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Editorial - Opinião sem medo!

Os maus pagadores agradecem!

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Quando se tem interesse e boa vontade as coisas acontecem em ritmo alucinante no lento e burocrático meio politico.

A avó de um de nossos cooperadores costumava falar a ele a seguinte verdade: “você só não faz o que não é do seu interesse”. A retórica é mais do que verdadeira se olharmos para o que aconteceu em Nova Serrana nesta semana.

Foi dado entrada na casa do legislativo, no dia 05 de marços, sim leitores, segunda-feira, o projeto 018/2018 de autoria do executivo, que regulamentava o programa de Refinanciamento Fiscal (Refis), para que a pauta fosse apreciada pelos legisladores.

Dai caros leitores, caso a pauta corresse de forma semelhante aos demais projetos haveria uma novela de aproximadamente 60 dias para que o projeto entrasse em pauta. Mas acredite, a pauta que teve o pedido de urgência tramitou e foi aprovada em uma reunião extraordinária realizada na tarde da terça-feira.

Isso quer dizer caros leitores, que quando os nobres edis desejam as coisas caminham. O interesse e a vontade de se aprovar a pauta era tanta que o Vereador Valdir Mecânico (PCdoB), que tinha a proposta de uma emenda a retirou após o colega vereador Adair da Impacto (Avante) solicitar que Valdir que a retirasse para facilitar a aprovação do projeto, devido a necessidade da aprovação.

O projeto que foi aprovado a toque de caixa teve ainda anexado uma mensagem do executivo que afirmava que o projeto era para o revés de privilegiar os maus pagadores de Nova Serrana.

Sim caros leitores, você que tem IPTU atrasado, você que por algum motivo tem impostos de sua empresa em irregularidade, você que ainda deve tributos ao município, pelas mais diversas situações foi intitulado e para o executivo é conhecido como Mau Pagador.

Ao assumir esse titulo, e privilegiar essa classe denominada pelo executivo, a atual gestão não deve ter aferido o tamanho da proporção do que são considerados os “maus pagadores”, ou melhor os inadimplentes no Brasil.

Então vamos explicar para a procuradoria que fez essa redação que para não chamar de enfadonha, bizarra ou sem qualquer profissionalismo e senso social, vamos aqui intitular de despreparada ou descuidada.

Segundo o Serasa Experian o número de empresas inadimplentes no Brasil bateu novo recorde em janeiro de 2018. Cerca de 5,4 milhões de CNPJ’s estavam negativados, a maior quantidade registrada desde março de 2015, quando o levantamento passou a ser feito.

E se vamos falar de pessoa física temos nos tempos de crise a informação de que aproximadamente 60,2 milhões de brasileiros encerraram o ano de 2017 com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas. O número representa 39,6% da população entre 18 e 95 anos, de acordo com o SPC Brasil.

Como se percebe, dever ou ter débitos não e necessariamente uma escolha, uma vez que a alta do desemprego, como consequência da crise econômica que atinge o país, se tornou o principal motivo das famílias brasileiras não conseguirem quitar suas dívidas.

A conclusão é de uma pesquisa divulgada pela SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) que afirma: para 33% dos brasileiros endividados, a perda do emprego se tornou a principal causa da inadimplência.

O projeto em si tem como objetivo uma causa louvável, a redação da pauta deixa claro a entender que o objetivo é beneficiar aqueles que querem ter sua situação em dia, mas para o executivo determinar esse boa fé é algo complicado de se engolir, afinal como confessado pelos vereadores, eles mesmo instruem cidadãos e empresários a não quitarem os débitos para que tenham melhores condições de o faze-lo futuramente.

Tudo não passou de uma gafe que deve ser mais bem observada pela procuradoria, que deve medir minunciosamente os termos ditos para que os maliciosos, ou bem intencionados de plantão não façam de um limão uma caipirinha.

Contudo, em meio a esse show de equívocos e interesses, os “Maus pagadores agradecem”, agradecem a agilidade dos vereadores em atender uma pauta que facilitará suas aplicações financeiras e administrativas. E por fim os bons e os maus pagadores deixam aqui o seu desejo de que, quem sabe um dia os vereadores não farão de forma semelhante a esse projetos as demais pautas da casa, e assim a cidade poderá ter mais resolutividade do que o velho bla bla bla político praticado diariamente, incansavelmente.

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