Trânsito

Número de infrações de trânsito por empinar moto em via pública cresce 23% em MG

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O número de pessoas empinando motos em vias públicas de Minas Gerais aumentou 23,27% de 2019 para 2020. A prática é considerada infração gravíssima de trânsito e pode render multa de R$ 293,47, além de sete pontos na carteira de habilitação e suspensão do direito de dirigir.

De outro lado, na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), tramita o Projeto de Lei 138/21, assinado pelos vereadores Léo Burguês (PSL) e Bim da Ambulância (PSDB), que prevê que a capital mineira seja a capital nacional do “Grau”, o que, para os praticantes, é o esporte onde as motos são empinadas em ambientes controlados, longe das ruas. O possível título diante dos números de infrações de trânsito divide opiniões.

Dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) revelam que, em 2019, o Estado registrou 2.754 infrações de trânsito contra condutores que estavam fazendo malabarismo ou empinando motos. Em 2020, o total foi de 3.395 infrações e, de janeiro a 12 de agosto deste ano, já foram registradas 2.437 – média de dez notificações diariamente.

O influenciador digital Yuri Santana Rodrigues, 28, conhecido na internet como “o cara de óculos”, participa de competições de grau. Ele afirma que os números evidenciam a necessidade de se regularizar a prática do ‘Grau’, para que haja um trabalho educativo, principalmente com os jovens.

“É mais um alerta para as autoridades criarem um espaço público para que a gente possa praticar o esporte de uma forma correta, com equipamento, com toda a preparação, fora do trânsito. Por que no trânsito configura crime, é bem claro, não tem o que discutir. Mas o que a gente pede é um espaço para que a gente possa reduzir esses dados”, disse.

Yuri tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram, trabalha fazendo parcerias na rede social e participando de competições de ‘Grau’. O vencedor é aquele que demonstra mais habilidade e controle da moto. Na garagem ele exibe a motocicleta utilizada na prática do esporte, avaliada em cerca de R$ 80 mil. Ele afirma que hoje, com o dinheiro que ganha, consegue ajudar a comunidade onde ele passou a maior parte da vida, o aglomerado Cabana Pai Tomás, na região Oeste de Belo Horizonte.

“Temos projetos com cesta básica, brinquedos em datas comemorativas e por aí vem. Queremos mostrar todos os lados. A gente pede que as autoridades tenham olhos pra gente”, comentou.

Terreno

Autor do projeto na CMBH, o vereador Bim da Ambulância afirma que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) já sinalizou a possibilidade da prefeitura ceder um espaço para a prática do ‘Grau’.

“É o Arena BH, no Santa Terezinha, próximo à Toca da Raposa. O espaço é asfaltado, já está lá, é só destinar a galera. Pronto, acabou o problema. Não tem mais infração de trânsito, não tem o crime, não tem a perseguição”, relatou o parlamentar. A Prefeitura de Belo Horizonte, no entanto, não confirmou a informação. A assessoria de imprensa informou apenas que, na última quarta-feira, “o vereador (Bim da Ambulância) se reuniu com o prefeito”.

Osasco já tem espaço próprio

O vereador Bim da Ambulância diz que outras cidades no Brasil já cederam espaços para a prática do ‘Grau’.

“Em Osasco (SP), há uma quadra de futebol de salão que a turma do Grau a utiliza em determinados horários, é cultural da região praticar nessa quadra pequena”, disse o vereador.

“Não é uma pista de velocidade, é para testar a habilidade. O problema é que estão generalizando como criminosos quem pratica o esporte”, completou o parlamentar.

‘Área não é garantia de solução’

Na análise do motociclista e consultor em transporte de trânsito Osias Baptista, a destinação de um espaço especializado para a prática do ‘Grau’ em BH não garante que os números da infração de trânsito serão reduzidos.

“É uma prática que não pode ser de forma nenhuma admitida em via pública, porque é perigosíssima. Se a prefeitura pega um espaço e transforma no espaço oficial da prefeitura, com ambulância e tudo, você acha que um cara que mora lá na periferia vai deixar de fazer graça para as meninas no domingo de tarde no bairro? Não se tem garantia alguma de que esse pessoal vai só utilizar a pista”, explicou o profissional.

Baptista chama a atenção para o fato da falta de uso de equipamentos de segurança no esporte. “Em relação ao projeto na CMBH, não há nenhum estudo até onde eu sei que mostre que isso é mais praticado em Belo Horizonte do que em outra cidade. Como Belo Horizonte pode ser a capital nacional do Grau?”, questiona o especialista.

Tramitação

O projeto que transforma BH na capital nacional do Grau já foi aprovado na Comissão de Legislação de Justiça e agora aguarda parecer de outra comissão antes de ser votado em plenário.

Fonte: Por BRUNO MENEZES –  O Tempo

Foto: Imagem ilustrativaWeb

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