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Penso? Logo existo!?
Um dos mais renomados filósofos, que também foi matemático e físico da era moderna, o francês René Descartes cunhou a frase que dá título a este texto. A frase foi escrita em seu livro O Discurso do Método.
Muitos estudiosos até hoje buscam interpretações para o que efetivamente queria dizer René Descartes com a frase. Muitos, ainda que de forma simples, interpretam no sentido de que somente quem vive pode pensar e que somente nós humanos poderíamos exercer referida atividade (pensar).
Para os estudiosos, o filósofo deixou claro que na sua visão só não poderíamos duvidar da nossa própria existência, pois, poderíamos pensar, atividade não exercida por outros seres viventes.
Na visão do filósofo, colocada quase de forma clara no seu livro, nós humanos poderíamos através do pensamento duvidar de tudo, questionar tudo, mas a única coisa que não poderíamos duvidar ou questionar seria a nossa própria existência.
Pois bem, partindo do raciocínio de Descartes, nós seremos humanos somos dotados de um pensamento que tem por obrigação questionar e duvidar de todas as coisas, exceto de nossa própria existência, o que sempre foi e talvez sempre será o motor da filosofia.
Nos dias atuais, estamos presenciando uma fragilidade enorme do pensamento, raramente temos encontrado pensadores que trazem uma consciência diferente sobre o conhecimento e sobre nós mesmos. Diria até que vivemos uma era pobre de pensamento filosófico e de concepção humana.
Esse empobrecimento do pensamento filosófico na minha visão tem nos direcionado para a superficialidade das relações humanas, de certa forma esfriado a interação entre nós seres pensantes.
Não sem motivo, o advento da internet que impulsionou a comunicação global, trouxe uma aceleração da necessidade de expandir conhecimento, contudo, conhecimento superficial, muitas vezes com pensamentos frágeis.
A internet trouxe consigo as chamadas redes sociais, que facilitaram sob certa ótica ainda mais a comunicação e o contato entre as pessoas, contudo, banalizou em muito as relações humanas e o próprio pensamento. Recentemente li em algum jornal que não me recordo o nome e nem quando, uma frase interessante dizendo que as redes sociais teriam dado voz aos ignorantes.
Sinceramente não sei se a frase teria um cunho preconceituoso, mas procurei interpretar a mesma no sentido de que nas redes sociais todos podem expressar suas opiniões e pensamentos livremente, ainda que de forma equivocada e sem cunho mais profundo.
Fato é que “o penso, logo existo”, em tempos atuais perdeu um pouco de sua essência, pois, todos hoje em dia estão tendo certeza de tudo! Impera em nosso meio seres pensantes com convicção de que estão corretos em seus pensamentos.
Descartes com certeza está se revirando no túmulo, ele que questionava e duvidava de tudo, menos de sua existência, estará indignado com os humanos da atualidade. Por isso, o questionamento no título do texto: Penso? Logo Existo?!