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Abuso Sexual

MG: 19 crianças e adolescentes foram abusados sexualmente, por dia, em 2020

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A cada hora e vinte minutos uma criança ou adolescente tornou-se vítima de estupro de vulnerável, importunação, assédio e outros gêneros de violência sexual no Estado de Minas Gerais em 2020.

Estatística da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), revelada na manhã desta sexta-feira (5), indica que 5.835 menores de idade sofreram algum tipo de violação sexual apenas entre os meses de janeiro e outubro – o número elevado destaca-se em uma média de 19 crianças ou adolescentes violentados a cada dia, isto apenas em Minas Gerais.

A quantidade refere-se apenas àquelas ocorrências que chegaram à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), importando lembrar que há um mundo de estupros subnotificados dos quais pouco se têm ideia. Frente a alarmante constatação, a corporação realizou nessa quinta-feira (5) uma mega-operação de combate à violência sexual contra crianças.

Nomeada “Eu Acredito em Você”, a ação reforça a importância da denúncia para que sejam encarcerados os suspeitos responsáveis pelos crimes, e apenas na data retiraram-se das ruas três homens que vão responder por crimes sexuais contra crianças e adolescentes, estando entre eles um sargento reformado da Polícia Militar (PM) que explorou sexualmente a própria filha dos 13 aos 16 anos dela, um mecânico de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que aliciava meninas com idades médias entre 8 e 9 anos por meio de salas de bate-papo online – além de armazenar vídeos e imagens de bebês sendo estuprados – e um homem de 80 anos, que estuprou a própria neta dos 6 aos 9 anos de idade.

Há também outros cinco mandados de busca e apreensão a serem cumpridos. Estes suspeitos em questão estão foragidos, escondidos, segundo informações da Polícia Civil, em municípios no Norte de Minas Gerais, na Bahia e também na região metropolitana da capital mineira.

Além de garantir a prisão de estupradores e suspeitos de outros crimes sexuais contra menores de idade, a operação reforça a importância de se discutir as violências contra o público tão vulnerável e de estimular que as vítimas tenham coragem para denunciar seus algozes, como esclarece a delegada Elenice Batista Ferreira, chefe da Divisão Especializada em Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (DOPCAD).

“Importante frisar que o objetivo principal da operação, intitulada ‘Eu Acredito em Você’, é demonstrar que as vítimas podem se sentir à vontade para procurar uma unidade policial. É relevante que nós estimulemos as denúncias. Apenas através da coragem das vítimas, o sistema de justiça criminal poderá cumprir o seu papel. Nós não podemos deixar que este assunto caia no esquecimento, são mais de 5.000 registros de ocorrência, e existe ainda um contexto de subnotificações muito relevante em crimes dessa natureza”, destaca.

Ela esclarece que o número de registros feitos apenas no curto período de dez meses revela a brutalidade de crimes sexuais ocorridos em Minas Gerais, principalmente quando estatísticas são separadas e entende-se que as principais vítimas são as meninas e garotas com idades entre 12 e 17 anos. Em relação aos meninos, que representam 14,58% dos registros feitos no ano no estado, os mais vulneráveis são aqueles entre 0 e 11 anos.

“Este número de 5.835 registros de ocorrências é só até outubro. São 19 vítimas, crianças ou adolescentes, abusadas e exploradas sexualmente por dia. As crianças e adolescentes do sexo feminino são as maiores vítimas e respondem por 84,64% dos registros em Minas Gerais. As que têm idades entre 12 e 17 anos representam 61,9% dos registros e são principalmente vulneráveis”, detalha.

Estupro de vulnerável é o crime com maior recorrência entre as violências sexuais cometidas este ano contra crianças e adolescentes, representando cerca de 43,3% dos registros feitos. Os municípios com maior número de vítimas são Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora e Ribeirão das Neves.

Comparadas as estatísticas referentes a 2018 e 2019 percebe-se que há uma aparente redução no número de ocorrências ligadas a crimes da natureza em questão, uma vez que calculou-se 23 crianças e adolescentes violentados por dia no primeiro ano, e 24 no segundo. Entretanto, a delegada Elenice Batista Ferreira pede atenção em relação ao impacto da pandemia do novo coronavírus sobre estes registros.

“Quando nós comparamos os números ao longo dos anos percebemos uma queda nos registros. Nós só conseguimos entender os números analisando os fenômenos e temos diante de nós esse cenário de pandemia, de isolamento social, onde muitas vítimas estão retiradas do convívio social, seja na escola, seja com vizinhos, amigos ou outros parentes. Este fato permite que eventualmente alguns casos permaneçam em sigilo, e por isso é tão importante falar a respeito dos canais de denúncia. E também falar que não necessariamente um parente é que tem que denunciar, pode ser um vizinho, um educador, alguém que tenha contato com a criança”, alerta.

Os principais canais de denúncias oferecidos pela Polícia Civil são através do disque 100 e do disque 181, e em ambos é possível que o denunciante permaneça sob anonimato. Está também aberta a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), que fica à avenida Nossa Senhora de Fátima, número 2.175, no bairro Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte.

Fonte: por  LARA ALVES  –  O TEMPO

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