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A corrupção no Brasil é endêmica

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Adentramos o mês de dezembro, a pouco findaremos 2018, e consequentemente, concluir-se-à o claudicante governo Temer, um hiato na nossa história; para muitos, um “golpista”, para outros tantos, o retrato fiel do que produzimos de pior no tocante à gestores públicos; um “hábil” em se tratando de conchavos e arranjos politiqueiros.

Fecham-se as cortinas para Temer, mas não sem antes presenciarmos seu desgoverno envolto em mais um disparate, o indigesto indulto de Natal, que ele almeja conceder a “alguns apenados disciplinados”.

Enviado à suprema corte, para apreciação, nossos magistrados se debruçam sobre a matéria, com impressionantes argumentações que denotam a usual parcialidade dos “homens de toga”.

Guindado ao Supremo por indicação de Temer, o ministro Alexandre de Moraes sustentou que o decreto de indulto “é um ato discricionário do presidente da República.” E foi além: “…É uma ação privativa da  presidência, podemos gostar ou não, mas cabe ao mandatário da Nação, essa prerrogativa”.

Tendo sido escancarada pela operação lavajato, a fotografia dos “esquemas profissionais” que assaltam o Estado, o ministro Luis Roberto Barroso empilhou sobre a bancada as quatro interrogações que intimam os magistrados a esboçarem uma reação, sabedores de que a famigerada corrupção enoja as sofridas gentes brasileira.

“Jogaremos por terra considerável parcela do trabalho da força-tarefa, e para provar que o crime compensa, o Executivo concede indulto a esses apenados e o Supremo chancela? Que mensagem vamos passar? Que país estamos criando? De que lado da história queremos estar?”
O elenco de penitenciados até então é substancial, numa escala hierárquica temos um ex-presidente da República, Lula, que foi sentenciado por corrupção passiva; dois ex-chefes da Casa Civil foram condenados criminalmente, Palocci e José Dirceu, um por corrupção ativa e outro por corrupção passiva; o ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, o homem dos 51 milhões, Geddel Vieira Lima; dois ex-presidentes da Câmara dos Deputados, um deles, Eduardo Cunha,  por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de ex-governadores, senador da República e deputados, dentre tantos “personagens importantes da vida pública” apenados graças aos elogiosos trabalhos da operação lava jato.

Não menos relevante é a listagem dos sentenciados que seriam agraciados pelo indulto proposto pelo presidente Temer: o ex-ministro Antônio Palocci, o engenheiro e lobista Zwi Skornicki, o deputado cassado André Luiz Vargas Ilário, o ex-senador Gim Argello, o ex-tesoureiro do PP João Cláudio de Carvalho Genu, o ex-deputado João Luiz Correia Argolo dos Santos, José Carlos Costa Marques Bumlai, pecuarista e amigo do ex-presidente Lula,
Nelma Mitsue Penasso Kodama, a “formosa dama” dos 200 mil euros na calcinha, o empresário e lobista Adir Assad, o doleiro Carlos Habib Chater, o ex-presidente da construtora UTC Ricardo Ribeiro Pessoa, o empresário Ronan Maria Pinto , o publicitário
Andre Gustavo Vieira da Silva, os lobistas Jorge Antônio da Silva Luz e Bruno Gonçalves da Luz, pai e filho; os ex-executivos da Camargo Corrêa Dalton dos Santos Avancini, João Ricardo Auler e Eduardo Hermelino Leite , o ex-funcionário da Andrade Gutierrez
Elton Negrão de Azevedo Junior, o lobista Mario Frederico Mendonça Goes e o advogado
Antonio Carlos Brasil Fioravante Pierucci.

A corrupção no Brasil é endêmica e requer uma resposta enérgica. A operação lavajato, o mais relevante episódio de nossa conturbada história em se tratando de corrupção, experenciará uma enorme frustração, caso a “benevolência” do senhor presidente seja anuida pela suprema corte.
Resta-nos o aguardo, e a perspectiva de não cogitarmos, a partir do próximo governo, o desprezível “insulto de Natal”; tanto Bolsonaro, quanto Sérgio Moro, pronunciaram seu repudio à essa prática escabrosa.

Abençoada semana, GRAÇA e PAZ.

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