Denúncia
Molho de Tomate Fugini tinha Fungos e Ovos de Parasitas em RS
Casos foram relatados por consumidores em Viamão. Polícia aguarda perícia para descobrir o que provocou eventual contaminação. Anvisa determinou recolhimento de maioneses da marca.
A empresa Fugini, suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de fabricar, comercializar e distribuir produtos nesta quarta-feira (29), é investigada por suspeita de crime contra as relações de consumo pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Desde dezembro de 2022, a Delegacia de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, apura a possível contaminação de molhos de tomate da marca. Com informações de g1 Rio Grande do Sul.
A delegada Jeiselaure de Souza explica que a investigação aguarda o resultado da perícia, para determinar o que pode ter provocado a suposta contaminação dos molhos de tomate. Atualmente, quatro ocorrências do tipo são investigadas em Viamão. Ainda não há previsão para a conclusão dos laudos.
“Nós ainda estamos aguardando o laudo do Instituto-Geral de Perícias em relação aos molhos. Ainda está precisando da análise do perito na patologia”, diz a delegada.
Em contato com o g1, a empresa afirmou que iria verificar o caso. Na época, a Fugini publicou um material nas redes sociais, dizendo ser possível a formação de bolor em sachês de molho de tomate.
A Fugini também foi procurada pela polícia e, segundo a delegada Jeiselaure de Souza, respondeu com o mesmo conteúdo publicado nas redes sociais sobre formação de bolor nos produtos. A empresa deve ser ouvida formalmente após a conclusão da perícia.
Nesta quinta (30), a Anvisa determinou o recolhimento de lotes de maionese produzidos pela empresa na fábrica de Monte Alto (SP). São lotes de maioneses da marca Fugini e Ramy produzidos entre 20 de dezembro de 2022 e 21 de março de 2023, com vencimento em janeiro, fevereiro ou março de 2024. A proibição vale também para todos os lotes que irão vencer em dezembro de 2023, com numeração iniciada por 354.
Na quarta (29), antes da determinação da Anvisa, empresa divulgou, também em suas redes sociais, um posicionamento sobre a inspeção de seus produtos, dizendo sempre ter cumprido com suas obrigações (leia abaixo). Em um comunicado enviado a redes de supermercados, a Fugini admitiu que, por um erro operacional, usou um corante vencido na produção de maionese, mas com um percentual pequeno.
Em Viamão, a delegada afirma que a Vigilância Sanitária já foi comunicada para efetuar o recolhimento do produto. De acordo com a polícia, os molhos investigados no RS foram fabricados na mesma unidade de Monte Alto, alvo da ação da Anvisa.
Relatos dos consumidores
A delegada Jeiselaure de Souza afirma que os consumidores que registraram ocorrência compraram os produtos da marca em diferentes locais.
“Os relatos dos consumidores são no sentido de que os produtos foram adquiridos em locais distintos, mas todos com a alteração semelhante, contendo corpos estranhos macroscópicos dentro das embalagens”, afirmou.
Um homem, que prefere não ser identificado, disse ter descoberto que o produto estava impróprio para consumo na hora em que preparava o almoço.
“Para minha surpresa, tinha um pedaço de pele, um couro dentro do produto. O que mais me doeu foi perder uma panela de galinhada”, falou.
Uma dona de casa ouvida pelo g1 disse que preparava a comida e que, por hábito, colocaria o molho de tomate direto na panela. No entanto, ela relatou que resolveu abrir o produto em outro prato, quando se deparou com o que, segundo ela, “parecia uma pele”.
“Virou a cabeça, virou o estômago, virou tudo. Ainda bem que eu não coloquei na panela. É horrível”, disse.
A orientação da polícia é que a população observe as condições do produto antes de consumir, além de registrar informações como local de compra e lote de mercadoria antes de levar o caso à polícia.
Nota da empresa (29/03/2023):
“Seguindo nosso estilo transparente e de respeito aos consumidores, faremos o seguinte esclarecimento sobre as informações incorretas que têm sido divulgadas pelas mídias sociais.
Importante destacar que não há nenhum lote com recall e a comercialização e consumo dos nossos produtos seguem normalmente, nos pontos de vendas do varejo.
Todos os produtos Fugini que se encontram para consumo nas casas, à venda nos mercados ou estocados nos centros de distribuição, seguem seguros e disponíveis para os consumidores.
Sempre cumprimos com todas as obrigações. Prova disso, em mais de 25 anos de operação, jamais tivemos um único lote de produto retido por problema de recall.
Somos uma marca muito querida pelos consumidores e respeitada pelo mercado como um todo. E assim seguiremos.
Para o esclarecimento de dúvidas ou informação adicional, a empresa coloca à disposição dos consumidores os canais de atendimento e telefone 0800 702 4337.”
Nota da Anvisa:
“A Anvisa suspendeu a fabricação, a comercialização, a distribuição e o uso de todos os alimentos da marca Fugini, produzidos pela empresa Fugini Alimentos Ltda. (CNPJ 00.588.458/0001-03) na sua fábrica localizada em Monte Alto (SP).
A medida foi publicada no dia 27 de março, por meio da Resolução – RE 1028/2023. A suspensão da comercialização, da distribuição e do uso é válida apenas para os produtos em estoque na empresa. Os principais alimentos fabricados pela empresa são molhos de tomate, conservas vegetais e outros molhos, como maioneses e mostardas.
A medida é preventiva e foi adotada após a realização de uma inspeção sanitária conjunta realizada pela Anvisa, pelo Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo e pela Vigilância Sanitária municipal de Monte Alto (SP). Na ação, foram identificadas falhas graves de boas práticas de fabricação relacionadas à higiene, controle de qualidade e segurança das matérias-primas, controle de pragas e rastreabilidade, entre outras. Essas falhas podem impactar a qualidade e a segurança do produto final.
A suspensão da fabricação ficará válida até que a empresa adeque o processo de fabricação de seus produtos às boas práticas de fabricação.
Anvisa publica medida adicional
A Anvisa publicou, nesta quinta-feira (30/3), a Resolução – RE 1.051/2023, específica para lotes de maioneses da marca Fugini e Ramy produzidos na fábrica de Monte Alto (SP), no período de 20/12/2022 a 21/3/2023.
A nova medida proíbe a comercialização, a distribuição e o uso, e determina o recolhimento de todas as apresentações de maioneses das marcas Fugini e Ramy, com vencimento em janeiro, fevereiro ou março de 2024. A proibição vale também para todos os lotes que irão vencer em dezembro de 2023, com numeração iniciada por 354.
A medida foi adotada em razão do uso de matéria-prima vencida na fabricação da maionese. Esse fato foi constatado na inspeção sanitária conjunta que resultou na publicação, na última segunda-feira (27/3), da Resolução-RE 1028/2023.
Conforme o Código de Defesa do Consumidor, alimentos vencidos, incluindo suas matérias-primas, são considerados impróprios para o consumo, e a sua exposição à venda ou ao consumo é considerada infração sanitária. Assim, o recolhimento dos alimentos visa retirar do mercado produtos que representem risco ou agravo à saúde do consumidor.
Estabelecimentos comerciais e consumidores que tiverem os lotes da maionese citados na resolução não devem utilizá-los e devem entrar em contato imediato com a empresa Fugini Alimentos Ltda., que deverá realizar seu recolhimento.”