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Violência

Vídeo: entregador é agredido por clientes e sofre ofensas racistas em prédio de luxo de BH

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Entregador relata que machucou o joelho e agrediu os clientes de volta para se defender - Imagem: Reprodução

Segundo o entregador, a briga começou porque os clientes não quiseram passar o código; esposa dele foi chamada de ‘macaca’

Um entregador de aplicativo e sua esposa foram agredidos fisicamente e receberam ofensas racistas na noite desta quarta-feira (27), enquanto realizavam uma entrega no bairro Gutierrez, na região Oeste de Belo Horizonte. Durante a confusão, vizinhos saíram das suas casas para defender o casal e acionaram a polícia após ouvirem xingamentos como ‘macaca’ e ‘passa fome’, além de presenciarem as agressões físicas. Com informações de Itatiaia.

Segundo o entregador José Antônio, ele e a esposa estavam juntos no fim da noite quando foram até a rua Benjamim Jacob, onde fariam a última entrega do dia. Ao chegarem no local, a mulher pediu para que o morador informasse um código que liberaria o pedido no aplicativo, mas o homem tomou o pacote da sua mão e fechou o portão. José, então, se levantou da moto e tentou explicar para o cliente que precisava do código para ir embora, e foi neste momento que a confusão começou.

“O rapaz já atendeu tratando minha esposa mal. Ela falou que precisava do código e, no que ele desceu, ele tomou o lanche e fechou o portão. Eu falei ‘amigo, você precisa me dar o código para encerrar a corrida’ e ele não quis entender, começou a xingar, e nisso o pai dele desceu  e simulou estar armado”, relata José, que também afirma que pai e filho estavam alterados e pareciam estar sob efeito de álcool ou drogas.

Com medo, José e a esposa desceram a rua e tentaram subir na moto, mas, segundo ele, pai e filho pegaram pedras em uma caçamba em frente ao prédio e começaram a atirar no casal. O entregador, então, devolveu as pedradas e, neste momento, os quatro começaram a se agredir fisicamente.

“Minha esposa estava tentando explicar para o senhor sobre o código, achando que ele não ia brigar. Mas ele já desceu atirando pedra, aí eu peguei a pedra e joguei de volta, nem sei se acertou. Eles me derrubaram e vieram com soco. O senhor me socou com uma pedra e a minha esposa foi pra cima, tentando tirar a pedra da mão dele. No vídeo que os vizinhos fizeram até aparece o rapaz chutando a minha esposa”, conta José, que ficou com uma ferida no joelho e machucou a perna.

Ofensas racistas

Ao perceberem a confusão na rua, as pessoas dos prédios vizinhos saíram de suas casas para tentar apartar a briga. Neste momento, segundo uma das testemunhas, pai e filho fizeram ofensas racistas à esposa do entregador.

Apesar da confusão, José relata que ficou feliz com a atitude dos vizinhos, que acionaram a polícia e desceram de suas casas para defender ele e a esposa. Ele conta que ficou surpreso e aliviado ao receber o apoio das pessoas e que não esperava passar por uma situação desta.

“Foi muito legal aquele pessoal todo descendo debaixo de chuva, eles vieram com guarda-chuva para tampar minha esposa, trouxeram água para ela, ficaram acalmando. Eu fiquei muito abalado, para mim isso acontece em São Paulo ou Rio, mas aconteceu isso aqui em Belo Horizonte”.

Além do abalo emocional e físico, José conta que não conseguiu sair para trabalhar nesta quinta-feira (27) porque está com o joelho machucado e a moto quebrou.

“Amassou o tanque, quebrou a manete, a antena e meu capacete. Minha esposa foi trabalhar super abalada emocionalmente. Eu queria só justiça e que esse povo visse que eles não podem fazer isso só porque têm uma situação melhor do que a nossa. Eles não podem tratar a gente desse jeito”, concluiu o entregador.

Segundo o boletim de ocorrência, pai e filho afirmaram à polícia que não sabiam da exigência do código para pegar a comida, uma vez que o pedido já tinha sido pago antecipadamente. Eles também negam ter proferido ofensas racistas.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que “não houve conduzidos à delegacia de plantão para as medidas legais cabíveis” e que “trata-se de crime que depende de representação criminal, conforme previsão legal, para a instauração de inquérito policial e orienta que os envolvidos compareçam à 2ª Delegacia de Polícia Civil Sul para propor a representação”.

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