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Kong Nyong, Marielle e Júlio césar: a politização da tragédia!

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Sudão,1993. Kong Nyong era uma criança subnutrida caída ao chão e cercada por um abutre que silenciosamente aguardava a carcaça da criança para devorá-la, foi fotografada pelas lentes do fotógrafo Kevin Carter. A imagem foi publicada primeiramente no jornal The New York Times e ganhou repercussão mundial e rendeu ao fotógrafo prêmios internacionais.

Rio de Janeiro, 2018. Uma vereadora do Rio de Janeiro é executada à sangue frio no centro da capital fluminense. Instantaneamente a notícia percorre as redes sociais e desperta um emaranhado de comentários.

Nova Serrana, 2018. Após uma parada cardiorrespiratória, um jovem deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), após o desespero dos familiares, um vereador da cidade causou tumulto, brigou com funcionários e acabou sendo conduzido para a delegacia.

Aparentemente, são três casos distintos, sem qualquer relação, mas que expõe a lado obscuro da raça humana, a capacidade de usar a tragédia alheia para fins escusos.

Nas primeiras horas após a morte da vereadora do PSOL, a internet se comoveu e se revoltou com a violência empregada contra um agente político. Com o esfriar do sangue a vítima da violência no Brasil, lideres políticos e think thanks de esquerda usaram da morte da vereadora como palanque ideológico.

Usaram o velório de Marielle como um comício para atrair jovens e novos militantes em favor de uma ideologia. Em resposta rápida, opositores mobilizaram suas legiões enfurecidas para guerrear nessa batalha onde o único sangue já havia sido derramado por cinco perfurações a balas.

Aproveitadores que usurpam do rótulo político “direita”, criaram uma frente ofensiva semelhante a utilizada em campanhas políticas, com direito até a “robôs”, que de forma automática propagam o ódio nas redes sociais. Em pesquisa da FGV, pelo menos 1883 robôs foram utilizados somente no twitter como militante virtual.

Em Nova Serrana, após o jovem Júlio César dar entrada na UPA da cidade e necessitar do procedimento de reanimação, o caso ganhou notoriedade nas redes sociais após um vereador ser conduzido pela polícia após causar tumulto na unidade de pronto atendimento.

Assim que o caso foi parar na web, um confronto se iniciou de maneira tímida. Grupos políticos na cidade, começaram a pautar a culpa de uma possível tragédia em argumentos que prejudicasse a oposição.
Alguns, simplesmente ignoraram o fato de ter um jovem de 17 anos entre a vida e a morte e focou a atenção no vereador Osmar, buscando usar sua atitude como meio para atacar o ex-prefeito Paulo César por “birra” partidária.

Do outro lado, um grupo se mobilizou para criticar a UPA, com a bandeira contra a atual administração estampada em cada palavra. Usam da tragédia para tentar desmoralizar cada vez mais a atual administração, buscando enfraquecê-la para diminuir a “concorrência” para uma eventual disputa política.

Essa é a face obscura da raça humana. Pessoas insensíveis com a tragédia, que utilizam de sangue inocente em suas batalhas individuais. Assim como o abutre estava a espera da carcaça de Kong Nyong, oportunistas estão esperando alguma tragédia para usurparem da dor e da comoção para dar continuidade em suas guerras pessoais.

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