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“Se pagarem minhas contas abro mão do meu salário” que “mal dá para o final do mês”

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De quando em quando nos deparamos com episódios narrados por outrem, relatando suas dificuldades e embaraços, levando-nos à compaixão e avivando o desejo de minorá-los; colocamo-nos no lugar deste, buscando agir ou pensar da forma como ele agiria/pensaria mediante o conflito ora vivenciado. Mas empatia parece um “produto escasseado”, em tempos de covid, ao menos em se tratando de alguns personagens que permeiam a administração pública.

Não estamos imune ao conflitante cenário atual vivido Brasil afora, embora “cá pelas bandas do Cercado”, temos sido exitosos no combate à covid-19, no que tange às questões sanitárias; as medidas protetivas, recomendadas pelo comitê de enfrentamento, mostram-se eficazes, e até então, o número de acometidos pelo coronavirus é plausível.

O “perrengue” das nossas gentes, são as agruras no setor produtivo, donde saímos da liderança empregatícia, para o desonroso posto de primeiro lugar em demissões na região centro-este.

Em meio a esse cenário desafiador, a Câmara Municipal apreciou o projeto 040/2020, que originalmente previa a suspensão temporária do vínculo empregatício dos servidores contratados, por até 120 dias, sem qualquer remuneração e/ou reflexos nas rescisões contratuais.

Uma leva de cerca de 900 servidores teriam seus proventos suspensos integralmente; vale ressaltar que o rendimento médio dos servidores em questão, não ultrapassa dois salários mínimos; um desassossego para quem já vive a angústia de ver seu contrato de trabalho sendo renovado por breves períodos.

Interessante constatarmos a postura de dois personagens na firme defesa desse projeto, em clarividente antagonismo à episódios que ainda frescam nossa memória. No programa jornalístico da rádio 98, ao ser interpelado por um ouvinte acerca dos seus proventos, e a viabilidade da aplicação de parte deste, no auxílio aos assolados pela crise presente, o chefe do executivo, Euzébio Lago, reagiu de forma intempestiva, justificando o impedimento dos descontos em seus vencimentos, em razão dos seus substanciais dispêndios, inclusive com sua Mãe – uma atitude louvável, por sinal – e a necessidade da totalidade de seu soldo, para a supressão das inúmeras despesas.

De modo grosseiro, retrucou afirmando que “se pagarem minhas contas abro mão do meu salário”; uma questão elementar, uma vez que a quase totalidade das nossas gentes, tem sua minguada remuneração suficiente apenas para a quitação das despesas cotidianas; lembrando que o cargo de chefia do executivo aqui na Serrana, faz jus à um rendimento superior à 20 mil reais.

Em recente sessão plenária, o vereador Sandro Moret, fazendo uso da palavra, teve o disparate de reclamar da insuficiência de seus rendimentos – a bagatela de oito mil conto – afirmando que “mal dá para o final do mês”; isto posto, num cenário de acentuada desaceleração da atividade econômica levando ao fechamento de postos de trabalho, e o achatamento da já diminuta renda da nossa população. O “nobre correspondente do povo” expressa ignorar e/ou desinteressar-se pela realidade dos que lhe confiaram o voto.

“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”…. uma pena a dissonância observada na conduta daqueles que deveriam primar pelo zelo aos seus representados; que a empatia seja considerada, sempre, nas tomadas de decisões.

Abençoada semana , Graça e Paz

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