Educação
Professor negro denuncia racismo dos pais de aluno após separar briga em escola de Aparecida de Goiânia
Um professor negro de 59 anos denunciou ter sofrido racismo de pais de alunos depois de separar briga em uma escola de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Sete dias depois do episódio, ele ainda se sente triste com o ocorrido. As informações são do portal G1.
“Foi uma humilhação”, comentou o professor.
O caso aconteceu na quarta-feira (8), mas o professor só registrou boletim de ocorrência na segunda-feira (13). Como a identidade dos pais dos alunos não foi divulgada, o g1 não conseguiu entrar em contato com a defesa para um posicionamento sobre o caso.
O G1 ainda entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Aparecida de Goiânia, que afirmou repudiar ” toda e qualquer forma de preconceito e injúria racial, porque acredita que os valores humanos devem se sobrepor a situações de conflito de qualquer natureza”.
“A Supervisão Escolar da SME, que é o departamento responsável por acolher e tratar desse tipo de situação, informa que já tomou conhecimento do ocorrido na Escola Municipal Da Paz, Jardim Florença, ouviu os envolvidos na situação, o pai e o professor, e busca o entendimento entre as partes”, disse a secretaria.
A pasta ainda ressaltou que “qualquer medida em âmbito judicial é de foro íntimo das pessoas envolvidas e serão de responsabilidade dos poderes constituídos”.
O professor, que dá aulas de educação física, contou que o caso aconteceu após desentendimento entre dois alunos, que ocorreu na terça-feira (7). Segundo o educador, uma criança pegou no pescoço da outra e ameaçou apertar. Ao ver a situação, o professor disse ter separado os estudantes e chamado a atenção do menino que pegou no pescoço do colega,
“Nossa escola é muito rigorosa nesse sentido. Não deixamos que as brigas saiam para fora da escola. Com o ocorrido, brigamos com o menino, colocamos ele de castigo para não brincar no parquinho e pedimos para os alunos se desculparem”, explicou.
Após pedir para os alunos se desculparem, o professor afirmou acreditar que a situação já tinha se resolvido, até que, no dia seguinte, o chamaram na secretaria da instituição. Ao chegar no local, o educador já fo recebido com ofensas a sua cor da pele por parte do pai de um dos estudantes envolvidos no desentendimento do dia anterior.
“Quando eu entrei na sala, ele olhou para mim e falou ‘A Princesa Isabel só libertou os escravos porque foi comida por um negão'”, relata o professor.
O educador ainda afirmou ter inicialmente acreditado que se tratava de uma piada sem graça, até que as falas continuaram.
“Eu tentava explicar o ocorrido, mas ele não deixava. Depois ele apontou o dedo para o meu braço e falou ‘mas também a corzinha não ajuda’”, relembra.
Além da humilhação, o professor se sentiu ameaçado com toda a situação. Sua primeira reação, após sair da secretaria, foi ir para o banheiro e chorar.
“Fui para a casa triste, arrasado. Quando cheguei em casa, chamei meus filhos e os orientei que, se algum dia isso acontecer com eles, que eles acionem a polícia”, explicou o educador.
Foto: Arquivo pessoal