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Ciência

Saiba como funciona a doação de cadáveres para estudos no Brasil

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Como alternativa às dificuldades enfrentadas nos processos burocráticos e até na baixa adesão da população à doação de corpos, existem organizações, como o Instituto de Treinamento em Cadáveres de Brasília (ITC Brasília), onde são usados corpos tratados na técnica fresh frozen - (crédito: Reprodução: Markus Spiske/Unsplash)

Para onde vamos quando morremos? Essa é uma das grandes perguntas da humanidade e ainda não há uma resposta definitiva, embora cada indivíduo tenha suas crenças. Mas, em parte, ela pode ser respondida. Nosso corpo, após a morte, pode seguir alguns caminhos. Com informações de Correio Braziliense.

Na maioria dos casos, somos enterrados em cemitérios, onde os entes queridos podem fazer visitas, deixar flores e fazer orações. Existe também a cremação, que permite que as cinzas sejam espalhadas em um lugar especial para o falecido ou que fiquem guardadas em urnas pelos familiares.

Existem ainda diversas notícias na internet que falam de um futuro com a possibilidade de cápsulas biodegradáveis que permitem que a matéria orgânica do corpo sirva de alimento para o crescimento de uma árvore.

Mas uma opção bastante real e pouco explorada é a doação de corpos para a ciência. Nesses casos, é importante que as pessoas registrem o desejo antes de morrer e que os parentes deem o consentimento. Vamos entender melhor para que serve e como funciona a doação de corpos?

A doação de corpos

  • Jorge Aires, médico ortopedista e sócio diretor do Instituto de Treinamento de Cadáver (ITC), de Brasília, explica que a doação de corpos funciona de duas maneiras no Brasil.
  • A primeira são os cadáveres não reclamados. Pessoas que morrem, não têm identificação e que não são procuradas pelas possíveis famílias. Após 30 dias, eles podem ser doados para as universidades, unidades credenciadas e que recebem os corpos de acordo com uma escala.
  • Um ponto importante a se destacar é todo o trabalho de divulgação que precisa ser feito antes da doação. É necessário que o Instituto Médico Legal (IML) ou o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) responsável pelo corpo faça uma série de publicações, no mínimo 10, nas mídias locais, avisando sobre a morte do indivíduo em questão.
  • Quando há uma identificação, é colocado o nome e a idade do cadáver; no caso de não haver nenhum documento, os anúncios são feitos com as características físicas principais da pessoa.
  • Somente após esse processo, o instituto pode dar a destinação para o corpo, seja enterro, seja cremação ou doação.
  • A outra maneira de doação, no Brasil, é por meio do processo espontâneo. O indivíduo que tiver interesse pode procurar as universidades credenciadas e que fazem esse tipo de trabalho e assinar documentos consentindo a utilização do corpo para o estudo.
  • Segundo Jorge, o grande problema atual nos sistemas em funcionamento no Brasil é a demora do processo burocrático e a falta de agilidade no processo, somados a um condicionamento não ideal dos cadáveres durante esse período.
  •  “Uma vez apto a ser doado, o corpo demora em torno de 60 a 90 dias até chegar efetivamente nas instituições. E durante esse período, eles costumam ficar em geladeiras e não congelados, o que impediria e atrasaria a deterioração”, explica o médico.
  • Quando podem, de fato, ser estudados, é necessário aplicar formol e outras substâncias, o que modifica as texturas e as estruturas a serem analisadas, como veias e músculos.
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