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“Menos” médicos

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A seis semanas da investidura no cargo presidencial, Jair Bolsonaro se depara com a primeira crise do seu ainda não empossado governo. A saída de Cuba do “Programa Mais Médicos” pode deixar 24 milhões de brasileiros sem assistência básica de saúde.

Na campanha, o presidente eleito fez ressalvas com relação à atuação e qualificação dos médicos vindos da ilha, ressaltando que todos deveriam prestar o Revalida, Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, para participar do programa. Hoje eles somam 8.332. A maioria atua em periferias ou grotões onde os doutores brasileiros, por uma série de razões, não querem trabalhar.

Em cinco anos, mais de 20 mil profissionais cubanos passaram pelo Mais Médicos. Em um terço dos municípios atendidos, foram os únicos a aceitar as vagas oferecidas pelo programa. Hoje são ampla maioria em aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas.

Bem mais “lucrativo” da convalescente economia cubana, superior à exportação de produtos produzidos na ilha, como açúcar, tabaco, rum ou níquel, o envio de profissionais da área da  saúde para o exterior responde por cerca de US$ 11 bilhões dos US$ 14 bilhões que Havana arrecada por ano com exportações de bens e serviços, segundo dados da Organização Mundial do Comércio e da imprensa estatal cubana.

Analistas internacionais estimam que a fatia recolhida pelo governo cubano em serviços prestados por seus médicos em 67 países das Américas, da África, da Ásia e da Europa varie entre metade e três quartos dos salários, dependendo do país (parte dos serviços oferecidos por Cuba é gratuita, os médicos recebem direto do governo cubano, enquanto o país apoiado não têm ônus, como em casos de desastres naturais e humanitários).

A Diplomacia Cubana citou “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil, ao passo que o futuro ministro da saúde, deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), afirmou que o arranjo garantindo atuação dos  profissionais cubanos no Mais Médicos, parecia um convênio entre a ilha e o PT, visto que a ruptura se deu de forma unilateral, não abrindo a possibilidade de acórdão entre as partes. A priori, o agravo dessa ruptura será sensivelmente notado pelos tão necessitados do primordial atendimento ofertado pelos médicos cubanos, bem como, a ilha, que amargará o minguamento de suas parcas receitas.

Na busca da resolução do hiato causado pela interrupção dos serviços prestados por nossos irmãos caribenhos, o governo publicou um edital, para a contratação de 8.517 médicos, objetivando o imediato preenchimento dessa lacuna, e também atenuar a angústia dos que habitam nos grotões e regiões interioranas.

O diminuto número de clínicos país afora, aparentemente solucionado com essa “importação”, expõe nossa incapacidade em ofertar aos vocacionados, o ensejo à formação acadêmica, seja pela escassez de vagas nas universidades públicas, ou em função do elevado custeio, das privadas, limitando o ingresso de nossas gentes na pretendida formação Universitária.
Que o caminhar do “novo governo”, ainda em processo transitório, alcance resolutividade nessa primeira contenda que defronta, e que os milhões que “nele” confiaram suas esperanças, não sofram um desapontamento tão precocemente.

Abençoada semana, Graça e Paz

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