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Minas investiga morte suspeita de raiva humana no Vale do Jequitinhonha

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Uma morte suspeita de raiva humana em Minas Gerais colocou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) em alerta. Isso porque o vírus é classificado como mortal, já que mata praticamente 100% das pessoas infectadas. As informações são do jornal O Tempo.

O caso suspeito é de um adolescente indígena de 12 anos que morava em Bertópolis, na região do Vale do Jequitinhonha. O menino teria sido mordido por um morcego há cerca de 10 dias e, no último dia 3, deu entrada em um hospital de Teófilo Otoni.

A SES informou, por nota, que foi notificada do óbito na segunda-feira (4). Desde então, adotou diversas medidas de segurança para, caso a doença seja confirmada como a causa do óbito, o vírus não faça mais vítimas no Estado.

Em Minas, a última morte de raiva humana foi em 2012, e aconteceu em Rio Casca. Com relação à suspeita recente, a pasta frisou que o caso ainda está em análise.

“Importante esclarecer que o caso encontra-se em investigação, ou seja, ainda não está confirmado por exames laboratoriais. As amostras biológicas do paciente já foram coletadas e serão encaminhadas para os laboratórios de referência”, destacou.

Mesmo sem o diagnóstico concluído, a SES notificou o caso suspeito ao Ministério da Saúde. Além disso, está fazendo a busca ativa de pessoas que tiveram contato com o caso suspeito e encaminhando para atendimento médico profilático.

Também intensificou a vacinação antirrábica de cães e gatos na região.

Confira abaixo todas as medidas que estão sendo seguidas:

  • Notificação do caso suspeito ao Ministério da Saúde;
  • Orientação quanto a coleta de amostras biológicas;
  • Solicitação de envio de relatório de investigação preliminar;
  • Investigação na localidade de ocorrência da exposição com busca ativa de pessoas que tiveram contato com o caso suspeito e encaminhamento para atendimento médico profilático;
  • Contato com o Instituto Mineiro de Agropecuária para ações cabíveis;
  • Vacinação antirrábica de cães e gatos da localidade – bloqueio focal;
  • Divulgação do caso na região com objetivo de alertar as pessoas sobre as formas de transmissão e prevenção da raiva.

CONFIRA ABAIXO INFORMAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE A RAIVA:

Como a raiva é transmitida?
A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.

O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

Quais são os sintomas da raiva?
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:

– mal-estar geral;
– pequeno aumento de temperatura;
– anorexia;
– cefaleia;
– náuseas;
– dor de garganta;
– entorpecimento;
– irritabilidade;
– inquietude;
– sensação de angústia.
– Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento.

Quais são as complicações da raiva?
A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como:

– ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
– febre;
– delírios;
– espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões.
– Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”).
– Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.

IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.

Como é feito o diagnóstico da raiva?
A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de folículos pilosos).

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.

Diagnóstico diferencial

Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.

No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.

Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do comportamento.

Como é feito o tratamento da raiva?
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.

Foto: reprodução A Tribuna

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