Esportes
Estudo avalia como a corrida influenciar no número de lesões dos atletas
Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física realiza interpretação de pesquisa internacional sobre o tema
Considerado um dos esportes que mais cresce no Brasil nos últimos anos, a corrida, seja de velocidade ou maratona, tem virado tema de estudos. Em uma busca de entender como a biomecânica dos indivíduos influencia no número de lesões, os pesquisadores Alexandre Dias Lopes, Angelie Mascarinas e Luiz Hespanhol realizaram o estudo “Are alterations in running biomechanics associated with running injuries? A systematic review with meta-analysis” (Alterações na biomecânica da corrida estão associadas a lesões na corrida? Uma revisão sistemática com meta-análise).
A pesquisa contou com 82 análises e 5465 corredores investigados. A avaliação final levou em conta 11 variáveis biomecânicas extraídas de 51 artigos e foi feita por meio de revisão sistemática e meta-análise.
Para facilitar a compreensão do vasto artigo, disponível apenas em inglês no site PubMed, a SONAFE Brasil – Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física, por meio da sua Comissão de Corrida, Ciclismo, Esportes Aquáticos e Triatlo, realizou uma interpretação dos dados ali apresentados.
“O que nos motivou a realizar este trabalho foi o aumento significativo do número de pessoas praticando corrida de rua e, com isso, o aumento de lesões, especialmente no joelho e nos pés, como tendinite de Aquiles, fraturas por estresse e fascite plantar. Isso nos levou a investigar as razões por trás dessas lesões e por que estão se tornando mais comuns. Obviamente que levamos em conta o fato de que, à medida que mais pessoas começam a praticar esportes, o número de lesões também cresce”, explica David Homsi, fisioterapeuta esportivo associado à SONAFE e um dos responsáveis pelo trabalho.
De acordo com o fisioterapeuta, através dos resultados, é possível orientar com maior precisão estratégias preventivas e programas de reabilitação para corredores. Sejam atletas que buscam a prática tardia ou aqueles que já apresentam um estilo de vida com atividade física desde cedo, o melhor padrão de corrida é aquele em que o esportista corre sem dor e com economia de energia.
Outra conclusão retirada do estudo é que mudanças nos padrões de movimento, como o drop pélvico, a inclinação do tronco e o estilo de pisada (retropé, mediopé, antepé) não estão diretamente ligados a lesões ou desempenho. Em contrapartida, a amplitude de movimento do joelho durante a fase de apoio e o ângulo do joelho no contato inicial com o solo tiveram associação com lesões.
“Na prática, a ideia principal é fazer com que os profissionais e os atletas tenham em seu dia-a-dia de treinamento o fortalecimento muscular, que muitas vezes é deixado de lado por esses atletas amadores. Vale a pena fazer uma avaliação cinemática completa do padrão de marcha da pessoa. Claro que não existe um padrão correto e único para todos, mas com essa avaliação é possível tentar melhorar a biomecânica da pessoa em particular. É necessário fazer exercício de fortalecimento muscular, de alongamento, tentando ao máximo diminuir o impacto na região do joelho e com isso tentar diminuir a incidência das lesões. É óbvio que nunca vamos conseguir zerar as lesões no esporte. A ideia principal desse trabalho foi fazer com que tenhamos ferramentas para serem aplicadas nos treinamentos dessas pessoas, com o intuito de diminuir a quantidade de lesões”, finaliza David.
Participaram do trabalho feito pela SONAFE Brasil os fisioterapeutas José Rubens Zambelli, Natanael Teixeira Alves de Sousa, Rodolfo Borges Parreira, Kelson Nonato Gomes da Silva, David Homsi, Scheila Pinheiro, Tatiana Ribeiro e Karen Fernandes.
Foto: Imagem ilustrativa | Freepik / Divulgação – Com informações de O Tempo: https://www.otempo.com.br/sports/especializados/2024/11/7/estudo-avalia-como-a-corrida-influenciar-no-numero-de-lesoes-dos