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Um mês após primeiro caso de coronavírus em MG, especialistas defendem isolamento

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Para eles, melhora no fluxo de diagnósticos é necessária para enfrentamento da pandemia

Há exatamente um mês, no dia 8 de março, Minas Gerais confirmava seu primeiro caso de coronavírus. A paciente, uma mulher de 47 anos de Divinópolis, no Centro-Oeste, esteve na Itália e retornou ao Brasil no dia 2 daquele mês. Ela teve sintomas leves, ficou isolada em casa e, hoje, está bem e totalmente curada. Nos últimos 30 dias, o vírus se espalhou por todo o Estado, e o número de casos confirmados por Covid-19 subiu para 559. Onze pessoas, com idades entre 44 e 82 anos, morreram pela doença.

Para especialistas, as medidas de isolamento social adotadas nesse período foram cruciais para que os números de Minas não fossem tão altos quanto os registrados em outros Estados, como os vizinhos São Paulo e Rio de Janeiro, que, juntos, contabilizam 460 mortos. No entanto, outras ações ainda são importantes, como a melhora no fluxo de diagnóstico dos casos.

No último mês, uma série de medidas foi adotada pelo Estado e municípios mineiros, mudando a vida de todos. Cinco dias depois da confirmação do primeiro caso, o governo de Minas decretou situação de emergência em saúde pública. No dia 15 de março, as aulas nas escolas da rede estadual foram suspensas, inicialmente por uma semana, mas, ainda hoje, todas as escolas permanecem fechadas, inclusive as das redes municipais e privada.

No dia 17 de março, Belo Horizonte passou a registrar transmissão comunitária de coronavírus, que ocorre quando não é possível determinar de quem o paciente contraiu a doença. Três dias depois, em 20 de março, entrou em vigor na cidade um decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) que proibiu o funcionamento de restaurantes, bares, shoppings e uma série de outros comércios e serviços, para tentar conter o avanço do vírus. No mesmo dia, o governador Romeu Zema (Novo) decretou calamidade pública, e restrições parecidas passaram a valer para todo o Estado.

Para os especialistas, foram essas medidas de isolamento social que permitiram ao Estado ter um número de casos controlado de coronavírus. “O isolamento social está funcionando muito bem. Estamos com a curva em crescimento, mas dentro do que tínhamos planejado”, afirma o médico infectologista Carlos Starling, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Pesquisador e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Unaí Tupinambás reforça a importância da iniciativa. “Soubemos utilizar o isolamento social de forma adequada e conseguimos atrasar o pico da doença para o final de abril ou início de maio, quando espero que estejamos mais preparados, inclusive reforçando a compra de equipamentos de proteção individual para os trabalhadores da saúde. Esse tempo que nós estamos ganhando é crucial para podermos nos preparar”, pontua.

Com 49.652 casos suspeitos e 100 óbitos em investigação em Minas Gerais, o professor reforça a necessidade de um fluxo mais eficiente no diagnóstico dos casos. O Estado tem um dos maiores números de mortes suspeitas por Covid-19 do país. “Temos que testar mais pessoas para atingir um maior número de pessoas contaminadas e, a partir daí, traçar novas estratégias para o futuro. Para manter ou não o isolamento social, temos que testar muitas pessoas para ver qual é a grandeza da pandemia”, diz.

Único laboratório público em Minas Gerais, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) habilitou, na última semana, 19 laboratórios aptos a realizar o diagnóstico para identificação da Covid-19. Com a ampliação da rede, a Funed prevê que serão processadas, por dia, 1.800 amostras. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a Funed também está se organizando para ampliar a capacidade produtiva interna.

Para enfrentar o aumento de casos de coronavírus, o Estado também começou a construir, no dia 25 de março, um hospital de campanha no Expominas, em Belo Horizonte, com 768 leitos, que deve começar a atender pacientes no final de abril.

Segundo a SES-MG, o Estado tem buscado organizar os serviços de saúde pública para atendimento da demanda estadual. Em Minas Gerais, há 2.013 leitos de UTI adulto e 11.625 leitos clínicos. A taxa de ocupação, de forma geral, está em cerca de 60%. Em função da pandemia, a pasta publicou, no último sábado, um edital que estabelece, entre outros pontos, o credenciamento e contratação excepcional de 2.000 leitos de UTI por até 90 dias.

O governo de Minas já informou que estuda flexibilizar o decreto de calamidade pública e avalia a possibilidade de liberar o funcionamento de alguns comércios, mas isso não deve ocorrer até 13 de abril. Até essa data, pelo menos, o isolamento social precisa ser mantido, segundo orientação da SES-MG repassada ao Ministério Público de Minas Gerais.

Para os especialistas, com a previsão de pico de casos que ainda está por vir, manter o isolamento social é essencial. “O isolamento tem que continuar, não tem data específica para terminar. Deve haver regras para a liberação progressiva do setor produtivo, mas o que não for essencial tem que continuar fechado. Tudo o que gera concentração de pessoas nesse momento não é adequado”, diz Starling. “Nós temos uma chance única de controlar o jogo”, completa Tupinambás.

  • Fonte: O Tempo
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