Justiça

Líder do PCC ameaçou a própria advogada de morte com coroa de flores após não conseguir benefício na prisão

Publicado

em

Criminoso estava internado no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, na região Oeste de SP - Créditos: Reprodução/Google Maps

Criminoso havia sido transferido para unidade de “castigo” em São Paulo; vítima pediu a Justiça para que ele voltasse a um presídio normal, mas solicitação não foi atendida

Um importante líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), internado no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, em São Paulo, ameaçou a própria advogada de morte ao enviar uma coroa de flores para a casa dela. A ameaça teria acontecido após a Justiça negar um habeas corpus apresentado pela vítima em favor do criminoso. Com informações de Itatiaia.

O caso aconteceu em 2002, há mais de 20 anos, mas só foi revelado nesta quinta-feira (1°) pelo colunista Josmar Josino, do UOL. Na época, o criminoso havia sido enviado para cumprir um castigo por um ano no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), por causa de uma falta grave no sistema prisional. O líder da facção paulista havia sido condenado por diversos roubos, homicídios e formação de quadrilha.

Insatisfeito com a situação, ele contratou uma advogada para tentar reverter a situação. A mulher entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para fazer com que o criminoso voltasse a cumprir a pena em um presídio normal. Porém, os desembargadores indeferiram o pedido.

Após a negativa, a advogada viajou cerca de 600 quilômetros para encontrar pessoalmente com o cliente e lhe dar a má notícia. O encontrou entre os dois, no entanto, não saiu como o planejado. O preso ficou revoltado com a situação e culpou a advogada pelo fracasso do pedido.

O homem xingou a criminalista, a ameaçou de morte e descobriu o endereço dela. Logo depois, ele mandou os comparsas enviarem uma coroa de flores até a residência da mulher. Com medo, os comparsas seguiram a ordem do chefe.

Apavorada, a advogada entendeu a coroa de flores como mas uma ameaça de morte. Ela decidiu renunciar os poderes outorgados pelo cliente e nunca mais o atendeu. Com medo, ela deixou a advocacia por um tempo e mudou sua rotina.

Depois desse episódio, o criminoso foi transferido outras sete vezes para o CRP de Presidente Bernardes. Ele é considerado um dos presos que mais foi enviado ao RDD e, atualmente, cumpre pena em um presídio federal onde continua sob um sistema semelhante de castigo.

O que é o RDD?

O Regime Disciplinar Diferenciado, ou RDD, foi criado em 2001 por Nagashi Furukawa, então secretário estadual da Administração Penitenciária de São Paulo. A unidade penitenciária funciona como um sistema de castigo, sendo considerado cruel até por desembargadores.

Na unidade de Presidente Bernardes, na região Oeste do estado, os presos ficam isolados 22 horas por dia em uma cela individual. Há apenas duas horas destinadas para o banho de sol. No local, não há acesso a rádio, TV, jornais, revistas e visitas íntimas.

Temido pelos detentos paulistas, o RDD continua ativo nos dias atuais. O castigo continua sendo destinado a autores de faltas graves, especialmente líderes de facções criminosas.

 

Deixe uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Tendência

Sair da versão mobile