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Ciência

Uma célula do cérebro pode ajudar a reduzir os efeitos da doença de Parkinson

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Tremor, lentidão, rigidez nas articulações e perda de memória são sintomas comuns da doença de Parkinson, condição neurológica degenerativa, progressiva, que afeta o sistema nervoso central. Ela não tem cura, mas um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), publicado no em fevereiro de 2023 no Journal of Neuroimmunology, descobriu uma célula do sistema nervoso central que pode evitar os danos dessa condição.

A principal causa do Parkinson é a morte das células cerebrais responsáveis pela produção de dopamina, neurotransmissor que controla os movimentos. No estudo realizado com camundongos, os cientistas perceberam que a microglia, um dos mais abundantes grupos de células do cérebro, se mostrou capaz de limitar a perda de neurônios e da capacidade motora decorrentes da doença.

As cobaias receberam diretamente no cérebro uma toxina indutora de sintomas semelhantes aos do Parkinson. Um grupo teve a microglia praticamente eliminada pela substância chamada PLX e outro grupo não.

Os camundongos que mantiveram essas células registraram perdas menos significativas de neurônios e da capacidade de movimento.

“Esses resultados sugerem um possível alvo para o tratamento da doença no futuro, quando descobrirmos mecanismos capazes de ativar a micróglia de maneira benéfica”, afirmou a pesquisadora Carolina Parga, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da USP.

A descoberta contradiz o que os próprios pesquisadores do ICB e outros estudiosos da área haviam visto anteriormente sobre as microglias. Até então acreditava-se que, quando eram bloqueadas por medicamentos, os sintomas do Parkinson eram mitigados.

“A hipótese mais provável para explicar essa diferença nos resultados é a atuação dos dois tipos da micróglia, algo já identificado anteriormente na literatura científica. Uma delas, a positiva, protege contra a perda neuronal e talvez se manifeste no início da doença, e a outra, a negativa, impulsiona essa perda neuronal, predominando à medida que a doença evolui; o mesmo pode ocorrer em outras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e algumas formas de epilepsia”, explicou o pesquisador Luiz Roberto Giorgetti de Britto, coordenador do estudo no ICB.

A pesquisa ainda está na fase de estudos com animais e depois será conduzida com pacientes, o que pode levar entre 10 e 15 anos.

No Brasil, a estimativa é de que 200 mil pessoas vivam com a doença de Parkinson.

(*) Com Radioagência Nacional e Jornal da USP.

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