Editorial - Opinião sem medo!
“Uma esmola pelo amor de Deus”
Uma esmola pelo amor de Deus – Uma esmola, meu, por caridade – Uma esmola pro ceguinho, pro menino – Em toda esquina tem gente só pedindo – Uma esmola pro desempregado – Uma esmolinha pro preto pobre doente – Uma esmola pro que resta do Brasil- Pro mendigo, pro indigente
Este parágrafo acima foi tirado de uma música da consagrada banda mineira Skank e para sermos sinceros, parece que ela está sendo cantada cada vez mais em Minas, pelos prefeitos, pelos servidores públicos, pelos pais de família que agora tem que implorar para que o salário dos serviços prestados seja enfim pagos.
Nesta semana o desgaste se instaurou definitivamente e o que pudemos ver foi servidores sendo desmerecidos em meio aos ânimos exaustados, profissionais que são cruciais para o desenvolvimento de nossa cidade chorando por falta do que comer e em meio a esse cenário, um prefeito que em seus olhos já pode ser visto o cansaço e o peso que é administrar uma cidade como Nova Serrana.
Durante a reunião com o chefe do executivo um dos servidores falou em alto e bom som, “viemos aqui não para brigar, mas para suplicar por uma solução”, outra servidora com a voz emocionada e os olhos cheios de lagrimas disse, “estou sendo despejada, ontem uma amiga falou que vendeu seu telefone para poder comprar comida”.
Esse, caros leitores, é o quadro que temos vivenciado, e mediante as críticas e justificativas, ouvimos que a cidade não tem dinheiro, que não é falta de planejamento, que parece que as pessoas estão vivendo em outro planeta.
Foi proposto que os vereadores abrissem mão dos repasses para câmara, ou melhor que adiassem o pagamento do repasse para a Câmara para que situação fosse sanada de imediato. O fato foi aceito, pelo legislativo, mas conforme apontado pelo próprio prefeito essa seria uma solução inconstitucional e por si não pode ser feita.
Quando olhamos de fora, vemos um homem que tem fé, mas que está envelhecendo, com barba na cara e a sensação de que está carregando o mundo em suas costas, e do outro, sim do outro temos pessoas que estão envelhecendo, com rugas pelo rosto de chorar pela necessidade de apenas receber o salário que lhes é devido com a sensação de um vazio no estomago, não por ânsia de vômito, mas por que já está faltando na mesa o que comer.
A crise está instaurada e se você pensa que em breve será solucionada, é necessário, para aqueles que não dependem de receber recursos provenientes de prestação de serviços ou venda de produtos para os órgãos públicos, dar uma boa repensada.
O acerto é a ponta o iceberg afinal se usar os recursos do dia 30 para pagamento das rescisões, ou do dia 10 como é proposto, como será pago a folha dos servidores que estão trabalhando desde o princípio de janeiro?
Bom o rolo compressor se torna ainda mais impactante quando o nosso passarinho vem e canta em nossa janela a informação de que, desde meses passados nenhum fornecedor recebe um centavo por parte da prefeitura.
E se você pensa que as coisas estão boas para os comissionados, aqueles secretários e diretores que recebem altos salários, bom ai você novamente está enganado, afinal, de todos os secretários que restaram apenas três não estão exonerados, são eles a procuradora (que está grávida), a secretária de Educação (que é efetiva) e o chefe de gabinete (que deve ser o braço direito do prefeito).
Todo o restante está fazendo do trabalho público quase que uma obra franciscana, ou pelo menos assim esperamos, afinal o caixa não vai se ajustar tão cedo e o trabalho “voluntário”, será que vai ser cobrado posteriormente?
O fato final é que o jogo de cintura por parte do executivo terá que ser bem maior do que o esperado e isso em um ano crucial para sua gestão. Essa semana eram esperados cerca de R$ 1,5 milhões de ICMS por parte do Governo do Estado e só chagaram R$ 500 mil.
Esses dados acima mostram apenas que o ano será longo e que o prefeito coloque as barbas que agora tem de molho, que prepare o estômago, a paciência e reforce sua fé e criatividade. E por fim que lembre bem deste outro trecho da música indicada no inicio deste texto. “Essa quota miserável da avareza, se o país não for pra cada um, pode estar certo não vai ser pra nenhum, não vai não, não vai não, não vai não, no hospital, no restaurante, …., no Mário Filho, no Mineirão”.