Editorial - Opinião sem medo!
sentindo na pele
Muitas pessoas com ou sem propriedade usam as redes sociais para criticarem e apontarem problemas na gestão municipal. Educação, Segurança, Desenvolvimento Urbano e Social e a Saúde, são as lacunas que são mais atacadas e expostas como carências de Nova Serrana.
Muitas vezes nos posicionamos em nossos editoriais, pelos fatos que constatamos por relatos, por imagens, ou até mesmo por formarmos nossa opinião em um senso comum que por meio da generalização é endossado.
Contudo, na sexta-feira, dia 19 de abril, vivenciamos na prática um pouco do que se tem de bom e ruim na saúde pública de Nova Serrana.
Antes de tudo, ao contrário do que normalmente acontece em nosso Popular, este editorial não é assinado pelo editor, e sim pelo jornalista Thiago Monteiro, que sentiu na pele o que é depender da saúde pública de Nova Serrana em um feriado prolongado.
Por volta das sete da noite comecei a passar mal com fortes dores estomacais, mas como imaginei que a unidade estaria lotada devido justamente ao feriado prolongado e o grande número de casos de dengues e outras viroses, optei por tentar resistir aos sintomas.
Devido a minha rotina, constantemente sinto algum incomodo estomacal e algumas dores mas, nada como senti neste fim de semana e por volta das 22h me sucumbi as dores e juntamente com minha esposa nos direcionamos à Unidade de Pronto Atendimento.
Talvez se tivesse desmaiado de dor ou sentido algo mais grave na minha casa e tivesse acionado o SAMU seria menos doloroso, para o corpo e para o emocional.
Ao chegar à UPA me deparei com uma unidade lotada, muitos pacientes e muitos acompanhantes, passei pela porta e pensei em não descer, mas a dor era muita.
A primeira sensação foi de completa desinformação, fui ao guichê e me mandaram passar primeiramente por uma enfermeira que atendia no meio da recepção, sem uma fila, sem uma senha, sem uma ordem. Passado esse atendimento em torno de 10 minutos fui chamado para a triagem e ai vem a maior parte de minhas reclamações.
Um enfermeiro que comemorava o fato de estar próximo ao seu intervalo me atendeu, colocou uma fita verde em meu braço e em um minuto me mandou novamente para recepção
Passada uma hora de vômitos e dores pedi, por favor, que fizessem algo, pois realmente estava muito dolorido. O rapaz da recepção foi solícito mas o enfermeiro da triagem, bom ele me perguntou se tinha tomado algum remédio para dor, quando falei que não ele me indicou a ir até a farmácia para comprar um remedinho para ajudar a suportar porque não tinham o que fazer.
O enfermeiro da UPA mandou que eu me auto-medicasse. Bom, pensei se é para que eu tome remédio por minha conta, porque eu viria até a UPA? A dor aumentava, o tempo de espera também, e pessoas relatando para mim que estavam aguardando atendimento desde as sete horas da noite. Já eram por volta de meia noite e não tinham sido atendidas.
Mandei mensagem para todos que poderiam fazer algo, não somente por mim, mas pela situação que presenciava.
Uma senhora aguardou com seu filho de seis anos, passando mal e chorando, com febre, por quase 5 horas para ser atendida porque, no momento de fazer a ficha os atendentes colocaram que a criança tinha 26 anos, não foi notado o erro na triagem. O erro foi notado pela mãe que teve como eu que praticamente chorar pelo atendimento.
Um vereador foi até a unidade, após eu enviar para ele uma mensagem mostrando a situação da UPA no momento que eu presencialmente estava lá. Acreditem, após ele chegar os atendimento começaram a ser feitos com agilidade.
Para não ser injusto tenho que ressaltar que, em uma terceira passagem pela triagem a enfermeira “Josiane” (se não estou enganado, pois estava até chorando de dor e os detalhes podem me enganar), foi extremamente solícita, atenciosa e ágil no seu atendimento.
Passei pela sala de medicamento, mais 30 minutos de fila para ser medicado e 30 tomando o medicamento, que sarou a minha dor, mas não tirou de mim a certeza de que, ou eu fui até a UPA em um momento de real infelicidade, ou simplesmente questões devem ser revistas na unidade.
Entendo que a superlotação e um prazo de 5 horas em uma unidade pública não é nada de excepcional, mas entendo também que quem sente dor, não quer ouvir do profissional que deveria orienta-lo de forma correta que a farmácia que está a frente da unidade e a auto medicação são uma opção para quem está pedindo socorro.