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Metade dos casos de amputação no país são por causa da diabetes; em MG, são 26 mil casos

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A cada hora, três pessoas têm pernas e pés amputados no Brasil, segundo levamentamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). A amputação de membros, é uma das consequência grave da diabetes, quando o tratamento não é adequado. O levantamento revela que mais da metade dos casos de amputações foram em pacientes com diabetes. As informações são do Hoje em Dia.

Depois de sofrer um acidente e ter uma complicação que pode ter sido provocada pela diabetes, que levou à amputação de uma,  o cabeleireiro José dos Reis Nere, de 59 anos, tem medo de perder a o outro membro por causa de uma ferida que não cicatriza, devido a doença.

“Há quatro meses faço curativo e cuido da perna. Mas a ferida não sara. Tento ficar atento à alimentação e ao tratamento da diabetes, mas quando chego no posto tenho dificuldades para encontrar insulina e as fitas”, lamenta o cabeleireiro.

Segundo a SBACV, 245 mil brasileiros sofreram amputações de janeiro de 2012 a março de 2022.

Em números absolutos, Minas Gerais está entre os estados com maior número desse tipo de cirurgia no sistema público de saúde. De 2012 a março de 2022 foram registradas 26.328 amputações no Estado.

Segundo a SBACV, as cirurgias foram em decorrência de dificuldade de acompanhamento das complicações de saúde de pacientes, que, durante a pandemiaa da Covid-19, abandonaram o tratamento ou deixaram de ir aos consultórios ou hospitais por medo de contaminação do coronavírus. O estudo foi elaborado a partir de dados disponíveis na base de dados do Ministério da Saúde.

Segundo o cirurgião vascular Mateus Borges, diretor de publicações da SBACV, as pessoas com diabetes que desenvolvem úlceras e evoluem para quadros infecciosos demandam longos períodos de internação ou reinternações, com consequentes períodos de perda  ou afastamento do trabalho, aposentadoria precoce, depressão e perda da autoestima.

“O Brasil tem uma legião de amputados que cresce exponencialmente” alerta o médico Mateus Borges. Outro dado que chama atenção é a alta mortalidade entre  amputados: 10% dos pacientes que amputam o membro  inferior  morrem no período perioperatório (entre a indicação do procedimento e a sua recuperação), 30% no primeiro após a amputação, 50% no terceiro ano e 70% no quinto ano.

As amputações trazem fortes impactos aos cofres públicos. Entre janeiro de 2012 a março de 2022, considerando a inflação do período, foram gastos R$ 660 milhões, com custo de R$ 2.685,08 por procedimento. Somente em Minas Gerais, os gastos chegaram a  quase R$ 78 milhões.

Prevenção 

A dica dos especialistas para reduzir os riscos de complicações entre as pessoas com diabetes é manter estilo de vida saudável e controlar os índices glicêmicos dentro dos níveis adequados.

Os pacientes com diabetes são as maiores vítimas das amputações. Um pequeno ferimento pode provocar uma infecção que evolui para um caso grave de gangrena, aumentando o risco do paciente perder a perna ou pé.

Segundo especialistas, a  diabetes dificulta  a circulação sanguínea porque provoca o estreitamento das artérias, reduzindo os índices de oxigenação e nutrição  dos tecidos.

A própria pessoa com diabetes pode ajudar a evitar a amputação, ao buscar tratamento nos primeiros sintomas como feridas de difícil cicatrização e  perda de sensibilidade. “São essas feridas que precedem a amputação em mais da metade dos casos”, alerta o médico Mateus Borges.

Algumas medidas simples  podem ajudar como o  uso de calçados adequados, evite o uso de meias com costura e sandálias de dedo, não andar descalço e não fazer escalda pés e examinar regularmente os pés.

“O diagnóstico precoce, o acompanhamento por uma equipe interdisciplinar, com apoio de um angiologista e de um cirurgião vascular, são fundamentais”, alerta o especialista.

Cegueira

A cegueira é outra consequência grave provocada pelo descontrole da glicemia. Cerca de 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética (RD), doença que afeta os pequenos vasos da retina, segundo dados do Conselho Federal de Oftalmologia.

Cegueira

Joyce de Oliveira, de 25 anos, tem diabetes e ficou cega. “Há dois anos e meio minha vida mudou, para pior. Tinha muitos sonhos. Hoje, passo o dia em casa, quase sozinha, e sem expectativa de conseguir trabalho ou me socializar”, lamenta.

Joyce teve o diagnóstico de diabetes tipo 1 aos 4 anos de idade. Mas, por causa das condições financeiras da família, não consegue fazer o tratamento corretamente e, para complicar, relata que não recebe a insulina e as fitas na quantidade necessária.

“Além de não conseguir fazer a dieta corretamente, não tenho as medicações necessárias no posto de saúde aqui perto de casa, em Sabará, na região metropolitana. Tenho medo de ter outros problemas de saúde”.

Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução

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