Calçados
Onda de demissões no setor diminui o ritmo na última semana
Com a abertura gradual do comércio físico em grandes centros econômicos, o número de demissões do setor calçadista estabilizou na última semana, quando foram perdidos 800 postos em todo o Brasil (a média semanal de cada balanço, divulgado desde o final de março pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – Abicalçados – , era de cerca de três mil demissões).
Com isso, o setor somou a perda de 35,9 mil postos, número que é puxado pelos estados do Rio Grande do Sul (10,71 mil), São Paulo (10,68 mil), Minas Gerais (5,48 mil), Bahia (4,82 mil) e Ceará (1,62 mil).
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que a perspectiva de abertura gradual do varejo físico, que responde por mais de 85% das vendas do setor calçadista brasileiro, influenciou o mais recente balanço.
“Não é um número para se comemorar, já é uma tragédia a perda de um único posto. Porém, estamos um pouco mais aliviados pelo fato de essa onda de demissões estar perdendo força”, avalia o dirigente, ressaltando que, no entanto, ainda não existe perspectivas de uma retomada mais forte da atividade antes do último trimestre.
“O varejo, que inicia suas atividades aos poucos, ainda tem muito produto estocado, então a recuperação mais substancial não virá do dia para a noite”, acrescenta.
Ferreira destaca que, hoje, a indústria de calçados trabalha com pouco mais de 36% da sua capacidade, o que irá inviabilizar investimentos e contratações no curto prazo.
Pesquisa
A Abicalçados também divulgou uma pesquisa realizada junto às empresas e sindicatos industriais dos principais polos calçadistas brasileiros. Conforme o levantamento, 24% das indústrias seguem com produção suspensa, sendo que 11% delas não têm previsão de retomada.
Os impactos da pandemia do novo coronavírus fizeram a expectativa de crescimento para 2020 desabar. No ano, a previsão é de que se produza até 30% menos calçados, chegando a patamares de 16 anos atrás. Tendo produzido 908 milhões de pares no ano passado, o setor deve produzir pouco mais de 640 milhões de pares em 2020.
Dados oficiais do IBGE, compilados pela Abicalçados, apontam que em abril a produção foi 74,5% menor do que no mesmo mês do ano passado. O dado de maio ainda não foi divulgado, mas a previsão de Abicalçados é de que se some uma queda em torno de 65,5% ante o mesmo mês do ano passado. No acumulado do quadrimestre, conforme o IBGE, a queda chegou a 27,6% no comparativo com igual ínterim de 2019.
Os efeitos da pandemia também são sentidos nas exportações de calçados, que caíram 22%, em volume, nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2019. De janeiro a maio, foram embarcados 39,5 milhões de pares ao exterior. A previsão da Abicalçados é de uma queda de até 30,6% nos embarques ao longo de 2020, o que fará o setor retornar a patamares da década de 1980.
A pesquisa realizada pela Abicalçados com empresas do setor será atualizada semanalmente. Acompanhe também no site www.abicalcados.com.br.
Demissões do setor calçadista
Março a junho de 2020
Rio Grande do Sul: 10.712 postos
São Paulo: 10.688 postos
Minas Gerais: 5.487 postos
Bahia: 4.824 postos
Ceará: 1.623 postos
Outros: 2.640 postos
Brasil: 35.974
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