Editorial - Opinião sem medo!

Container para conter

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Nova Serrana, a cidade da indústria calçadista; a cidade que mais cresce em Minas; a cidade de uma economia sólida; a cidade do desenvolvimento. Esses são alguns dos estereótipos positivos que nossa cidade carrega consigo.

Efetivamente todas estas características, todas estas ponderações são verdadeiras, afinal, somos um potencial tão grande, tão relevante que a própria população que aqui habita não tem mensuração do que representa o polo calçadista que produz 100 milhões de pares por ano.

A cidade que mais cresce em Minas como qualquer outra esbarra em problemas sociais e administrativos que causam transtornos. Muitos destes problemas parecem insolúveis.

Estes problemas em grande parte são causados pelo crescimento desordenado, e aqui encontramos um que não é exclusivo de Nova Serrana, mas pela importância e desenvolvimento econômico da cidade deveria ter sido tratado com mais zelo há muito tempo.

O trânsito da cidade é determinantemente um dos problemas crônicos de Nova Serrana, afinal o município tem uma frota que supera a casa de 25 mil veículos, o que quer dizer, que a cada 4 cidadãos 1 tem um veículo e em meio a esse crescimento e quadro presenciado, o desenvolvimento da estrutura viária e de trânsito não acompanhou nem de longe a demanda do município.

Projetos, ações, medidas foram tomadas ano após ano sem mensurar se realmente eram eficazes. Vale lembrar, por exemplo, o trevo da morte, próximo ao Posto Oásis, que foi modificado por uma gestão municipal antes da duplicação da BR 262, obra que causou acidentes e mais acidentes.

E as intervenções dentro da cidade também são questionáveis, e agora se presencia a polêmica dos containers para interromper o trânsito de veículos em acesso à rodovia do calçado que coloca em risco a vida de condutores.

Para falar a verdade temos que ressaltar que, se todos os condutores respeitassem a legislação de trânsito os problemas seriam minimizados, mas como isso não acontece, passamos para a civilidade de uma população que deveria nestes momentos agir como cidadãos que tem responsabilidade com seus deveres.

Segundo o chefe de transito os “containers são para conter”, mas aqui perguntamos conter o que; o fluxo de veículos? A incompetência administrativa de uma gestão que não consegue destinar recursos para resolução dos problemas de trânsito da cidade? A falta de civilidade de uma população de depreda uma obstrução do governo?

Os containers devem conter inicialmente a inoperância de gestores com limitada capacidade administrativa. De gestores que criam cargos, mas não conseguem dar resolutividade, não conseguem dar subsídios de trabalhos e efetividade à suas ações.

Os containers também devem conter a falta de respeito de uma população que simplesmente critica sem avaliar os motivos que causaram tais medidas, de pessoas que são mais politicas do que cidadãs, de gente que em sua pequenez se acha melhor do que quem está todos os dias, lutando com as próprias mãos, um combate que já começou definido, injusto e com a derrota determinada.

Tem gente que julga estranho colocar um container na rua, tem gente que acha estranho fechar um acesso. Tudo bem é feio, é pobre diante da grandeza de nossa cidade, é paliativo em um governo que anunciou um novo tempo.

Contudo, é mais feio ter que noticiar que uma vida foi dizimada pela falta de estrutura, de preocupação, de planejamento e eficácia.

Sendo assim, em toda a sua pequenez prefiro containers vazio nas ruas de que caixões preenchidos com vítimas de acidentes, principalmente por pensar que esse caixão, poderia estar um dia preenchido comigo ou com você, e ai caros leitores, lamentar pela falta de sinalização, não será o suficiente para conter a dor que poderia ser contida com uma simples intervenção provisória.

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