Economia
Preços do varejo na Grande BH aumentaram até 123% na pandemia
Espécie de calcanhar de Aquiles para a recuperação da economia brasileira neste ano, a inflação durante a pandemia da COVID-19 surpreende as próprias donas de casa que ficaram encarregadas de administrar o orçamento afetado desde março de 2020 pela crise sanitária. Além de mais de meio milhão de vidas que o novo coronavírus ceifou no país, o impacto nos aumentos, sobretudo dos preços da comida e da bebida, impõe sacrifícios e desafia o bolso dos brasileiros.
Na tentativa de avaliar qual teria sido a inflação da pandemia, o site de pesquisas de preços Mercado Mineiro e o aplicativo comOferta compararam os custos de uma série de itens frequentes de consumo das famílias nos supermercados da Grande Belo Horizonte entre janeiro de 2020 e o período de 13 a 18 deste mês.
lista de produtos que mais encareceram a pesquisa apontou fartos reajustes variando de 18,1% para um pacote de macarrão de 500g e 123,4% para o frasco de 900ml de óleo de soja.
Com base na calculadora disponibilizada ao público pelo Banco Central no site da autoridade monetária, o IPCA subiu 7,88%, na média nacional, de janeiro de 2020 a maio último. Na Grande BH, o IPCA acumulou 4,99% em todo o ano passado e de janeiro a maio deste ano alcançou 3,44%.
Em janeiro de 2020, custava em torno de R$ 16,39 e agora passou a valer R$ 27,06. Algumas marcas apresentaram variação de 73%. O custo do feijão subiu a até 77%. O pacote de um quilo custava R$ 5,04, e agora é oferecido a R$ 8,93. O frasco de 900 ml de óleo de soja, que custava, em média, R$3,51 passou a ser encontrado a R$ 7,84, aumento de 123%.
O preço médio, que era de R$ 13,42 por quilo, subiu para 50,60%. O frango resfriado, com aumento de 27,17%, é encontrado a R$ 9,36, ante R$ 7,23 em janeiro de 2020. A carne bovina também apresentou variações consideráveis. O quilo do acém variou, no período, 47,97%. Em janeiro de 2020 podia ser comprado por R$ 21,16 e agora é oferecido por R$ 31,31. O contra-filé encareceu de R$ 34,26, em média, por quilo, para R$ 43,76, variação de 27,73%.
Boicote
Para Solange Medeiros de Abreu, coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, reconhece as mudanças que o mundo vem passando, mas reclama de aumentos de preços difíceis de explicar.
“Sabemos o que ocorre. As exportações estão em alta e só nos sobram os restos, com preços altíssimos”, critica. De fato, a escalada das exportações brasileiras de alimentos como carnes e soja, e a valorização do dólar frente ao real são dois dos fatores que afetam a oferta dos alimentos no mercado interno, o que faz subir os preços pagos pelos brasileiros.
Cesta básica afeta mais os pobres
Em abril, o percentual foi de 54,36%. Segundo o Dieese, Belo Horizonte não entrou nesses cálculos porque houve mudança de parâmetros na pesquisa de preços na Capital mineira. (EG)
À mesa, só o frango
“Depois da pandemia, os alimentos aumentaram bastante, assim como material de construção, roupa e calçado, mas, principalmente os alimentos ficaram mais caros”, diz a empregada doméstica Maria das Graças de Souza Barbosa (foto). Ela percebeu elevação dos preços em todos os tipos de alimentos.
“Arroz, feijão, óleo, carne de boi, frango, todos aumentaram. Hoje, não compro nem a metade que eu comprava antes da pandemia. Você vai com R$ 50 ou R$ 100 e não compra quase nada”, critica.
Para tentar driblar a alta dos preços, Maria das Graças conta que teve que substituir alguns produtos e marcas. Ela suprimiu a carne de boi da mesa, optando pelo frango, mas a ave também encareceu, e trocou marcas mais caras de feijão.
Fonte: Estado de Minas
Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
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