Economia
Mais uma cidade mineira adere à Tarifa Zero, número chega a quase 30 em MG
São José da Lapa,na Grande BH, se junta a outros 27 municípios no estado a oferecer transporte público gratuito à população
Mais uma cidade de Minas Gerais vai aderir à Tarifa Zero nos ônibus coletivos. A população de 26 mil habitantes de São José da Lapa, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, não vai pagar pela passagem já a partir da próxima segunda-feira (17/6). A informação foi divulgada por meio das redes sociais do prefeito Diego Alvaro. Com informações de Estado de Minas.
De acordo com o prefeito, os testes começaram na semana passada. O orçamento será de R$ 100 mil por mês, com duração de cinco anos. “Os estudos mostram que 1.600 passageiros serão beneficiados por dia.” Além disso, a prefeitura anunciou a aquisição de três novos ônibus com ar-condicionado.
Os horários ainda serão divulgados, mas os ônibus da tarifa zero em São José da Lapa vão circular de segunda a sábado. Feriados e domingos os usuários pagam a passagem normalmente. “Estamos fazendo isso para atender as empresas e empregar funcionários. Domingo e feriados a demanda dos usuários é bem menor”, ressalta Alvaro.
O que acham os moradores
Os ônibus que vão para outras cidades vizinhas ainda continuarão a ser pagos. Entretanto, mesmo que os funcionários do restaurante de Gabriel Luis sejam de Vespasiano, o empresário e morador da cidade acredita que a Tarifa Zero ajudará na economia do estabelecimento e da cidade como um todo.
“Para a população isso é uma boa ideia. Por exemplo, você vai para o Centro e não tem carro, agora pode ir de ônibus sem pagar nada”, destaca.
O dono do restaurante até brinca que o dinheiro que os moradores vão economizar na passagem, podem ser gastos no estabelecimento. Opinião compartilhada pelo dono da oficina mecânica Felipe Augusto Gonçalves. “É menos um gasto que temos agora. É sempre importante melhorar, já pagamos um monte de imposto, então tem que ter algum retorno”, afirma.
Tarifa Zero em outras cidades
São José da Lapa se junta a outros 27 municípios de Minas Gerais que oferecem o transporte gratuito para a população.
Outras cidades importantes do estado, como Nova Lima e Juiz de Fora já começaram a implementar o Tarifa Zero, não em dias úteis, mas com passagem gratuita aos domingos e feriados. Primeiro foi Nova Lima, na Grande BH, que anunciou o benefício em abril do ano passado. Posteriormente, foi a vez de Juiz de Fora, que adotou a medida no início de outubro.
Em todo o Brasil, são mais de cem cidades com tarifa zero, sendo São Paulo e Minas os estado com os maiores números de municípios que aderiram ao benefício.
Confira as cidades de Minas com a gratuidade no transporte público:
- Caeté
- Ibirité
- Itatiaiuçu
- Belo Vale
- Jeceaba
- Sarzedo
- Mário Campos
- São Joaquim de Bicas
- Brumadinho
- Mariana
- Ouro Branco
- Claudio
- Lagoa da Prata
- Campo Belo
- Arcos
- Piumhi
- São José da Barra
- Ituiutaba
- Monte Carmelo
- Arceburgo
- Muzambinho
- Machado
- São Lourenço
- Leopoldina
- Abaeté
- Pirapora
- Santana do Deserto
Em todo o Brasil, são mais de cem cidades com tarifa zero, sendo São Paulo e Minas os estado com os maiores números de municípios que aderiram ao benefício.
As cidades com Tarifa Zero podem ser acessadas no mapa da rede de organizações Mobilidade Triplo Zero.
A importância da Tarifa Zero para população
Integrante do movimento Tarifa Zero, André Veloso diz que o aumento da adesão pelas cidades é uma ação que impulsiona o movimento. “É uma solução que tem crescido em todo o Brasil. O transporte público já não pode mais ser financiado pela tarifa paga pelo usuário. Existe um consenso de pagar de maneira indireta com subsídio”, afirma.
Como explica André Veloso, o pagamento é feito por quilômetro rodado e não por passageiro pagante. Assim, o custo do sistema é alto para municípios de pequeno porte, não fazendo muita diferença a renda vinda dos passageiros. “Os municípios de pequeno porte, com até 100 mil habitantes, economizam no vale-transporte, já que deixam de pagar ao funcionalismo público”, ressalta.
O integrante do Tarifa Zero destaca que, se o transporte público se torna gratuito, existe um aumento de 200% a 300% no número de usuários. “Há um aumento na demanda, na arrecadação tributária, aquece a economia, uma diminuição do número de carros nas ruas e de acidentes. Há pessoas que moram em bairros distantes, que agora serão empregadas, por terem acesso ao transporte”, diz.
Em relação aos municípios maiores, como Belo Horizonte, o movimento está se mobilizando para buscar soluções para poder financiar o transporte nessas localidades. “Estamos coletando assinaturas para apresentar na Câmara Municipal da capital mineira, na semana que vem, um projeto de lei que cria uma fonte de financiamento para que o transporte seja gratuito. Em vez de cobrar o vale-transporte, seria cobrada uma taxa por empregado com empresas com mais de dez funcionários”, destaca.
A proposta, segundo abaixo-assinado criado para viabilizar o protocolo do projeto, chamado de PL do Busão 0800, foi elaborada por movimentos sociais e pesquisadores – e assinada por mais de 40 entidades. “O objetivo é mudar a forma de contribuição das empresas, aproximando-se de modelos referenciados internacionalmente, como utilizado na França.”
Dunquerque no norte do país se tornou, em 2018, a maior cidade da FRança a abolir as tarifas no transporte local. Foram beneficiados os 200 mil habitantes da área metropolitana oferecendo acesso gratuito a 18 rotas de ônibus.
A gratuidade foi financiada por aumento no imposto sobre empresas. O número de passageiros aumentou em 60% durante a semana e dobrou nos fins de semana, com quase 50 mil viagens feitas por dia, segundo estudo realizado pela entidade independente denominada Observatório de Cidades com Transporte Gratuito. A pesquisa também mostrou que dos novos usuários, 48% afirmaram usar regularmente a rede de transporte público no lugar de carros.
André Veloso acredita que a tendência é um aumento no número da adesão. “Dos 114 munícipios que adotaram, um ou dois apenas voltaram atrás. A taxa de sucesso é muito alta. É igual ao Bolsa Família, é uma política social que chega aos mais pobres”, termina.