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Oito em cada dez mineiros apostam em aumento da violência na eleição

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Oito em cada dez eleitores mineiros acreditam que a proximidade das eleições deve tornar mais comuns os episódios de violência política. É o que mostram os dados da pesquisa DATATEMPO realizada em todo o Estado entre os dias 15 e 20 de julho. Além disso, mais da metade dos entrevistados pelo instituto consideram que pelo menos alguns dos candidatos no próximo pleito incentivam a violência contra seus adversários. As informações são do jornal O Tempo.

Nas semanas anteriores ao levantamento, o tema ganhou as manchetes após um policial penal bolsonarista matar um guarda municipal petista em Foz do Iguaçu, e ocorrerem distúrbios com um drone e uma bomba caseira sendo usados para jogar substâncias em militantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas e no Rio de Janeiro. Nas eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de um atentado a facaque traz consequências à saúde do presidente até hoje.

Quando questionados sobre como a proximidade das eleições pode afetar esse quadro de tensões na disputa política, 79,4% dos mineiros avaliam que esses episódios podem se tornar mais comuns. Por outro lado, 16% dos entrevistados acham que isso não deve acontecer. Os que não souberam ou não responderam a essa pergunta são 4,6%.

DATATEMPO mediu essa percepção também dividindo as respostas de acordo com o conjunto do eleitorado. Os mais preocupados são os eleitores da chamada terceira via, ou seja, aqueles que não pretendem votar nem em Lula nem em Bolsonaro. Nesse grupo, a aposta no aumento dos episódios de violência alcança 87%, com 11,6% achando que isso não vai acontecer. Entre os eleitores do candidato do PT, são 82,8% os que acreditam que os ataques podem ficar mais comuns, e 13,4% os que não acreditam. Os bolsonaristas estão um pouco menos preocupados. Ainda assim, o índice dos que veem a chance de episódios de violência com mais recorrência é de 75,6%, contra apenas 20,7% que acreditam que esses casos não ficarão mais comuns com a proximidade da ida às urnas.

Do ponto de vista da disputa estadual, são os eleitores do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) que enxergam mais riscos de aumento da escalada da violência. Para 84,4% deles, os episódios do tipo devem ficar mais comuns, enquanto 13,8% pensam o contrário. Entre aqueles que declaram voto no atual governador de Minas, Romeu Zema (Novo), são 79,8% os que veem chance de os casos ficarem mais frequentes, enquanto 16,5% não acreditam nisso. Já no grupo que não escolhe nem o candidato do Novo nem o do PSD, a crença em mais episódios de violência atinge 80,5% dos eleitores, enquanto outros 17,4% acham que isso não acontecerá.

Preocupação maior onde houve problemas

A preocupação com os episódios de violência e a visão de que eles devem se tornar mais frequentes na medida em que as eleições se aproximarem é maior nas regiões do Triângulo mineiro e da Zona da Mata. Nesses dois locais, o índice alcança 85,8%. Bem mais que os 72,5% registrados na região Central de Minas, que é onde a preocupação se mostra menor, de acordo com a pesquisa. Não por acaso, a tensão é maior em dois locais com histórico de episódios de violência na disputa presidencial. Foi em Uberlândia, no Triângulo, que homens utilizaram um drone para despejar produtos agrícolas em partidários do ex-presidente Lula  no dia 15 de junho deste ano. E foi em Juiz de Fora, na Zona da Mata, que Jair Bolsonaro sofreu o ataque a faca de Adélio Bispo no dia 6 de setembro de 2018.

Há diferenças marcantes também com relação à preocupação com novos episódios de violência de acordo com a faixa etária. Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, por exemplo, os que apostam que os casos vão se tornar mais comuns são 85,8%. Entre os mais idosos, com idade de 60 anos ou mais, essa preocupação cai para 72,5%.

Incentivo à violência

A maior parte dos eleitores mineiros acredita que pelo menos alguns candidatos incentivam a violência contra seus adversários. Embora variável de acordo com o voto dos entrevistados, essa percepção atinge, em maior ou menor grau, todos os grupos de eleitores. Para 53,3% dos mineiros, ao menos alguns dos políticos que disputam as eleições incentivam violência contra seus rivais. Há ainda 9,2% que acreditam que todos os candidatos fazem isso, enquanto 30,1% dos entrevistados enxergam que isso não é feito por nenhum dos candidatos que disputam  as eleições em 2022. Os que não souberam ou não opinaram são 7,3%.

Entre os eleitores de Lula, são 8,9% os que acham que todos os candidatos incentivam a violência contra seus adversários, 58,3% os que acham que ao menos alguns o fazem, e 25,4% os que não veem essa postura em nenhum deles.

Entre os que dizem votar em Jair Bolsonaro, os que encontram incentivo à violência nos discursos de todos os candidatos são 7%. No caso de alguns candidatos, a percepção sobre o incentivo aos atos agressivos alcança 49,4% nesse grupo. Por outro lado, 40,2% dos bolsonaristas não veem nenhum candidato incentivando a violência.

Os índices mais altos de preocupação com o tema estão entre os mineiros que não optam nem por Lula nem por Bolsonaro. Nesse grupo, são 12,6% os que enxergam incentivo à violência entre todos os candidatos, 56,5% os que vislumbram isso por parte de alguns nomes e 23,2% os que não detectam isso em nenhum dos políticos que disputam o pleito.

Disputa estadual

Com relação à distribuição dessa percepção nos grupos de eleitores de cada candidato na disputa estadual, os números mais altos de preocupação com o tema estão concentrados no eleitorado de Alexandre Kalil. Entre os que declaram voto no ex-prefeito de BH, 64,1% acham que ao menos alguns candidatos incentivam a violência, enquanto 7,1% acham que todos eles o fazem. São 25,3% os que discordam e não veem incentivo a atos agressivos.

Os números também são mais altos que a média entre os eleitores que não escolhem nem Kalil nem o governador Romeu Zema. Para 63,1% desses há alguns candidatos incentivando a violência, enquanto para 7,4% todos eles fazem isso. Os que acham que nenhum candidato tem essa postura são 24,8%.

No grupo hoje majoritário do eleitorado, que aponta o voto em Zema, 50,6% veem discurso de incentivo à violência de alguns candidatos, outros 10,1% o enxergam em todos eles e 33,6% não veem em nenhum dos nomes na corrida eleitoral.

Dados de registro

A pesquisa DATATEMPO foi feita com recursos próprios. Os dados foram coletados de 15 a 20 de julho. Foram realizadas 2.000 entrevistas domiciliares. A margem de erro é de 2,19 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-08880/2022, e no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) sob o número MG-08733/2022.

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