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A deturpação da justiça de Platão

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A justiça é algo que tem muitas definições, muitas perspectivas e muitas aplicações distintas. Ela é o alvo dos injustiçados, é o artifício dos acusados, é a esperança de quem aguada pela coerência.

Aristóteles entendia que a justiça é a virtude que rege as relações dos homens na cidade. Segundo Aristóteles a justiça é uma disposição de caráter que torna os homens propensos a fazer e desejar o justo.

Já Platão traz a justiça com cerne de sua obra “A República”, afinal na concepção do pensador, certos conhecimentos são necessários para a instituição de um Estado, seja o mais perfeito possível, regido por governantes sábios e justos.

Como existe uma eminente dúvida sobre se este Estado planejado é possível ou não e, se possível, quais são suas condições de realização, Platão subordina essa realização à justiça e moralidade dos membros da polis e do caráter de seus cidadãos.

Assim se tem o entendimento que a justiça está atrelada as pessoas que formam a nossa sociedade as determinações da justiça, e esse entendimento tem sido mais do que utilizado em nossa querida capital do calçado esportivo.

Nunca na história da cidade a justiça foi tão acionada para causas tão distintas. Claro que a grande maioria dos contextos está relacionada a uma queda de braço entre executivo e legislativo, mas o interessante é ver que assuntos completamente dispersos se tornaram alvo de ações e conflitos jurídicos.

Teve o proprietário dos loteamentos sendo acionado judicialmente pela prefeitura, em um processo que não se sabe exatamente quem é inocente e quem é o culpado, afinal, havia o acordo de realização das intervenções, existia a responsabilidade do município pela ampliação do perímetro urbano, e no final das contas, até onde sabemos, o povo continua nas ruas de terra sem esgoto e infraestrutura cabível.

A secretaria de saúde, processou o presidente da Câmara, o ex diretor do Procon, que era inclusive do alto clero do grupo da atual administração, foi processado, justamente pela administração municipal.

E acredite não para por ai. Os taxistas foram a justiça pedir os seus direitos, após um processo licitatório no mínimo obscuro e conturbado, com um ex-secretário sendo exonerado em uma lamuria que até hoje não foi bem compreendida.

Os vetos de 2018, e se não nos enganamos foram muitos, se tornaram alvos de ações judiciais, e ai projetos como o de regularização fundiária se tornam objetos de uma luta entre dois jurídicos competentes, que tentam mostrar passo a passo qual é o mais forte.

A Copasa teve o pau na muleira e foi acionada na justiça pelo executivo, o prefeito colocou seu nome diretamente na bacia do judiciário quanto moveu uma ação contra a CPI, ganhou a anulação, mas não conseguiu impedir que outra CPI se instaurasse.

E por falar em impedir, o hospital São José, tentou uma, tentou duas, e perdeu nos dois momentos impedir que os vereadores tivessem acesso aos documentos, e revirassem os “sigilosos” documentos.

Agora quatro vereadores estão na justiça tentando fazer com que uma reunião ordinária seja derrubada e apenas sete de treze vereadores,  possam levantar a sua voz e opinar, o que não seria nada justo, afinal, quatro são a maioria de sete, e assim fica mais do que marcadas as cartas que vão aprovar de forma quase que direcionada o projeto de parcelamento do fundo previdenciário.

Por fim, após a JUSTIÇA, afastar seis vereadores, um deles que inclusive, recentemente teve documentos que indicam compra de votos expostos, entrou na justiça fazendo valer o seu direito de defesa, e lá é apostado que JUSTIÇA está equivocada quanto a sua decisão.

É claro que em um país onde o supremo mancha o nome dos juízes que se dedicam e atuam em um judiciário que muita vezes é superlotado, o entendimento quanto a todos esses processos é cabível de recursos, analises e perspectivas.

A única coisa que lamentamos é que Platão entendia a justiça como o fator que possibilitaria a formação do Estado ideal, e o que vemos hoje, em particular em nossa cidade são os entes ativos, usando da justiça para tentarem valer sob o seu ideal sob o Estado.

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