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Retire o plástico da bala!

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Minha esposa, dia desses, lendo um dos artigos que escrevi me repreendeu:

– Tá bom de falar de pandemia já, não é?!

Confesso que intimamente já tinha feito essa reflexão, mas ainda não me libertara do tema, que já abordei por aqui em vieses variados.

Pela sua gravidade, e necessidade, um tema dessa natureza se impõe até de forma inconsciente. E quando se percebe ele está presente e dita nossas vidas.

Há de se dar importância?

Claro que sim, mas a vida segue e mesmo que timidamente outras coisas orbitam ao nosso redor e não damos tanta importância.

Talvez esteja aí o primeiro passo para começarmos a nos sentir bem no meio desse turbilhão de emoções negativas que estão à nossa volta. Reconhecer e valorizar as pequenas coisas do dia-a-dia, que nos completam, é mais do que necessário num período de tamanhas provações.

Datas importantes, aquisição de um bem, um telefonema inesperado, uma boa transa, o carinho do cachorro, uma música antiga, a descoberta de uma gravidez, a orquídea que floriu e o friozinho que chegou. Tantas são as coisas… Fatos que acontecem no nosso dia-a-dia, que não estamos sabendo solver todo o sabor deles.

É como se chupássemos a bala sem retirar o plástico que limita seu sabor, textura e cheiro. É isso, está na hora de tirar o plástico de tudo aquilo que nos faz bem e sentir. O mundo não acabou e não acabará depois de amanhã. Ainda há tempo para experimentar os sabores, ver as cores do que nos faz bem… Do que nos faz existir.

Atitudes positivas podem deixar o fardo mais leve. No último domingo assisti ao filme “O Vendedor de Sonhos”. Sem dar spoiler, a trama se passa em torno de um ex-suicida/psicólogo famoso e um mendigo/guru/ex-milionário. No meu entendimento, a palavra chave do filme, que é baseado num livro de mesmo nome, é resgate.

Valorizar as pequenas coisas, gestos, que dão sentido à vida. Situações que às vezes, por serem simples, passam despercebidas. Para muita gente hoje o sinônimo de felicidade é não estar doente e só.

Tomam-se todas as providências para que isso não ocorra. Excessiva, entra em pane, parafuso. De todo jeito vai ficar doente por outros motivos e a vida, bem, a vida… Vai passar de qualquer jeito.

Se houver um segredo, ele deve residir aqui: de que forma a vida vai passar. Se mais leve ou mais densa, se breve, longa, intensa. A resposta é clássica: só se saberá vivendo e na medida dos acontecimentos, tomando as medidas mais assertivas para cada caso.

Tem muita coisa maior e melhor do que é visto no noticiário. A vida segue e nós com ela. Que nessas andanças que a vida dá saibamos dar valor às miudezas.

  • RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.

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