares naturalmente os filtram.

Não mais nos importamos com notícias de traficantes presos, de jovens delinquentes cometendo assalto, com crimes de estupro, abuso sexual, pedofilia, afinal, aqueles que gostam de assistir conteúdo adulto na internet (que não são poucos), se divertem em fantasiar situações que são consideradas crime.

Quando uma mulher é vista na rua, as roupas dela julgam seu caráter, e se está vestida de forma mais “excitante”, ela provocou o desejo e por isso está exposta a possibilidades de ser molestada.

Sinceramente assistimos tudo isso, somos contaminados com a violência e no final da história ela se torna um personagem íntimo que faz parte de nosso dia a dia, é como um parasita, ou uma doença não letal, enquanto ela não nos causa constrangimentos, a assistimos, vemos ela crescer e simplesmente ignoramos pela nossa conveniência.

Quando publicamos em nossa página a notícia do rapaz morto a pedradas, um de nossos leitores comentou de forma irônica e apropriada, “temos que proibir as pedras, ela matam pessoas”.

Foi irônico e bonito perceber que alguém entende que o crime em si é um sintoma de uma violência que está impregnada em nossa rotina. E se por acaso você duvida ou discorda do fato basta ficar atento ao seu redor e as notícias que serão expostas por este Popular nas próximas edições.

Se ao ler o policial você pensar que mais um foi preso, mais um assalto aconteceu, mas isso não tem fim, que mais um homem foi morto, porque afirmamos mais pessoas serão infelizmente mortas na cidade. Se no fim você pensar que tudo não passa de apenas mais um, é porque você hoje pensa que as pedras devem ser proibidas e os impactos que a violência poderia ter em sua vida, já causaram a morte ou para ser mais amenos, já definhou a sua capacidade de ter um senso social crítico.

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