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Morte de motociclistas cresce 53% no Brasil em 30 anos, aponta pesquisa da UFMG

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Um estudo da UFMG divulgado nesta semana apontou crescimento de 53% na taxa de mortalidade de motociclistas no Brasil entre os anos 1990 e 2019. Em Minas, segundo a mesma pesquisa, o aumento chegou a 37,5% no período. No Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, a cada hora uma vítima de acidente de trânsito é atendida, sendo a maioria composta por motociclistas, conforme a Fhemig. As informações são do Jornal O Tempo.

Os números acendem o alerta para a necessidade da discussão da violência e mortalidade no trânsito, sobretudo para pessoas que pilotam veículos de duas rodas – modal que, segundo o Denatran, ultrapassou a quantidade de automóveis no país em 2022. O assunto é lembrado neste mês, com o Maio Amarelo, período de conscientização sobre os riscos da insegurança no trânsito. Veja os números:

Mortes de motociclistas

Brasil (em números absolutos)
1990: 6.156 óbitos
2019: 15.138 óbitos

Brasil (em método por taxa)
1990: 7,3 óbitos para cada 100 mil habitantes
2019: 11,7 óbitos para cada 100 mil habitantes

Minas (em números absolutos)
1990: 654 óbitos
2019: 1.193 óbitos

Minas (em método por taxa)
1990: 4,8 óbitos para cada 100 mil habitantes
2019: 6,6 óbitos para cada 100 mil habitantes

Fonte: Carga Global de Doenças

Os pesquisadores estiveram focados na apuração das taxas de mortalidade e dos números absolutos de óbitos causados por acidentes de trânsito no país nos anos de 1990, 2015 e 2019. De acordo com a coordenadora do estudo, a professora da Escola de Enfermagem da UFMG Deborah Carvalho Malta, as datas foram escolhidas para fornecer apoio à compreensão da questão no país, diante dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

Isso porque o Brasil se comprometeu, em 2015, a cumprir as metas ODS até 2030. Uma delas é justamente diminuir pela metade o número de mortes no trânsito. Deborah explicou que as projeções do estudo apontam que o objetivo não será cumprido. “Em 2015, nós estávamos com uma taxa de 22 óbitos por 100 mil habitantes. Teríamos que chegar em 11 óbitos por 100 mil até 2030”, disse. Em 2019, o índice estava entre 18 e 19 mortes por 100 mil.

Os dados usados na pesquisa foram coletados de estimativas do estudo Carga Global de Doenças de 2019. O estudo, encabeçado pela UFMG, teve como parceiros as universidades Federal de Goiás, de Brasília, o Ministério da Saúde e a University of Washington (EUA).

O estudo também apontou que, entre 1990 e 2019, houve uma queda de 43% nos índices gerais de mortalidade no trânsito, e que incluem todos os tipos de acidentes. Os números passaram de 44.236 óbitos em 1990 para 44.529 em 2019 (por 100 mil habitantes). O resultado é fortemente afetado pelos rankings de aumento de mortes em círculos específicos, como o de motociclistas (53% de crescimento).

Motivos

“A realidade tão violenta de acidentes e mortes é reflexo da conjunção entre mais motos adquiridas, mais desrespeito às regras de trânsito, com práticas inseguras e mistura de álcool e direção”, lembrou Deborah. Segundo ela, as taxas de mortalidade em acidentes de moto eram pequenas em 1990, mas foram aumentando à medida que o veículo foi se popularizando.

Na atualidade, o país registra mais de 44 mil mortes todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito (incluindo motociclistas, motoristas, pedestres, entre outros). Além disso, ainda conforme a pesquisa, cerca de 150 mil pessoas sofrem lesões anualmente, o que as incapacita para diversas atividades.

“Muitas vezes, as regras de trânsito não são seguidas de formas adequadas. Mas uma série de investimentos nas vias, na infraestrutura, no uso de equipamentos, e na fiscalização precisam ser feitos. Até temos boas leis no país, mas falta ainda muita fiscalização”, afirmou a pesquisadora.

O artigo completo (em inglês) pode ser lido aqui.

Uma vítima por hora

A cada hora, uma vítima de acidente de trânsito é atendida no Hospital João XXIII, maior unidade hospitalar de urgência do Estado. Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), há uma trajetória de crescimento no número de ocorrências com motociclistas.

No período de 2011 a 2020, 66.404 pessoas entraram no setor de politraumatizados da unidade hospitalar devido a esse tipo de ocorrência. A maioria (59,50%) pilotava uma motocicleta, ainda segundo a Fhemig.

Em 2021, outras 7.211 pessoas foram atendidas, das quais 66,49% (4.795) eram motociclistas. Neste ano, já são mais de 2 mil entradas e os acidentes com motos seguem como o principal motivo (67,46%).

Foto: Imagem ilustrativa –  Divulgação PRF

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