Colunistas
O poder de pedir desculpas sem ter culpa!
Ainda num clima de comoção muito grande gerado por um vídeo postado nas redes sociais, sinto um aperto no coração ao ver, nas redes sociais, uma tragédia se tornar bandeira para a ignorância e suas consequências.
Uma pessoa no mais profundo desespero e completamente dominada por uma depressão clara e visível, é extremamente comovente em qualquer lugar do mundo. Mas, as tragédias nos fazem refletir sobre o mundo em que vivemos. E foi nesse mundo, que procurei entender algum significado no ato daquele cidadão transtornado, que tirou a própria vida.
Adolf Hitler, na Alemanha nazista, Stalin, na União Soviética, Mussolini, na Itália, nunca mataram ninguém, mas os efeitos de seus atos exterminaram milhões de vidas inocentes. Nos dias de hoje o Estado Islâmico se apropriou de um bárbaro extremismo e fez milhares de execuções influenciando pessoas a cometerem crimes com requintes de crueldades.
Acho que em Nova Serrana não chegaremos a tanto, mas nas devidas proporções, me assustei muito com algumas manifestações nas redes sociais contra o vereador Willian Barcelos, que de acordo com o protagonista do referido vídeo seria o culpado da sua fraqueza.
O que escrevo neste artigo, nada mais é do que minhas reflexões sobre o fato. Não quero usar a frieza das palavras, mas o que elas podem registrar para uma avaliação dos leitores.
O vereador Willian Barcelos é um jovem parlamentar no exercício de um mandato legitimado pelos eleitores de Nova Serrana. Dentro do quadro de representantes públicos já esteve em discussões polêmicas, na defesa de projetos importantes, se posicionou a favor e contra à emendas que tramitaram na casa legislativa.
Recentemente a população ficou constrangida ao ver seis vereadores afastados por suspeitas de enganos, erros e até crimes apurados pelo Ministério Público. O interessante é que nada foi dito ou falado sobre o vereador Willian Barcelos.
O que dizer então deste vereador? Podemos dizer que ele vem cumprindo sua função de legislar corretamente, de fundamentar seus projetos e questionamentos em documentos ou verdades em plenário. Assistimos suas colocações e mais: poucas vezes tivemos um representante tão qualificado na Câmara Municipal para fiscalizar e denunciar equívocos e desmandos do poder executivo.
O jovem vereador propôs a criação de uma CPI, que com certeza está mexendo com os nervos de muitos políticos de Nova Serrana e estas acusações até hoje não obtiveram, sequer, uma explicação plausível para justificar atos e ações suspeitas da prefeitura.
Sendo assim, como a divulgação da foto de um casamento, tornada pública pelos próprios noivos nas redes sociais, poderia causar tanta humilhação ao pai da noiva? Como explicar, que a referida foto exibida em recinto fechado da câmara municipal foi parar em grupos de whatsapp? Como podemos julgar um representante público, que cumprindo sua mais elementar função, nos trouxe o conhecimento de “estranhos” atos da atual gestão?
Sendo algo tão sério, não seria correto conhecer os fatos, avaliar as circunstâncias e não as versões postadas por pessoas sem qualquer autoridade para julgar?
Caros leitores, eu mesmo ao comentar minha visão (extremamente pessoal) recebi ameaças de idiotas mascarados pelo suposto anonimato. Por isso, penso que as consequências da debilidade virtual podem causar efeitos bem mais sérios e com toda a certeza, acabar de fato com famílias isentas de culpa.
Nova Serrana é uma cidade orgulhosa de seus moradores, orgulhosa de sua vocação de modernidade e modos de agir. Não precisamos fazer, contra ninguém, o que fizeram no passado para justificar a ignorância coletiva. Fazer o que foi feito contra o vereador nas redes sociais é o mesmo que ditadores sanguinários fizeram no passado, sem matar ninguém, mas fomentando o ódio.
Quero registrar os meus sinceros sentimentos à família do falecido com a consciência do sofrimento imposto a eles. Aos “inquisidores” do vereador os meus veementes pêsames pela mentalidade pequena e desleal que demonstraram. Infelizmente, não será a última vez que acompanharemos algo tão comovente, mas que possamos, juntos, provocar efeitos menos devastadores, menos políticos e mais humanos em nossa cidade.