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Nomofobia: o que é e por que prejudica tanto crianças e jovens?

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Nomofobia pode prejudicar capacidade cognitiva e mental de crianças e jovens

Brasileiros estão entre os usuários que passam mais tempo no celular; uso excessivo de smartphones pode prejudicar desenvolvimento de crianças e jovens

Quanto tempo você passa no celular todos os dias? Os brasileiros estão entre os que mais usaram o smartphone em 2021, com média de 5 horas e 25 minutos por dia, ficando atrás apenas das Filipinas e da Tailândia, de acordo com relatório do Data Reportal. A média brasileira está quase duas horas acima da mundial, que era de 3 horas e 15 minutos naquele ano.

A pandemia pode ter a ver com esses números, já que o isolamento e o tédio foram favoráveis à produção e ao consumo excessivos de mídia. Só no TikTok, aplicativo de vídeos curtos que foi, também, o mais baixado em 2021, os usuários passaram 90% de tempo a mais em comparação com 2020.

A constância do uso de celulares com acesso à internet acabou criando um novo vício: a dependência digital. Para abordar este assunto, psicólogos e psiquiatras utilizam o termo “nomofobia”, que se refere ao medo irracional de permanecer sem o celular. O termo tem origem na expressão em inglês “no mobile” junto ao sufixo “fobia”, e não se trata de um diagnóstico médico formal, apesar de estar associado a outros tipos de transtorno.

Nomofobia não é um simples vício, de acordo com a psicóloga Mariete Duarte. Ela explica que a dependência digital reflete e pode ser identificada no comportamento do indivíduo, que pode apresentar sintomas de ansiedade mental e física, como taquicardia, coração acelerado, inquietação e, em casos mais extremos, sudorese e tremores.

Para Duarte, não é a quantidade de tempo gasto com a tecnologia em si que é o mais preocupante, mas sim o fator que causa a necessidade de estar sempre conectado: as atividades que envolvem tecnologia – uma bomba de estímulos visuais e sonoros – tendem a causar prazer quase que imediato por conta da liberação de dopamina – que cai na mesma velocidade, fazendo com que a sensação não se sustente e o usuário vá atrás de estímulos com uma frequência cada vez maior.

“A utilização do smartphone leva à liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Com esse uso excessivo, o corpo ativa a substância com mais frequência e pode gerar uma dependência emocional. E sair desse vício é tão difícil quanto se livrar da dependência relacionada ao álcool e outras drogas”, alerta ela.

Segundo a psiquiatra e especialista em neurociências Nina Ferreira, no entanto, o problema não está na tecnologia, mas no espaço que dedicamos a ela dentro da nossa rotina.

“Esse hábito tira a pessoa de outras áreas importantes da vida. Quando falamos de crianças e adolescentes, que estão formando a personalidade, elas não criam habilidade de convívio social se apresentam esse quadro. Em casos mais graves, ainda podem desenvolver ansiedade e depressão”, explica ela.

“O celular possibilita comunicação e facilidade nas atividades cotidianas, porém é necessário ter cuidado. Algumas ações simples, mas importantes, podem educar e prevenir a utilização abusiva de dispositivos eletrônicos”, afirma Mariete.

A psicóloga e a psiquiatra defendem que é possível fazer uma reeducação de hábitos para que os sintomas da nomofobia possam ser aliviados, como a diversificação de hobbies e da rotina e a prática de exercícios físicos.

“Uma dica valiosa é acostumar a criança e/ou o adolescente a fazer as refeições sem o uso de dispositivos. Os pais, claro, têm que dar o exemplo. Outra recomendação é não deixar que o jovem vá para a cama com o celular. A luz azul do aparelho bloqueia a produção de melanopsina, um fotorreceptor que ajuda na regulamentação dos ritmos cardíacos e regula o organismo”, afirma Mariete.

“Essa mudança no cotidiano é essencial para educar o indivíduo a precisar menos da tecnologia para sentir prazer, conseguir realizar as tarefas diárias com atenção e ter um cérebro sem déficit de serotonina, dopamina e de outros neurotransmissores”, complementa Nina.

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