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Justiça

Mulher estuprada após show de pagode: veja os argumentos do MP para denunciar os quatro envolvidos

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Trecho da denúncia do MPMG - Créditos: Imagens cedidas á Itatiaia

Além do abusador, motorista de app, motociclista e amigo foram denunciados

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou, na quarta-feira (23), Wemberson Carvalho da Silva, suspeito de estuprar a jovem de 22 anos que estava desacordada na calçada, dia 30 de julho, após um show de pagode, em Belo Horizonte. Imagens de câmeras de segurança mostram o suspeito carregando a jovem e a levando até um campo de futebol, do qual ele saiu 3 horas depois, sozinho. Com informações de Itatiaia.

Mas não só ele foi denunciado pelo MP. Outros homens que tiveram papel na sucessão de fatos entre a saída da jovem do show e o ocorrido foram implicados na denúncia.

O motorista de aplicativo que deixou a mulher em frente ao prédio, inconsciente, foi denunciado por estupro de vulnerável por omissão imprópria. O amigo da jovem que a acompanhava no evento e a colocou no carro com auxílio, pois ela não conseguia caminhar sem assistência, foi denunciado por omissão de socorro. Pelo mesmo crime foi denunciado o motoqueiro que auxiliou o motorista de app a retirá-la do veículo e deixá-la em frente ao prédio.

Confira os principais pontos do documento da denúncia a que a Itatiaia teve acesso.

Amigo e motociclista: denúncia de omissão de socorro

Os magistrados entenderam que o amigo sabia “da condição de completa inação e letargia da vítima, que não conseguia caminhar sem assistência” e deixou de prestar socorro para sua amiga pessoal e de trabalho. O documento ainda aponta que ele poderia ter acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou a companhado até em casa.

O texto considera que “embora tenha tentado compartilhar o trajeto com o irmão dela pelo print da conversa, possuía ciência de que não houve retorno positivo”. Os magistrados frisaram que, sem o contato com o irmão e sabendo que o aparelho celular da vítima estava descarregado, “optou por deixá-la desamparada à sua própria sorte”.

Em relação ao motociclista que passou pelo local e ajudou a tirar a jovem do carro, a promotora disse que ele “igualmente deixou de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima, a qual se encontrava em desamparo e em grave e iminente perigo.” Sendo assim, os dois foram denunciados por omissão de socorro.

Motorista de app: denúncia de estupro de vulnerável

Segundo os magistrados, o denunciado, “vendo o estado anímico vulnerável da vítima, que se encontrava quase desacordada e desacompanhada”, aceitou realizar o transporte até o endereço no qual ela seria deixada.

Durante o trajeto, que durou cerca de quinze minutos, o denunciado “visivelmente percebeu que a vítima estava mal e, mediante negligência, deixou de prestar socorro a ela, sequer levando-a ao Hospital Municipal Odilon Behrens, que fica a aproximadamente 900 metros do local em que ela foi abandonada e deixada a própria sorte, tratando-a como um ‘saco de lixo’”, encostada em um poste até cair ao solo desacordada.”

Trecho da denúncia do MPMG – Créditos: Documento cedido à Itatiaia

Sendo assim, o MP entendeu que o comportamento negligente do motorista “criou o risco da ocorrência do resultado, omitindo-se quando podia e devia agir para impedi-lo”.

O MP também caracteriza o local onde a vítima foi abandonada como de “alta periculosidade”,  “sendo a poucos metros da comunidade Pedreira Prado Lopes e do Bairro Lagoinha, em que há alta concentração de usuários de entorpecentes”.

Os promotores ainda ressaltam os números de violência sexual no país como argumento de que os envolvidos assumiram o risco ao deixá-la: a cada oito minutos, uma mulher é estuprada.

Trecho da denúncia do MPMG – Créditos: Documento cedido à Itatiaia

Suspeito do abuso: estupro de vulnerável

Os promotores destacaram que Wemberson Carvalho da Silva, ciente que “ela se encontrava sem qualquer condição volitiva, jogou-a em suas costas e a carregou no ombro até o campo de futebol que se localizava próximo à sua residência, tendo esta ainda regurgitado pelo trajeto”.

A denúncia afirma que, durante todo o período que a vítima esteva no referido campo de futebol, foi abusada sexualmente, por várias vezes, até o amanhecer de domingo. Foi acrescentado aos autos o laudo de violência sexual.

Relembre o caso

A jovem de 22 anos foi estuprada após voltar de um show de pagode no Mineirão, no dia 30 de julho, e ser deixada na calçada pelo motorista de aplicativo que atendeu a corrida. Imagens de câmeras de segurança mostram o motorista de app tocando no apartamento mais de uma vez. Sem resposta, ele e um motociclista que passava pela rua deixaram a jovem na calçada. Pouco tempo depois, um homem passa e leva a vítima nas costas até um campo onde ela foi estuprada por cerca de 3 horas.

O suspeito foi preso horas após o crime, sendo detido pelos policiais enquanto tentava lavar uma peça de roupa suja de vômito. Ele permaneceu em silêncio durante o depoimento.

Relembre a linha do tempo do crime

  • 2h46: a vítima embarca no carro de aplicativo, desacompanhada, em direção à sua residência. O trajeto da corrida foi compartilhado com o irmão da vítima jovem;
  • 3h: o veículo de transporte por aplicativo estaciona em frente à casa da vítima. O condutor desce do carro e tenta usar o interfone do prédio. Aparentemente, ele tenta realizar ligações;
  • 3h10: o motorista chama um indivíduo que passava pela rua, os dois retiram a vítima desmaiada do banco de trás e a deitam na calçada. Depois disso, o motorista tenta chamar alguém pelo interfone;
  • 3h17: o motorista deixa a jovem sozinha e segue caminho;
  • 3h22: um homem de estatura mediana, trajando bermuda jeans clara, blusa escura se aproxima da vítima;
  • 3h24: ele coloca a mulher em seu ombro, carregando-a sentido à rua Garças, seguindo para o campo de futebol Grêmio Mineiro;
  • 7h07: o suspeito deixa o local sozinho.
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