A boa avaliação do primeiro mandato irá levar o governador Romeu Zema (Novo) às urnas neste domingo como o favorito para a sucessão ao governo de Minas Gerais. À frente nas pesquisas eleitorais desde a pré-campanha, ele pode liquidar a reeleição ainda em primeiro turno, o que, até então, apenas o ex-governador Aécio Neves (PSDB) conseguiu, quando, em 2006, em disputa contra Nilmário Miranda (PT), somou 77% dos votos válidos.

A aprovação do governo permitiu a Zema encabeçar uma campanha alheio à polarização eleitoral entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial. Embora tenha se alinhado a Bolsonaro para chegar ao segundo turno há quatro anos, à frente do então favorito Antonio Anastasia, o governador rechaçou uma nova dobradinha, apesar de diversas investidas do presidente da República.

Zema até atribuiu a escolha à fidelidade partidária. Sempre quando questionado, disse ser Felipe D’Avila (Novo) o seu candidato à Presidência. No entanto, a má avaliação de Bolsonaro, alavancada pela condução do enfrentamento à pandemia de Covid-19, levou o governador a se afastar do presidente. Além disso, Zema herda tanto eleitores de Bolsonaro quanto de Lula, mesmo diante do apoio do ex-presidente ao ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD).

Repasses

Sem nacionalizar a corrida para o governo de Minas, Zema conduziu uma campanha em oposição ao ex-governador Fernando Pimentel (PT), que atualmente está aliado a Kalil, como o governador sempre lembra. Após herdar um Estado em crise fiscal, Zema regularizou repasses constitucionais aos municípios até então retidos pelo antecessor, como, por exemplo, verbas de ICMS, IPVA e Fundeb, da Saúde e do Piso Mineiro de Assistência Social.

Os acordos foram firmados entre o governo de Minas e a Associação Mineira de Municípios (AMM). A aproximação entre Zema e o ex-presidente da entidade Julvan Lacerda (PSD), somada à regularização dos repasses constitucionais, levou a maior parte dos prefeitos a apoiar a reeleição do governador. Inclusive, não foi uma cena estranha à campanha mandatários correligionários de adversários de Zema o receberam no interior de Minas Gerais.

Servidores


Além de ter renegociado a dívida do Estado com os municípios, o governador aproveitou o socorro repassado pela União para regularizar o pagamento de salários, 13º e férias-prêmio do funcionalismo público. Embora Zema tenha sido alvo de uma cruzada de categorias como segurança pública, educação e saúde por recomposições inflacionárias em fevereiro deste ano, o pagamento em dia aos servidores continua como um ativo importante na busca pela reeleição.

“Eu não tive esse evento (de campanha) há quatro anos. Eu fiz uma campanha onde peguei o carro e visitei mais de 200 cidades sozinho. Agora, não. Agora estamos elegendo uma base de governo”, afirmou Romeu Zema.

Candidato abandona o “puritanismo”

O primeiro mandato parece ter convencido Zema a se despir do papel de antipolítico, já que, sem base de governo, sofreu uma série de derrotas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A falta de habilidade na articulação com a Casa fez com que a prioridade da campanha à reeleição fosse aglutinar aliados, o que é uma ruptura a um dos princípios mais caros ao Novo.

Se Zema concorreu há quatro anos na cabeça de uma chapa puro-sangue, ou seja, formada apenas pelo Novo, o governador tenta renovar o mandato em uma coalizão formada por PP, Podemos, Solidariedade, Patriota, Avante, PMN, Agir, DC e MDB. O objetivo é ter um quórum de deputados que evite derrotas na ALMG.