Calçados
Nova Serrana almeja ampliação de exportações para mercado norte americano
Medida do governo norte americano que zerou alíquota de entrada de calçados no país é visto como grande incentivo para retomada e ampliação de exportações para os Estados Unidos
- Extraído de matéria do jornal Hoje em Dia
Nova Serrana, o maior polo calçadista de Minas Gerais, aguarda com bons olhos as mudanças na legislação de importação norte americana, que foi sancionada pelo presidente Donald Trump e entrou em vigor na última semana.
Com uma perspectiva de produção de 96 milhões de pares de calçados em 2018, os empresários da cidade e autoridades do setor calçadista esperam ampliar as exportações para os norte americanos até o dia 31 de dezembro de 2020, data em que se encerra o vigor da legislação.
Com a mudança da legislação que irá zerar a alíquota de entrada de calçados e mais 1.600 produtos no mercado norte americano a expectativa é que a indústria de Nova Serrana obtenha uma melhor representatividade no mercado norte americano.
Atualmente segundo o Sindicato Intermunicipal da Indústria Calçadista de Nova Serrana (Sindinova) o polo exporta entre 2,5% e 3% de sua produção anual e os países que são os principais consumidores do produto de Nova Serrana são Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia e Peru, entre outros da América Central. As negociações com os Estados Unidos são pontuais.
Com as mudanças o Sindinova prevê uma possibilidade de consolidação e expansão de mercado, o que representaria uma significativa melhora para a indústria calçadista que passa por um momento turbulento. “A possibilidade de aumentar as exportações para os Estados Unidos vai incentivar o aumento da produção e elevar para 5% a nossa taxa total de remessas para o exterior”, Disse Pedro Gomes, Presidente do Sindinova para a equipe de reportagem do jornal Hoje em Dia.
Diante dos fatos o presidente ainda ressaltou que a exportação não pode ser vista como a salvação para o segmento em meio a crise. “A exportação agrega valor e divulga o nosso produto, mas temos alertado as fábricas que não comprometam mais de 30% da produção, para não se colocar em risco, no caso da demanda cair de um dia para o outro, como aconteceu em outra ocasião já que a demanda do mercado externo pode recuar de uma hora para outra”, ressaltou o presidente.
Apenas a sexta em exportações
Segundo aferido e divulgado pelo jornal Hoje em Dia, Minas Gerais ocupa hoje a sexta posição quanto a exportação de calçados nacionais. O Estado está atrás do Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bahia e Paraíba.
Conforme divulgado entre janeiro e agosto de 2018, o estado exportou cerca de US$23,18 milhões em calçados, o que representa uma queda de 9,7% em comparação aos números obtidos no mesmo período de 2017.
Concorrência internacional
Diante da aparente crise a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), entende que as mudanças serão uma boa oportunidade para o setor calçadista do Estado. “Essa mudança de legislação visa garantir o abastecimento do mercado norte-americano, que não tem uma indústria calçadista forte. Em função da guerra comercial com os Estados Unidos, os produtos chineses foram sobretaxados em 10%, o que reduz a competitividade desses itens”, analisa Alexandre Brito, economista da Fiemg.
Atualmente cerca de 75% da produção de Nova Serrana é relacionada a calçados femininos e cerca de 25% da produção são de calçados esportivos, e apesar do mercado ser aberto não somente para o calçado brasileiro, é importante ressaltar que a redução tributária americana não vigora sobre os calçados chineses que atualmente são o principal risco para a produção nacional.
O fato da legislação não ser restritiva aos produtos asiáticos foi visto como um incentivo a mais pelo presidente do Sindinova, que ainda afirma que o potencial do polo ainda não foi explorado em sua totalidade. “O potencial do polo de Nova Serrana ainda não foi totalmente explorado devido à forte concorrência dos produtos chineses. Só que desta vez, esses itens perderam competitividade”, finalizou o presidente do Sindinova.