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Fiemg lança campanha contra energia elétrica suja para combater as mudanças climáticas

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O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, durante a palestra no Imersão Indústria - Foto: Sebastião Jacinto Júnior/Fiemg

Iniciativa visa combater as termelétricas não renováveis como fontes de energia e incentivar a produção de energia limpa a partir de hidrelétricas

Alinhada aos compromissos internacionais firmados pelo Brasil de descarbonização e de transição energética, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) lançou, nesta terça-feira (1), durante o evento Imersão Indústria, uma iniciativa de combate à utilização de energia elétrica suja no país.

A campanha “Combatendo as Mudanças Climáticas: a matriz elétrica e as estratégias para um futuro mais sustentável” surgiu de um estudo elaborado pelas gerências de Economia, Meio Ambiente e Energia da Fiemg que apontam como a matriz elétrica brasileira reduziu o percentual de participação de fontes renováveis nos últimos 30 anos e os impactos da energia elétrica suja no meio ambiente, na sociedade e no custo da energia elétrica no país.

Antes disso, o estudo foi apresentado na Climate Week NYC, um dos maiores eventos anuais sobre clima em Nova York, onde o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, apresentou dados sobre a transformação da matriz elétrica brasileira ao longo dos últimos 30 anos e defendeu investimentos públicos e privados em energia elétrica renovável

“A maior vantagem competitiva que o Brasil tem é a matriz elétrica limpa. Mas, ela já foi mais limpa e mesmo com a energia solar, a energia distribuída fotovoltaica e a energia eólica expandindo nos últimos anos, a nossa matriz sujou e vem sujando. E por que? Porque foram criadas várias dificuldades para se empreender nas energias renováveis no país. E as hidrelétricas, que chegaram a ser 96% da matriz elétrica brasileira, hoje respondem por 64%” explicou Flávio Roscoe.

Foto: Sebastião Jacinto Júnior/Fiemg – Com informações de O Tempo: https://www.otempo.com.br/economia/2024/10/1/fiemg-lanca-campanha-contra-energia-eletrica-suja-para-combater-

Segundo dados do estudo, entre 1995 a 2022, o Brasil viu sua matriz elétrica limpa cair de 97,6% para 89%, com queda considerável da participação das hidrelétricas entre as fontes de energia elétrica, que passaram de 96% para 64% no mesmo período. Em contrapartida, houve um crescimento da utilização de energia gerada por termelétricas a carvão e gás natural.

Essas usinas térmicas, além de elevarem o custo da energia elétrica no Brasil, são importantes fontes de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, o que vai na contramão das metas de descarbonização assumidas pelo país. “Em comparação com as hidrelétricas, uma termelétrica a carvão mineral, por exemplo, emite 34 vezes mais carbono na atmosfera, e uma termelétrica a gás natural tem emissões 20 vezes maiores”, destacou Roscoe.

Além da questão ambiental, o presidente da Fiemg destacou a importância das hidrelétricas de grandes lagos que podem mitigar impactos da crise climática e eventos severos, como o registrado nos últimos meses de abril e maio no estado do Rio Grande do Sul.

“A título de exemplo, temos o caso da usina de Três Marias, aqui em Minas Gerais, que há alguns anos registrou um pico de volume de chuva – que foi capaz de, em menos de um mês, elevar a volume armazenado de 40% para mais de 90%. Isso aconteceu porque o lago reteve toda a água da chuva, e evitou que ela passasse 18 metros acima do normal e que atingisse municípios a jusante causando um desastre”, disse o presidente. Ele ainda ressaltou que uma hidrelétrica do porte de Três Marias reduziria os significativamente os impactos e prejuízos causados no RS, pois controlaria 67% da vazão.

Nesse sentido, o presidente da Fiemg defendeu o banimento das termelétricas a carvão e gás natural até 2035, com vistas a atingir as metas de redução de emissão de carbono assumidas pelo país.

“Considerando as últimas emissões de GEE levantadas do setor industrial e as informações de geração de energia elétrica deste mesmo ano, o ciclo de vida das emissões das termelétricas não renováveis geraram o correspondente a 42% do total de toda emissão de gases de efeito estufa da indústria brasileira. Isso significa que, se não mudarmos a matriz elétrica brasileira, nós enquanto indústria, não atingiremos as metas de redução de emissão de CO² até 2050. Se os 11% de matriz suja na nossa matriz elétrica, emitem 42% de tudo que a indústria emite, como vamos reduzir essa emissão se essa matriz sujar ainda mais? Então, esta é uma discussão acerca da sobrevivência da indústria brasileira, o banimento das termelétricas a gás e carvão são a única chance de o país cumprir os protocolos que assinou”, afirmou.

Ao final da palestra, Flávio Roscoe convidou todo o público presente para se engajar na campanha pelo fim das termelétricas a gás e carvão mineral, e defendeu que sejam desburocratizados e incentivados os processos de licenciamento e de investimento em hidrelétricas e termelétricas renováveis, que utilizam biomassa como insumo.

“Os ‘ecoxiitas’ no Brasil fizeram o Brasil tomar esse rumo que, na minha opinião é o pior possível em termos de poluição e pior ainda de custo para o consumidor, porque disseram que os reservatórios hidrelétricos iriam destruir a natureza. E o Brasil teve que construir termelétricas, que poluem muito mais do que qualquer reservatório e geram uma energia poluente e mais cara. O que estamos vendo são escolhas erradas do passado que precisam ser corrigidas. Eu gostaria que as termelétricas fossem desativadas e que tivéssemos aqui mais energia hidrelétrica, eólica e fotovoltaica, que são mais baratas e menos poluentes”, finalizou o gestor.

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