Denúncia
No Brasil, 70% das vítimas de feminicídio não fizeram denúncia
Dados recentes do Governo Federal revelam que 70% das mulheres vítimas de feminicídio no Brasil nunca passaram pela rede de proteção para enfrentar a violência doméstica. Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram mais de 30 mil denúncias e quase 170 mil violações envolvendo esse tipo de crime, segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
Na Semana Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, a Itatiaiatraz novas histórias de famílias que foram marcadas pelo feminicídio. Entre elas, está Ana Márcia Gomes Santiago, 41 anos, que faz parte da 152 Mulheres vítimas de feminicídio em 2020 em Minas Gerais. Mas, Márcia não é uma estatística, ela é mãe, irmã, mulher batalhadora e estava planejando comprar uma casa, possivelmente para conseguir romper um relacionamento conturbado. Porém, Márcia foi impedida de viver e foi assassinada dentro de casa pelo companheiro, com quem ela tinha uma filha de nove anos.
Maria Aparecida Santiago, irmã de Márcia, mulher forte que conseguiu lutar e provar que o cunhado – um homem que fingia estar preocupado com a companheira desaparecida – tinha sido o responsável pelo desaparecimento da irmã e o responsável pelo assassinato de Márcia.
“Planejou com uma perfeição que foi difícil até para a polícia descobrir. No ano que ele fez isso com ela, que foi do dia 1º para o dia 2 de novembro de 2020, ele havia casado com ela no dia 12 de fevereiro de 2020, também, e esse casamento já era plano. Ele vinha perseguindo ela desde 2019, por causa de um dinheiro que ela tinha recebido, que é uma pensão retroativa de Gabriela, da filha mais velha, que não é filha dele e ele queria de qualquer forma que Marcinha comprasse alguma coisa, um sítio, alguma coisa assim. Ela falava que não, que ela ia comprar uma casa para colocar em nome de Gabriela que, inclusive, o dinheiro era dela. Quando ela falou comigo que ele queria casar com ela, os dois já moravam juntos há 11 anos.”
Maria relata que a irmã era uma pessoa boa, que não tinha preguiça de levantar cedo para ir trabalhar, mas que acreditava no marido.
“Coitada ela acreditava nesse homem, né? Que na verdade a mulher nunca acha que o cara vai fazer aquilo, então ela acreditava nele.”
No primeiro semestre de 2022 a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou mais de 31 mil denúncias e quase 170 mil violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres. Estima-se que cerca de 70% das mulheres vítimas de feminicídio no Brasil nunca passaram pela rede de proteção.
Se você é vítima ou conhece alguma vítima de violência doméstica, denuncie, ligue 180.
Fonte: Itatiaia