Fiscalização
Souza Paiol é responsabilizada por manter 116 trabalhadores escravizados
Uma das maiores empresas do Centro-Oeste mineiro, a Souza Paiol foi responsabilizada por manter 116 trabalhadores escravizados na colheita de palha para os cigarros. A Operação de resgate que começou no dia 13 de outubro foi concluída no último dia 20, quando a empresa pagou aos trabalhadores indenizações que somadas chegam a aproximadamente R$ 900 mil.
Conforme as informações divulgadas pela imprensa, a Sousa Paiol que é a maior fabricante de cigarros de palha do Brasil, mantinha os funcionários em trabalho escravo na fazenda Água Fria de Goiás (GO), localizada a aproximadamente 140 km de Brasília.
Segundo as informações divulgadas, entre as pessoas que eram submetidas ao trabalho em condições precárias haviam cinco adolescentes, um de apenas 13 anos, e nenhum dos 116 profissionais tinham algum direito trabalhista. Eles dormiam em alojamentos péssimos e não recebiam equipamentos de proteção individual.
Conforme as informações da Revista Forum, além das condições precárias de trabalho, os empregados eram ainda obrigados a pagar pelos materiais de trabalho que deveriam ser dados pelo empregador, como as facas usadas para separar a palha da espiga, as pedras para amolá-las e até as fitas adesivas usadas pelos trabalhadores para protegerem os dedos.
De acordo com as informações repassadas o flagrante aconteceu durante uma fiscalização trabalhista em uma fazenda em Água Fria de Goiás (GO), integrantes do grupo de trabalhadores relatou eles trabalhavam com fome, pois a jornada começava às 5h e eles não tinham direito a café da manhã – a primeira marmita chegava apenas às 11h.
Segundo o auditor-fiscal do trabalho, Marcelo Campos, que coordenou a operação feita pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), eles temiam sofrer um mal súbito, já que recebiam apenas uma marmita no dia, com uma refeição precária.
Eles também não recebiam itens de higiene básicos, como sabão ou papel higiênico. Durante a colheita, em plena pandemia, precisavam beber água da mesma garrafa. Os alojamentos eram superlotados e grande parte dos trabalhadores não tinha tomado vacina contra a Covid-19. “Se ficassem doentes e não trabalhassem, era descontado R$ 15 pela marmita”, destaca Campos.
Dono da empresa negou responsabilidade
Os 116 trabalhadores receberam indenizações pagas pela Souza Paiol que, somadas, chegam a R$ 900 mil. José Haroldo de Vasconcelos, dono da empresa, disse que os trabalhadores eram terceirizados.
No entanto, um depósito de R$ 600 mil realizado pelo proprietário da Souza Paiol permitiu a identificação do responsável pela contratação dos “gatos”, pessoas que recrutavam os trabalhadores.
As negociações entre Vasconcelos, o empresário da Souza Paiol, e os contratantes da mão de obra eram totalmente informais, sem documentos assinados e baseadas apenas em acordos verbais.
Ele negociou com dois contratantes para que eles montassem uma frente de trabalho e recrutassem os trabalhadores para colher a palha do milho na Fazenda Araçá, em Água Fria de Goiás. Questionado sobre a transferência de R$ 600 mil, disse se tratar de um adiantamento para pagar a palha do milho.
Em nota publicada em suas redes sociais a empresa afirmou que não produz sua matéria prima e que não compactua com o regime de trabalho escravo. E ainda, informou que as informações divulgadas foram uma reportagem maliciosa e tendenciosa.
Confiram a nota na integra:
“Fomos surpreendidos com uma reportagem maliciosa e tendenciosa nas redes sociais sobre trabalho análogo a escravidão. Informamos que a Souza Paiol não compactua com esse regime. Nunca produzimos nossa matéria prima e também não possuímos fazendas, todos nossos insumos são comprados de pequenos e grandes produtores e atravessadores. Como todos as colheitas são artesanais, isso demanda grande quantidade de pessoas para trabalhar e , infelizmente, não conseguimos fiscalizar todos os nossos fornecedores. Foi feito essa negociação entre a Souza Paiol e os vendedores de palha, não tendo exclusividade de ambas as partes, sendo assim, eles poderiam vender para outras fábricas como assim fizeram, mas só acharam notas fiscais de nossa empresa, pois não compramos sem nota fiscal. Com isso, os vincularam exclusivamente a Souza Paiol!
Repetimos, não compactuamos com escravidão ou análogo e condenamos essa prática.
São 23 anos de história com trabalho honesto, qualidade e gerando renda para várias famílias, mas infelizmente, o que da ibope e gera conteúdo são as inverdades criadas pela mídia.
Talvez isso que incomode muita gente!”
Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel/Divulgação
Fonte: Com informações UOL e Revista Forum