Câmara Municipal de Nova Serrana

Vereadores apontam necessidade de construção de albergue em Nova Serrana após audiência pública na Câmara Municipal

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A Câmara Municipal de Nova Serrana realizou no dia 17/10, a Audiência Pública que teve como objetivo discutir sobre o aumento da população de rua em Nova Serrana, além de abordar as estratégias para enfrentamento e solução do problema.

Todos os vereadores deliberam favoráveis ao requerimento por entenderem o quanto o assunto é importante e enfatizaram que se trata de uma questão social, de ordem pública, ressaltando que toda a população de rua possui direitos fundamentais e merece condições dignas para viver, além do direito à saúde.

“O problema afeta o comércio, afeta a paisagem urbana, mas primordialmente deve ser tratado como uma questão social que merece atenção de todos e, o mais importante, é buscar soluções para melhorar as condições de vida dos cidadãos que estão nessa condição e precisam de amparo e assistência”.

Os mais diversos segmentos da sociedade e órgãos públicos foram convidados para participar do debate. A participação na tribuna livre foi elogiável, pois representantes de grupos e associações que prestam assistência aos cidadãos em situação de rua puderam falar sobre as atividades que desempenham para auxiliar e dar mais dignidade a essas pessoas, além de destacar a necessidade de mais apoio para ampliar a assistência.

Representantes de associações usam a Tribuna Livre

O Pastor Wellington Gonçalves, do Ministério Evangélico Labaredas de Fogo, falou sobre as ações que a igreja desenvolve com o Projeto Abraça-me que trabalha no sentido de alimentar e dar condições para o banho. Mas ressaltou que “um dia não é suficiente”, sendo necessárias ações mais efetivas.

Falou de um projeto para a construção de um banheiro móvel na área central da cidade, além da disponibilização de um kit higiene com toalha, sabonete e outros produtos que possam atender a essa necessidade básica nos moradores de rua e destacou que é essencial conseguir apoio do Município.

O tribuno deu destaque à necessidade da construção de um local mais adequado, como um ‘albergue’ e enfatiza que é preciso que a população, a iniciativa privada e o poder público se engajem na causa.

O vereador Chiquinho do Planalto usou a tribuna como representante do CAFO – Centro de Acolhimento Frederico Ozanan, que presta um serviço voluntário para os cidadãos oferecendo roupas, passagem, lanche e marmitex e banho aos que estão vivendo nas ruas.

O CAFO funciona sem recursos públicos, mas mantém uma parceria com o CRAS – Centro de Referencia em Assistência Social. O trabalho é realizado com apoio e qualquer pessoa que queira contribuir pode entrar em contato através do telefone (37) 3225-7703.

O Sr. Mauro Soares também usou a tribuna e falou sobre a Pastoral de Rua. Ele ressaltou a pertinência do tema, pois, a maioria que vive na rua, não está nessa situação por escolha, mas porque foram empurrados pela vida. Ele explicou que a Igreja Católica desenvolve o trabalho conhecido como Pastoral de Rua, cujo objetivo é ver as necessidades daqueles que vivem na rua e não vê-los como problemas.

O tribuno destacou a importância de dar a essas pessoas uma segunda chance para superar as dificuldades. Também destacou a necessidade de um ‘albergue’ para abriga-los do sol e da chuva, mas também falou que é necessário afeto e atenção.

O Sr. José Edinaldo falou sobre o trabalho da Comunidade Sacramento de Amor que há dois anos realiza ações em Nova Serrana também como a Pastoral de Rua. Ele destacou que é importante que todos os órgãos trabalhem integrados para solucionar o problema, inclusive a Policia Militar e a Guarda Municipal que precisam ter sensibilidade para lidar com casos de moradores de rua, principalmente em casos de uso de álcool e outros entorpecentes.

O tribuno falou também da expectativa de ampliação do projeto para que futuramente possa atender a mais pessoas, sempre auxiliando na sobrevivência nas ruas com garantias de dignidade.

Marcela Rute e Júlio Lopes, representantes do CREAS – Centro Especializado em Assistência Social apresentaram alguns dos serviços que o Município oferece para pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados, como o PAEFI – Serviço de Proteção e Atendimento à Família e Indivíduos, a Medida Socioeducativa e a Abordagem Social.

Marcela destacou dados da assistência na abordagem social no ano de 2017, sendo um total de 110 atendimentos entre os que se intitulam moradores de rua, os trecheiros que são pessoas que apenas estão de passagem pela cidade, os hippies que são aqueles que vendem bijuterias/artesanato; sendo que o volume de abordagem em 2017 foi de 149, pois muitas das vezes a mesma pessoa é abordada mais de uma vez.

Já em 2018 o número de pessoas atendidas foi 195 e o de volume de abordagem foi de 300, de acordo com Marcela, esse aumento se deu por causa de conflitos em espaços públicos, como praças e outros.

Em 2019, os dados até o mês de setembro, apontam que 173 pessoas foram atendidas e o volume de abordagem foi de 264, um número considerado alto.

O CREAS fez um levantamento e identificou que há em Nova Serrana atualmente 25 moradores de rua de forma fixa, mas foi explicado por Marcela que esse número é muito variável.

Os representantes do CREAS também falaram sobre o ‘Projeto Teto de Estrelas’ que promove atividades reflexivas para tratar das questões familiares e de cidadania, atendendo às necessidades imediatas das pessoas em situação de rua, além de buscar a promoção e inserção dessas pessoas na rede de serviços sócio/assistenciais e de políticas públicas.

A visão do morador de rua

O Sr. Weber Rodrigues Souza, um dos moradores de rua que participou da audiência pública também usou a tribuna livre para dizer que veio para Nova Serrana há 15 anos com sua família.

O tribuno relatou que durante todo esse tempo viveu nessas condições passando por diversas tribulações, mas segundo ele, hoje suas filhas já possuem um local para morar. No entanto ele ainda permanece na rua por não ter acesso ao trabalho.

“Conseguir emprego é muito difícil porque quem vive na rua não tem lugar para tomar banho e chegar num local para pedir uma oportunidade. Nós não temos nem endereço e isso dificulta demais. Por isso, seria de grande ajuda ter um albergue onde a gente pudesse ter esse apoio”, expressou Weber que ainda acrescentou que tem muita gente vivendo na rua e que não quer sair de lá, mas muitos como ele, desejam renovar os laços com a família, voltar a ter um trabalho e seguir reconstruindo a vida, cuidando da saúde e se desenvolvendo.

Considerações dos vereadores

Os vereadores presentes, Terezinha do Salão (PTB), José Alberto (PDT), Willian Barcelos (PTB), Chiquinho do Planalto (PSD), Sandro Moret (PCdoB), Valter Faquinha (AVANTE), Doia Ceará (PCdoB), Cabral (PROS) e Remirton (PEN), destacaram o quanto é preciso pensar em ações preventivas para evitar que o numero de pessoas morando na rua cresça.

Além disso, destacaram que as associações e instituições religiosas que prestam assistência à população de rua também merece apoio para continuar ajudando aos que vivem na rua.

Os vereadores salientaram de forma mais intensa que é preciso o empenho de todos para conseguir a construção do tão falado ‘albergue’, pois foi consenso que essa é necessidade de maior urgência, e um espaço que poderá servir como alicerce para a reconstrução de uma vida digna a cada morador de rua.

Outras autoridades falam sobre o crescimento da população de rua

O Secretário de Desenvolvimento Social, Gustavo Amaral; o presidente da OAB Nova Serrana, Ezequiel Silas, o representante do Comandante do Batalhão de PMMG, representado pelo Capitão Simões; o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Lúcio Santos também estiveram presentes na audiência pública.

Todos ressaltaram a importância de discutir o assunto pensando nos impactos da vida urbana do município, mas priorizando o bem estar dos moradores de ruas e enfrentando a questão visando um futuro melhor e mais digno.

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