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Trabalho infantil cai no Brasil, mas ainda atinge 1,6 milhão de crianças e adolescentes

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Trabalho informal é umas maiores fontes de ocupação infantil, segundo quem atua nas fiscalizações - Foto: Alex de Jesus / O Tempo

Situação recuou de 4,9% para 4,2% em 2023

O percentual de crianças de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil recuou de 4,9% para 4,2% em 2023, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (20). Cerca de 1,6 milhão de brasileiros nessa faixa etária ainda estão sob a condição.

O valor é o menor desde o início da série, em 2016, quando registrou 5,2%. Até então, o patamar mais baixo era de 4,5%, atingido em 2019. O IBGE interrompeu a coleta dessas estatísticas em 2020 e 2021 devido à pandemia.

Negros são maioria, ganham menos e assumem as condições mais perigosas nessa condição. Pretos e pardos são 65,2% da população em situação de trabalho infantil, enquanto correspondem a 59,3% do total da faixa etária. Os brancos, 39,9% do grupo de idade, são 33,8% dos trabalhadores. Jovens do sexo masculino correspondem a 63,8% dos trabalhadores infantis, enquanto representam 51,2% do total da faixa etária.

Uma em cada cinco crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil trabalhavam 40 horas ou mais por semana, e o IBGE ressalta impactos na educação. Enquanto 97,5% da população de 5 a 17 anos de idade eram estudantes, a taxa cai para 88,4% entre os trabalhadores infantis.

Frente a 2016, todas as regiões apresentaram queda do total de pessoas em situação de trabalho infantil, exceto o Centro-Oeste. Nordeste e Sul tiveram redução mais acentuada desse contingente em relação ao ano inicial da série, ambos com queda de cerca de 33%.

O Norte apresentou a maior proporção de crianças e adolescentes em situação em trabalho infantil, 6,9%, e o Sudeste a menor, com 3,3%. O maior contingente bruto estava no Nordeste, com 506 mil jovens. Norte (2,7%) e Nordeste (1,9%) tinham os piores indicadores de trabalho infantil quando analisadas as pessoas de 5 a 13 anos de idade, concentrando, juntos, mais de 60% dos trabalhadores infantis desse grupo etário no País.

O contingente de trabalhadores infantis na Lista TIP (trabalho infantil perigoso), que reúne atividades de maiores riscos de acidentes e prejuízos à saúde, atingiu o menor patamar da série histórica, com 586 mil jovens. O valor caiu 22,5% na comparação com 2022, quando atingiu 756 mil jovens. Em 2016, eram estimadas 926 mil crianças e adolescentes nas piores formas de trabalho infantil.

O aumento da renda das famílias e aquecimento do mercado de trabalho são fatores que podem explicar a queda dos indicadores, segundo o IBGE.

RENDIMENTOS REFLETEM DESIGUALDADES

As desigualdades observadas no mercado de trabalho do país se estendem ao universo do trabalho infantil, afirma o IBGE. Crianças e adolescentes identificadas em atividades consideradas perigosas pela Lista TIP em 2023 eram constituídas majoritariamente por homens (76,4%) e por pessoas de cor preta ou parda (67,5%).

O rendimento médio dos trabalhadores infantis do sexo masculino era de R$ 815, enquanto as do sexo feminino recebiam R$ 695. Para pretos ou pardos no trabalho infantil, o rendimento médio era de R$ 707, e de R$ 875 para os brancos na mesma situação.

Nem todo jovem que desempenha atividade econômica está sob a condição de trabalho infantil, segundo o IBGE. Os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) seguem parâmetros de instituições como a OIT (Organização Internacional do Trabalho) para definir o termo.

A legislação brasileira proíbe qualquer forma de trabalho até os 13 anos. Dos 14 aos 15, há autorização na condição de aprendiz, que deve contribuir para a formação do jovem. Dos 16 aos 17, o trabalho é permitido com carteira assinada e sem jornadas noturnas, insalubres ou perigosas.

A definição abarca mais casos com a diminuição da idade, mas, de maneira geral, a criança ou adolescente de 5 a 17 anos está em trabalho infantil quando realiza uma atividade econômica ou de autoconsumo perigosa ou prejudicial para sua saúde e seu desenvolvimento mental, físico, social ou moral, interferindo na sua escolarização.

Das 38,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, 1,85 milhão exercia atividades econômicas ou de autoconsumo em 2023. Desses 1,8 milhão, 1,6 milhão estavam em situação caracterizada como trabalho infantil.

Atividade econômica refere-se a trabalho remunerado ou não remunerado por pelo menos uma hora na semana, incluindo ajuda a familiares, na definição do IBGE. Já o autoconsumo envolve a produção de bens para uso exclusivo do domicílio ou de parentes, como cultivo, criação de animais, fabricação de produtos ou construção.

Do total de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, 3,7% realizavam atividades econômicas (1,4 milhão). Entre crianças e adolescentes residindo em domicílios beneficiados pelo Bolsa Família, a prevalência era um pouco menor: 3,4% delas (ou 466 mil) realizavam atividades econômicas.

O IBGE não considera afazeres domésticos e cuidados de pessoas como trabalho infantil. Do total de jovens de 5 a 17 anos, 52,6% (20,1 milhões) realizavam afazeres domésticos e/ou tarefas de cuidados de pessoas. O número sobe para 56,9% entre meninas e cai para 48,5% entre meninos. (LAURA INTRIERI/Folhapress) 

Foto: Alex de Jesus / O Tempo – Com informações de O Tempo: https://www.otempo.com.br/economia/2024/10/18/trabalho-infantil-cai-no-brasil–mas-ainda-atinge-1-6-milhao-de-

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