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Economia

Quanto vale o seu salário!?

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Índice salarial de Nova Serrana é superior ao praticado no estado, contudo alto custo de vida diminui poder de compra e qualidade de vida do cidadão

Você sabe quanto vale o seu salário? Essa é uma pergunta que parece óbvia mas na verdade é mais séria do que se imagina. No Brasil a diversidade social e econômica, aliado aos diferentes padrões e custo de vida interfere diretamente na condição de vida e aproveitamento da faixa salarial de cada cidadão, de cada família.

Em Nova Serrana por exemplo cidade que tem um estigma de enriquecimento, a per capta por cidadão não é tão elevada como se imagina e aliado ao alto valor de custo de vida no município, se cria uma ilusão de que por aqui todos enriquecem.

Segundo o site do IBGE, hoje em Nova Serrana, cidade que em 2017 bateu a casa dos 94 mil habitantes e que fatidicamente em 2018 superará os 100 mil, se pratica no município uma média salarial que gira em torno de 1,6 salário mínimo, ou seja, nos dias de hoje o cidadão novaserranense ganha em média R$ 1.554,60.

De acordo com a calculadora de renda nacional, essa receita de R$ 1.554,60, está acima de pelo menos 67% da população nacional e é superior a uma média de 70% dos mais de 21 milhões de pessoas que vivem em Minas Gerais que tem uma receita mensal de aproximadamente R$ 1.168,00.

A cidade da indústria

Parte da situação econômica vivenciada em Nova Serrana está relacionada a ampla oferta de trabalho, falta de mão de obra qualificada, e uma economia que apesar de passar juntamente com os demais setores por uma crise econômica vem sobrevivendo e crescendo de forma relevante.

Contudo as particularidades quanto a mão de obra do município proporcionam uma baixa valorização quanto a remuneração no município.

Comparada a outras cidades do segmento, Nova Serrana por exemplo tem uma receita individual menor, ou seja a média salarial do município, devido ao seu aporte industrial é a quem das suas principais concorrentes.

A cidade de Franca, no interior de São Paulo, tem por exemplo uma média salarial de 2,2 salário mínimo, ou seja, um trabalhador ganha em média na cidade que também é conhecida pela produção de calçados, uma salário de R$ 2.098,80, segundo o IBGE.

Quando comparado ao valor praticado em Nova Serrana, um trabalhador na cidade de Franca recebe aproximadamente R$ 554,00 a mais, o que representa pouco mais de 1/3 de acréscimo a receita praticada na capital mineira do calçado.

O que ganha o trabalhador

Renan Carvalho Melo, tem 30 anos de idade e trabalha como auxiliar Administrativo em uma indústria de calçados em Nova Serrana. Contabiliza mensalmente uma receita de aproximadamente R$ 1.700,00, salário que está acima da média estadual de pelo menos 70% dos mineiros.

Contudo a receita do auxiliar administrativo representa apenas 5% da renda de um deputado federal brasileiro, 4,7% do que recebe um Juiz em Minas Gerais, e incríveis 90,7% da média salarial de um professor.

Contudo quando questionado se está satisfeito com sua receita Renan é  consciente quanto a desvalorização de sua renda, não pelo valor praticado pelo mercado, mas quanto a distribuição de renda e tributação praticada no Brasil.

“Meu Salário está na média do que se paga em Nova Serrana, porém não acho que seja um valor justo, levando em consideração o que o Brasil fornece de mão de obra e matéria prima, e os altos impostos que são pagos e mal distribuídos”. Disse Renan.

O assistente administrativo ainda afirma que com sua receita suas necessidades são supridas dentro de um planejamento, mas que esporadicamente tem que abrir mão de sua qualidade de vida para fechar as contas positiva no final do mês.

“Hoje meu salário supre minhas necessidades dentro do que eu planejo gastar no mês, mas já ocorreram casos em que tive que abrir mão de uma coisa ou outra, para que minha renda financeira suprisse meus objetivos”. Finalizou Renan.

Outro trabalhador da indústria de calçados, porém no setor de produção, Geovane Pereira Santos, de 28 anos, é pespontador em Nova Serrana e tem uma renda mensal de R$ 2 mil. Apensar de uma receita estável, as despesas mensais comprometem sua saúde financeira.

Hoje o pespontador tem despesas mensais com aluguel, pensão alimentícia, e as despesas básicas da casa, como luz, água e alimentação, segundo ele somente com aluguel é gasto em torno de R$ 600 reais por mês.

“Minha renda é comprometida com despesas básicas, nada além disso, somente com aluguel e pensão alimentícia eu comprometo metade da minha recita, ainda tem água, luz, alimentação. Entendo que recebe dentro de uma média praticada na cidade, e isso supre apenas minhas necessidades básicas, nada além disso”. Afirmou Geovane.

É possível ter um futuro?

Quando comparamos a receita do Nova Serranense com alguns dados encontrados pela web percebemos que hoje a média salarial de um trabalhador representa 4,6% do salário ganho por Jaime Martins e Domingos Sávio, ambos deputados federais com base no Centro-Oeste, e 9,3% do salário recebido pelo deputado estadual Fábio Avelar.

Um profissional de Nova Serrana recebe algo em torno de 4,3% do salário de um juiz, e aproximadamente 82,4% do salário de um professor que hoje no pais gira em torno de R$ 1.885,00.

Uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2016 aponta que um trabalhador brasileiro gasta em torno de 50% de sua receita mensal com alimentação.

A conta não fecha quando percebemos que o custo de vida do município é elevado a ponto de que caso tenha que viver de aluguel, para ter uma vida salutar será necessário que ao menos duas pessoas na casa obtenham renda.

Para se ter uma ideia, em Nova Serrana o valor médio de um aluguel, para uma casa ou apartamento de 3 quartos gira em torno de R$900,00, valor que está acima R$ 777,60 que sobraria para o cidadão que se alimentasse bem com base na pesquisa publicada pela UFMG.

A especulação imobiliária tornar o sonho da casa própria distante, uma vez que um imóvel de dois quartos e aproximadamente 70M² é comercializado no município por uma média de R$ R$ 140 mil, assim sendo com o custo de vida praticado no município, o nosso entrevistado Geovane, com sua atual receita e despesa, com um saldo de R$ 150 reais mensais que lhe restam para lazer e despesas extras, conseguiria comprar sua casa própria a vista após 77 anos de economia.

Como mudar os índices do município

Para mudar a realidade é fundamental que a mão de obra da cidade se qualifique, essa é a visão da Secretaria Municipal de indústria e Comércio, setor da atual gestão responsável pelo desenvolvimento industrial e econômico da cidade.

“A melhor forma de elevarmos este índice é através da qualificação da mão de obra dos profissionais do município. Visto que nosso maior vínculo empregatício é com a indústria calçadista, esta, remunera seu profissional de acordo com a qualificação, onde muitos trabalhadores chegam ao mercado de trabalho sem a qualificação mínima. Estamos trabalhando nesse sentido em parceria com o Senai, de modo que possamos disponibilizar cursos de capacitação técnica em calçados com subsídios da iniciativa pública, para redução dos custos a praticamente zero, buscando ações de equilíbrio na distribuição da renda”. Afirmou o secretário Marcelo Caires.

Quanto ao custo de vida praticado em Nova Serrana o secretário lembra que apesar de termos em nosso município uma renda média de 1,6 salários mínimos e esta ser menor que a região, existe uma alta demanda por serviços de prioridade básica, como alimentação e aluguel, estas, as que elevam o custo de vida do trabalhador da nossa cidade.

“Entendemos que estes valores são controlados pela demanda que acaba sendo maior que a oferta, havendo uma super valorização dos produtos e valores, acima de cidades vizinhas. Quando se tem uma cidade com o crescimento elevado como Nova Serrana, se torna difícil o acompanhamento em curto prazo destas ofertas, estamos trabalhando nesse sentido, como administração pública em geral, buscando empreendimentos como os chamados atacarejos, que já são uma realidade próxima e o prefeito tem buscado atender ao déficit habitacional, fazendo com que seja suprida essa demanda”. Explicou o secretário.

Por fim o secretário afirmou que hoje o município apesar dos indicadores, tem uma realidade um pouco diferente daquelas apresentadas por tais índices, pois temos uma cidade que apresenta uma movimentação maior do que aquela que pode ser mensurada por indicadores socioeconômicos. “Sabemos da realidade de outras regiões do estado e do Brasil, apresentados pelos indicadores de trabalho como o CAGED, enquanto muitas cidades demitem, Nova Serrana contrata e isso faz com que esta seja uma oportunidade para quem está sem renda. Historicamente, temos muitos exemplos de pessoas que vieram para nossa cidade em busca de uma oportunidade e aqui conseguiram construir patrimônios que não seriam possíveis em sua cidade de origem. Isso se dá a alta capacidade empreendedora da cidade, a facilidade de se empreender e também pela cultura econômica da produção calçadista, visto que muitas pessoas começam seus pequenos negócios, as vezes de maneira informal, e acabam tendo sucesso, crescendo com as oportunidades, formalizando seus negócios e se tornando microempresários e pequenos empresários, justamente pela cultura local. Além do que podemos também perceber que logo que o profissional se capacita pela experiência adquirida nas empresas que oferecem essa oportunidade, o profissional também recebe remuneração equivalente a sua capacitação”. Finalizou Marcelo Caires

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