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Necessidade ou oportunismo?

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Durante meus tempos de faculdade tive uma oportunidade bastante proveitosa, que foi conhecer os trabalhos de Nicolai Kondratiev (1892-1938), um economista russo que se propôs a estudar falhas da economia capitalista. Uma coisa até então inimaginável, pois não é comum aos estudantes do Ocidente recorrer a teorias de gente que não faz parte das grandes escolas clássicas de economia, como a inglesa, por exemplo.

A grande lição de Kondratiev para minha vida foi a compreensão que o capitalismo vive crises cíclicas, que funcionam como ondas, repetindo-se de tempos em tempos. Mas depois da chuva, há sempre a bonança. Haja vista que o capitalismo é um sistema curioso, que se metamorfoseia e se fortalece a partir de cada momento de revés.

No campo do empreendedorismo, vemos que grandes fortunas foram criadas por pessoas que não somente superaram uma crise, mas aproveitaram-se dela para estabelecer novas estratégias de posicionamento e investimentos. Mas para isso, a experiência conta muito. Não necessariamente a própria experiência, mas até mesmo a dos outros. Não há nada pior que viver uma vida sem sentido, sem direção, sem planos ou objetivos.

A gente aprende muito com os erros. Mas o que dizer de uma administração que publicamente já demonstrou que não reconhece qualquer erro cometido até aqui? O que dizer de uma administração que não pede ajuda, pois se sente autossuficiente, mesmo adotando estratégias falidas do passado e do presente, como recorrer a empréstimos e parcelamentos que comprometem o orçamento futuro?

Sinceramente, quando olho para a nossa Serrana vejo um misto de administrações que repudio, como a um município vizinho que decidiu se transformar em uma grande máquina arrecadadora de impostos, e de outro, que decidiu se desfazer do patrimônio público para manter sua cara e ineficiente estrutura de governo. O primeiro patinou no discurso e conta com crescente rejeição, enquanto o segundo revela-se incapaz de honrar compromissos e realizar obras.

Não há como terceirizar culpa, quando os erros foram cometidos por gente de dentro. Gente que poderia ter feito um algo novo, mas manteve-se ocupada demais respondendo a opositores de fraca argumentação, não aproveitando do mesmo modo a chuva de ideias de gente de dentro e de fora do governo, que desinteressada em relação a aspectos políticos queria contribuir. Pura vaidade. Inocência de gente que respondeu quando não era para responder, mas se negou a responder aquilo que deveria fazer e a contento.

A culpa é de quem? Do governo que não repassou impostos? De quem alertou desde o início para tempos sombrios? Dos servidores públicos de carreira, que devem pagar a conta? Não.

Acredito que a culpa está relacionada à falta de coragem. Faltou coragem para já chegar com a Reforma Administrativa debaixo de um braço e um amplo edital de concurso debaixo do outro. Faltou incorporar gente que se dedicasse ao Município e não a interesses particulares. Pois estes, quando não se corrompem, apenas dizem: vou sair em função de projetos pessoais. Mas quando nasceram tais projetos? Se foi antes de entrar para a Prefeitura, não deveriam ter entrado. Se foi depois disso… não preciso concluir, né?

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