Meio ambiente
Minas lidera desmatamento da Mata Atlântica e especialistas discutem danos: ‘muito preocupante
No dia nacional da Mata Atlântica, um dos maiores biomas do país não tem o que comemorar. De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, desde 2020 o desmatamento da floresta aumentou 66% em 15 dos 17 estados cobertos pelo bioma. Foram desmatados 21.642 hectares neste período, o equivalente a 20 mil campos de futebol. As informações são da Rádio Itatiaia.
Para piorar, o estado de Minas Gerais lidera o ranking negativo. Mais de 9 mil hectares desmatados estão em terras mineiras. Quem aponta os impactos dessa perda é o professor do instituto de ciências biológicas da UFMG, Danilo Neves.
“O impacto direto do desmatamento é a perda de habitat. Isso é muito preocupante para a biodiversidade. Minas Gerais é um estado muito diverso e, se pensarmos em plantas, por exemplo, existem mais de 300 espécies que só existem nas matas atlânticas de Minas Gerais. Quanto mais a gente perde esses habitats, mais essas espécies vão se tornando ameaçadas”, disse.
O professor da UFMG alerta para uma piora na qualidade de vida também dos humanos. “Quanto mais a gente desmata, mais a gente degrada nascentes. Então, até mesmo em curto prazo, isso começa a ocasionar vários problemas de disponibilidade hídrica. É muito preocupante”, explicou.
Minas lidera, mas no restante do país a situação não é animadora, como explica a diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
“Infelizmente, nós estamos vivendo um cenário de contramão. O Brasil é chamado, internacionalmente, de ‘palha do mundo’, devido aos recordes de desmatamento das nossas florestas e do desrespeito à legislação ambiental. Esse impacto vai ser sentido por 70% da população brasileira vivem em áreas que se inserem na Mata Atlântica”, disse.
Para tentar reverter esse jogo, os dois são unânimes de que a legislação precisa ser cumprida.
“Em primeiro lugar, precisamos entender que cumprir a lei é um bom negócio. Ou seja, o desmatamento zero, a lei da mata atlântica e o código florestal são imperativos de urgência para o Brasil. Diante da emergência climática, esses são os compromissos que o Brasil assumiu com o acordo do crime em Paris e com a Cop 26”, disse, Malu. Segundo a especialista, é necessário zerar o desmatamento e restaurar as áreas de preservação permanente.
Foto: Divulgação Semad