Descriminação

Victor pagará R$ 21 mil a ambulante chamado de ‘negão’ durante show em Sarzedo

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Em 2012, durante um show em um rodeio realizado na cidade de Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte, o cantor Victor Chaves, que fazia dupla sertaneja com Leo, discutiu com um vendedor ambulante e as imagens da confusão repercutiram nas redes sociais. Passados 11 anos, a Justiça decidiu que ele deverá indenizar em R$ 21 mil o trabalhador que foi humilhado publicamente por ele, que o teria chamado de “débil mental”, “sem cérebro”, “ignorante” e “negão” durante o evento. As informações são do jornal O Tempo.

A decisão foi proferida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Ibirité no dia 30 de dezembro de 2022, mas a reportagem de O Tempo só teve acesso à decisão nesta quarta-feira (01/02). Na ação movida pelo ambulante contra o cantor e a empresa Vida Boa Show e Eventos, ele lembra que trabalhava no evento no dia 17 de maio de 2012 quando, durante a apresentação, ele passou a ser constrangido pelos seguranças a se retirar do local onde fazia as vendas.

Após se recusar a deixar o local, a dupla teria parado o show e Victor passado a se dirigir a ele com os xingamentos. A defesa do trabalhador apresentou, inclusive, um vídeo em que o cantor o chama de “mal educado” e diz “junta esse negócio aí, apaga isso aí, desliga isso aí”, antes de dizer que tem 20 anos de carreira e emendou: “não fica de oba-oba não, negão”. Em seguida, o cantor prossegue dizendo ao autor “usa a cabeça, cara. Você tem cérebro?”.

Confira o vídeo:

Essa não é a primeira vez que o cantor se envolve em uma polêmica. Em 2017, ele foi acusado pela sua esposa na época de tê-la agredido quando estava grávida, em um apartamento em Belo Horizonte. No mesmo ano ele acabou indiciado pela Polícia Civil pela agressão e, em 2020, foi condenado pela Justiça pelo crime.

Após confusão, cantor deu R$ 3 mil ao ambulante

Ainda de acordo com o processo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), os seguranças da dupla ainda teriam tomado e lacrado as bebidas do trabalhador, que foi obrigado a deixar o local. Em seguida, ao fim do show, ele teria sido levado ao camarim dos cantores e recebido R$ 3 mil e as bebidas de volta.

Entretanto, o trabalhador teve que entregar o valor ao promotor do evento e dono das bebidas, recebendo apenas R$ 450 como comissão pelo trabalho. A defesa do cantor alegou que a empresa nada tinha com o ocorrido e disse que ele, apenas, “se limitou a solicitar, com gentileza, que o guarda sol da barraca fosse fechado”.

Por outro lado, ainda conforme os advogados de Victor, o vendedor teria xingado e feito gestos obscenos para o cantor, que utilizou as “expressões” sem pretender ofender, “mas simplesmente de se referir a ele durante o diálogo”.

Para juiz, termo “negão” foi usado de forma “coloquial”

Em sua decisão, o juiz André Luiz Pimenta Almeida concluiu que, diante das provas, ficou provado que o cantor chamou o vendedor ambulante de “sem cérebro” e que o uso do termo “negão” não teria ocorrido “com intuito deliberado racista, mas sim como uso coloquial, embora desaconselhável e reprovável, da língua”.

Por fim, ele determinou o pagamento da indenização por danos morais no valor de R$ 21 mil, o que, segundo o magistrado, seria “sete vezes o valor da compensação material fornecida na época pela impossibilidade da venda da cerveja durante o show”.

A reportagem do jornal O Tempo procurou a assessoria de imprensa de Victor Chaves e, também, a empresa processada pelo trabalhador. Entretanto, até o momento, eles não se posicionaram sobre o processo. O cantor ainda poderá recorrer da decisão.

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