Política
Com laudos na mesa prefeitura se manifesta sobre caso Júlio César
Prefeito e secretária de saúde apresentam à imprensa os laudos quanto ao atendimento e procedimentos de Júlio Cesar, e secretária afirma “não temos nada para omitir”
Na tarde desta quinta-feira, dia 22 de março, o chefe do executivo de Nova Serrana Euzebio Lago, juntamente com a secretária Municipal de saúde, Glaucia Sbampato, realizaram uma coletiva de imprensa onde ponderaram e esclareceram todo o procedimento referente ao atendimento do adolescente Júlio Cesar, que após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no ultimo domingo, veio a óbito dois dias após ser transferido para o Hospital Santa Mônica em Divinópolis.
O episódio tomou comoção e apelo popular após o vereador Osmar Santos (PROS) ter sido chamado pelo pai do adolescente até a UPA e ter criado todo um alvoroço sobre possíveis irregularidades no atendimento promovido na unidade.
Irregularidades
Com documentos em mãos o prefeito e a secretária apresentaram todos os passos do procedimento e esclareceram que não houve negligencia quanto ao atendimento.
A secretária apresentou os documentos desde o laudo do atendimento do Corpo de Bombeiros de Nova Serrana, que socorreu o rapaz no local onde teve o mal súbito até o laudo de óbito emitido pelo Hospital Santa Mônica.
Municiada pela documentação a secretária ponderou a ordem cronológica do atendimento. “Do momento em que ele deu entrada na UPA levado pelo Corpo de Bombeiros Militar que atendeu a ocorrência as 17h40, até o momento em que o paciente foi estabilizado, levaram-se 60 minutos, exatamente as 18h56 foi feito o cadastro no SUSFácil, após o médico ter efetuado duas manobras de ressuscitação, inclusive uma delas com apoio dos próprios bombeiros militares como diz o relatório emito por eles. Às 19h09 foi feito o primeiro pedido pelo médico por um leito, que foi negado as 19h10”. Disse a secretária.
Glaucia ainda expos que após a primeira negativa praticamente de imediato o próprio estado, diante da gravidade do atendimento iniciou a busca da compra de um leito em hospitais particulares e houve a negativa de mais de 10 unidades hospitalares de todo o estado.
“O próprio estado diante da gravidade do procedimento iniciou a busca por leitos particulares, houve a negativa por mais de 10 hospitais em várias cidades de Minas, contudo foi feita a liberação para que o paciente fosse transferido para o Hospital Santa Mônica, devido ao convênio feito com o município”. Afirmou a secretária.
O prefeito diante da situação afirmou que a intervenção do vereador pode ter atrapalhado o procedimento, uma vez que quando foi gerado todo o tumulto ficou difícil de que houvesse dialogo e entendimento da situação.
“Se o ambiente tivesse sido mais pacífico teria sido muito mais fácil de explica os tramites e ponderar inclusive o fato de que o leito através de nosso convênio já havia sido solicitado, o quadro poderia ter sido outro. O paciente deu entrada no Hospital Santa Mônica às 21h37, e veio a óbito não devido a um infarto como tem sido dito, os laudos apontam isso, só não podemos divulgar por ser uma questão de sigilo estabelecido por lei”, disse o prefeito.
Procedimentos adequados
Foi ainda ponderado pela secretária que a situação poderia ter tido outro desfecho caso o Serviço de Atendimento Móvel Urgência (SAMU) houvesse sido notificado.
“Devemos muito aos bombeiros, o trabalho que eles prestam é excepcional, contudo eles não fazem atendimento, eles fazem o salvamento à remoção, assim caso o SAMU houvesse sido notificado, o trabalho feito pela UPA de estabilizar o paciente teria sido feito pela unidade, e eles tem o mapa e o direcionamento de portas adequadas para o atendimento, assim não teria acontecido todo esse transtorno uma vez que o SAMU tem acesso as portas adequadas”. Explicou Glaucia.
Posicionamento do executivo
Em entrevista nesta semana o prefeito Euzebio Lago, tinha afirmado que não seria estabelecido um procedimento administrativo do executivo para com a UPA, e efetivamente não será feito. O processo de investigação acontecerá pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN) que realizarão toda a fiscalização e análise do procedimento.
Segundo o prefeito essa postura foi tomada por duas diretrizes, pela coerência e ética médica. “Não poderíamos inicialmente nos pronunciar efetivamente pelo fato, porque o paciente ainda estava em tratamento, a ética profissional não permitia que estabelecêssemos diretrizes diante desse fato, e ainda, não seria coerente que estabelecêssemos um processo administrativo da Secretaria de Saúde, para com procedimentos geridos por ela, dai optamos por aguardar e agora de posse de todos os laudos faremos a documentação e estaremos entregando ao CRM e ao COREN para que analisem efetivamente se houve alguma negligencia, e caso seja constatado algum erros, os responsáveis serão punidos”, ponderou o prefeito.
A secretária anunciou ainda que toda documentação solicitada será encaminhada para as autoridades competentes, vereadores e até mesmo a Polícia Civil que solicitou as imagens de vídeo monitoramento. “Não temos o que omitir, toda a documentação será entregue em tempo hábil para as autoridades competentes sobe o assunto, inclusive as imagens de vídeo monitoramento que foram solicitadas pela delegada de Nova Serrana, tudo que for solicitado será entregue, tudo está devidamente documentado”, colocou Glaucia Sbampato.
Ministério Público
A secretária ainda apresentou o fato de que irá buscar o Ministério Público para apresentação do caso mesmo que sem um denúncia, a visita de forma cordial, servirá ainda para que se tenha maiores orientações sobre os direitos e deveres até mesmo por parte dos legisladores.
“Já conversei com o prefeito e ele sinalizou de forma positiva, estaremos buscando o Ministério Público, para que de forma cordial apresentemos a promotora os fatos e a documentação, essa visita servirá ainda para que tenhamos efetivamente um direcionamento sobre as responsabilidades de cada agente quanto a saúde, ao meu ver um vereador tem o direito de fiscalizar e entender como tem sido feito o trabalho, mas não de interferir em um procedimento clinico, isso será pontuado pela promotoria, para que trabalhemos amparados pela lei e possamos seguir essa diretriz”, expos a secretária.
Esclarecimentos e melhoria no atendimento
Outro ponto apresentado é que a secretária pediu para que o executivo buscasse a abertura da tribuna na Câmara a cada 15 dias para que seja exposto todo e quaisquer esclarecimentos necessários quanto aos procedimentos tomados pela saúde de Nova Serrana.
Ainda segundo a secretária outra preocupação está relacionada ao atendimento dos parentes e acompanhantes na UPA e para isso mais uma assistente social será contratada.
“Entendemos que o médico tem que fazer o atendimento, ele dará os esclarecimentos, porém falta muitas vezes alguém para acompanhar com mais zelo a família, hoje temos uma assistente social que faz esse papel, e já tivemos o aval do prefeito para contratarmos outra profissional, assim teremos atendimento de uma assistente social para com as famílias na UPA, das 7h00 às 24h, isso irá humanizar ainda mais o atendimento e auxiliar as famílias durante os momentos em que estiverem utilizando os serviços da unidade”, expõe Glaucia.
Principal dano
Na coletiva o prefeito apontou que o principal dano além da perda da vida de um adolescente, é o fato de quererem jogar pelo ralo um trabalho que vem sendo sinalizado como positivo.
“O próprio presidente já afirmou algumas vezes quanto as melhorias obtidas na UPA, somos a única cidade em uma macro região de 54 municípios que tem um convenio de remoção de urgência de alta complexidade com uma instituição particular, o pior nesse quadro é vermos pessoas agindo com interesse político em uma fatalidade tentando danificar a imagem de um trabalho que vem sendo bem feito”. Explicou Euzebio.
O prefeito ainda afirmou que não serão toleradas posturas semelhantes quanto aos profissionais da saúde municipal. “Após o ocorrido recebemos uma ligação, minutos depois de uma senhora que estava querendo agredir uma médica na unidade, nós agentes públicos temos que dar o exemplo, e não iremos tolerar posturas como essa, em uma unidade que pela deficiência na saúde, se tornou um hospital e não uma unidade de urgência e emergência”, afirmou o prefeito.
UPA e o Convênio
Segundo os dados apresentados pela secretária, atualmente a UPA realiza em torno de 35 a 40 mil atendimentos por mês, entre consultas, exames e procedimentos de urgência e emergência.
Já o convenio estabelecido com o Hospital Santa Mônica, já atendeu aproximadamente 15 pacientes e utilizou em torno de R$ 240 mil dos R$ 5 milhões previstos no contrato.
Diante disso a secretaria de saúde pede que toda a população pense na UPA não como um problema. “Pela quantidade de atendimentos que são feitos e pela importância da unidade, temos que entender a UPA não como um problema, temos que ter mais zelo com a unidade que hoje é primordial para a saúde de Nova Serrana”, ponderou a secretária.
Glaucia finalizou a entrevista afirmando que a solução para a saúde está um pouco além dos fatos e enquanto a população não olhar para isso o quadro não será alterado.
“Temos que parar de discutir os fatos e começarmos a debater as causas, temos hoje um déficit de 120 leitos de UTI na região, e porque isso acontece, quem pode mudar isso? Está na hora de mudarmos a postura e buscar as pessoas que podem solucionar isso e apoiar essas pessoas, a causa deve ser discutida, está na hora de pararmos de ter mães chorando pelo brasil afora ao lado de uma maca porque não tem leitos para atender os seus filhos, eu sou mãe, entendo esse sofrimento, mas enquanto ficarmos debatendo o fato e não as causas, o que levou a situação a condição que está, continuaremos vivendo as mesmas limitações e dificuldades”, finalizou a secretária Municipal de Saúde, Glaucia Sbampato.
*Foto: Thiago Monteiro – O Popular