Atentado
‘Lista do Massacre’ com 35 cidades de Minas no TikTok assusta estudantes
Neste fim de semana, circulou uma imagem falando sobre possíveis atentados que poderiam acontecer nos dias 10 e 20 de abril
Um vídeo curto de 8 segundos com uma imagem de uma jovem oriental que ri com as amigas ao fundo. Apesar de ser um vídeo rápido, a mensagem escrita sobre a imagem “inocente” tem uma influência tremenda na vida e na mentalidade de milhares de adolescentes de diversas cidades do Brasil e, principalmente, de Minas Gerais. A “Lista do Massacre”, texto que foi escrito com números no lugar de algumas letras para escapar da “censura” das redes sociais, trás cinco “possíveis estados” e 35 cidades mineiras que poderiam ser alvo de atentados em escolas.
Neste domingo de Páscoa (9 de abril), a publicação atingiu, em um intervalo de apenas 10h, 61 mil curtidas e 18 mil comentários de adolescentes temerosos no TikTok. O texto completava com a informação de que o possível “Ma.” – mais uma forma de falar sobre o massacre sem cair na regulação da rede social -, “tem possibilidade de acontecer no dia 10 ou 20” de abril.
“Meu estado e cidade tão aí. E sou obrigada a ir amanhã”, reclamou uma adolescente na publicação. “Gente, em Contagem será em quais escolas?”, perguntou, aterrorizada, uma outra garota na rede social. O TEMPO conversou com uma estudante de 17 anos, que está no 3ª ano do ensino médio de uma escola de Belo Horizonte. Ela também recebeu o vídeo neste domingo.
“Não é de hoje que vejo esse tipo de alerta, minha amiga semana passada mandou um vídeo bem parecido com este e pensamos que seria fake news, algo momentâneo. O sentimento que fica é de receio de ir pra escola, pois mesmo não tendo certeza do que pode acontecer, com o mundo hoje em dia não dá pra duvidar de nada. Pensamos em entrar em contato com a coordenação, mas queríamos ter um pouco mais de certeza antes de fazer isso”, disse a jovem.
Ainda segundo ela, o vídeo está circulando entre adolescentes de todas as idades e de todas as escolas de BH e região metropolitana. “Se essa lista for fake, eu não acho que quem divulgou fez na intenção de gerar medo, mas sim de alertar. Mas pra quem fez na maldade, eu só bloquearia na rede”, completou a adolescente.A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Educação (SEE), mas, até a publicação desta matéria, a pasta ainda não havia se posicionado. A assessoria de imprensa do TikTok também foi questionada sobre a postagem e até o momento a rede social ainda não respondeu.
Influência em adolescentes é principal risco, diz especialista
Advogado criminalista e pesquisador em segurança pública, Jorge Tassi afirma que o principal problema deste tipo de postagem estar circulando entre os adolescentes é o que ele chamou de “a força da ideia”. “A pessoa pode até não ter um interesse inicial no tema, mas ao ver essas postagens, pessoas com dificuldade emocional, que lidam com ansiedade, estresse, depressão, acabam se conectando à ideia”, alerta.
Segundo ele, é importante que esse tipo de postagem seja monitorado e tenha sua origem investigada, para que o autor possa ser responsabilizado. “Essas ideias acabam sendo incutidas na mente das pessoas que têm dificuldade de processar suas emoções. O jovem que se envolve nesse tipo de ocorrência (massacre) está em sofrimento mental, está em dificuldade”, completa o especialista.
Ele completa afirmando que as redes sociais deveriam ser obrigadas a retirar do ar estes conteúdos. “É uma forma de censura, mas acho absolutamente correto retirar aquilo que é indutor ao crime”, finaliza.