Editorial - Opinião sem medo!
As demais perspectivas da verdade absoluta
O ser humano é uma figura que vive em busca de uma verdade! Nós normalmente estabelecemos verdade através de um sistema de valores. Esse sistema de valores passa necessariamente pelo conjunto ético e moral de uma sociedade.
Essa busca pela aceitação de um ponto de vista como a verdade absoluta passa por um choque entre o relativismo moral e o dogmatismo.
Pela parte do relativismo moral a verdade se torna algo vinculado à moral daquele grupo, do meio em que se está inserido, e ai família, amigos, escola, pensamento e grupo político se tornam as diretrizes para que essa verdade seja encontrada.
Já pelo dogmatismo a verdade tem caráter absoluto. Ele apresenta uma série de princípios e valores que são indiscutíveis, assim podemos observar que a religião no Brasil tem como diretrizes leis que se tornam verdade a ponto de determinar quem vai ou não para o céu.
Jean Paul Sartre, levando em conta o existencialismo entente que a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade.
Aqui, neste exato pensamento filosófico convidamos você a refletir neste editorial, afinal o que se tem visto principalmente quanto ao debate referido ao projeto 117/2017 aprovado na Câmara, são pessoas querendo determinar que a sua verdade, conduzida por sua essência se tornem uma verdade absoluta.
Em nossa matéria veiculada nessa edição, este popular se ateve a essa visão. Temos amigos e leitores de direita, esquerda, que apoiam a Paulo Cesar, que apoiam a Joel Martins, que apoiam a Euzebio Lago.
Temos leitores que são populares que sofrem com as condições de falta de moradia e temos empresários que veem o bairro José Silva de Almeida como uma oportunidade que foi dada para alavancarem seus negócios.
Temos os oportunistas que compram e revendem lotes que não são seus, temos oportunistas que queriam apenas ganhar dinheiro com especulação imobiliária, temos políticos com intenções sociais e políticos com intenções eleitorais.
E em meio a todos esses diferentes ângulos de leitura e posicionamento, talvez eu e você tenhamos a posição prepotente de querer que nossa visão, nossa opinião, nossa verdade seja efetivamente um ponto absoluto e correto diante de todo esse contexto.
O vereador Adair da Impacto disse na reunião que não se faz projetos pelas redes sociais, alguns afirmaram que a verdade do vereador foi uma cutucada em nossos amigos que interagem e debatem questões políticas.
Preferimos acreditar na verdade de que ele queria dizer que a população deve comparecer a Câmara como aconteceu na reunião de terça-feira. Contudo a verdade do legislador não é absoluta uma vez que ela não atende a todos, e se ele, nós do popular ou você caro leitor tivermos essa opinião unidirecional vamos acabar caindo nos mesmos equívocos daqueles que tanto criticamos.
Essa pauta, como tantas outras não devem ser vistas de forma única. A leitura de cada cidadão deve se dar ao compreender o contexto de um todo e por isso nessa edição através de técnicas de jornalismo literário, apresentadas com genialidade por Truman Capote em 1966, ilustramos em nossa matéria diferentes pontos de vista, para que você tenha sua leitura não amparada apenas em uma perspectiva.
Entendemos que é difícil, no entanto, deixarmos de lado nossa essência como dizia Sartre, mas é necessário afinal para sermos diferentes daqueles que marginalizamos precisamos de ter uma postura diferente e para que isso aconteça o primeiro passo é abrimos nossa mente e nos propormos a ler além de nossa perspectiva.
Se conseguirmos superar essa posição passamos a ser superiores aos nossos nobres políticos, que tomam como perspectivas seus próprios umbigos e seus projetos eleitoreiros. Se tivermos a maturidade de estabelecer a nossa verdade amparada em diversas perspectivas, teremos capacidade de construir uma sociedade saudável de verdade, sem partidarismo, mas com verdades de fatos e não de achismos rasos ou infundados.