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‘Ladrão, por favor, pare de roubar’, pede catador de recicláveis que tem sucatas furtadas em BH

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Mensagem escrita em papelão tenta sensibilizar ladrões de sucata - Créditos: Luciomar Mendes/Itatiaia

Nem o trabalhador que vive do material que muitas pessoas jogam no lixo escapa dos furtos em Belo Horizonte

‘Ladrão, por favor, pare de roubar’. O apelo está escrito em uma faixa de papelão afixada no carrinho do catador de recicláveis Júlio César de Amorim, 54 anos, morador do bairro Jardim América, região Oeste de Belo Horizonte. Apesar de viver nas ruas em busca de produtos que muitas pessoas jogam no lixo, o trabalhador teve sucatas e outros produtos furtados mais de dez vezes nos últimos anos. Inconformado com a situação, resolveu deixar o pedido para os criminosos. Com informações de Itatiaia.

“Coloco a mensagem só para pedir, mas aquilo não impede eles em nada. Eu sei quem me rouba. São aqueles noiados que ficam na Vila Calafate, na Barão (Homem de Melo). Às vezes, eles passam e até me cumprimentam. Como eu não quero confusão, cumprimento também”, diz o homem, que trabalha com reciclagem há duas décadas e se orgulha de ter criado a única filha (hoje com 20 anos) sozinho. “Tenho uma frase. ‘A vida me fez um papelão e eu fiz do papelão a minha vida'”, diz o homem, que passou a levar o material de mais valor para casa, para evitar os furtos.

“O que eu consigo de plástico e de materiais que valem mais, trago todo dia para casa. Coloquei aquele pedido para sensibilizar e ver se eles ficam com dó. Mas eles não têm dó de ninguém e roubam mesmo”, destaca.

Júlio César deixa os carrinhos na rua José Machado, esquina com Barão Homem de Melo, no bairro Nova Suíça, lado Oeste da capital. “Cato pets na parte da tarde e amarro no cabo de aço do carrinho. Só que de um tempo pra cá eles começaram a me roubar os pets e os plásticos mais duros. Papelão eles não querem, porque (o quilo) é 15 centavos”, diz o trabalhador.

Júlio destaca que já deixou vários recados, mas os furtos diminuíram somente porque ele passou a levar o material de mais valor para a casa. “Se deixar lá, eles levam mesmo”, disse. “Graças a Deus diminuiu, mas é porque eu trago para casa. Eles sempre dão um espaço de 15 dias, um mês. A gente pensa que amenizou, eles voltam de novo”.

Júlio vive de recicláveis, mas não escapa dos furtos em Belo Horizonte – Foto: Imagem cedida à Itatiaia

Mensagens

Na penúltima vez que coloquei (a faixa), escrevi: ‘ladrão, pare de me roubar’. “Agora foram uma menina e um cara. Aí coloquei ladra e ladrão. A próxima (mensagem) que vou escrever é: por que vocês não fazem o que eu faço?”.

O catador conta que os furtos começaram no período da pandemia de Covid-19 e não pararam.

“Foram mais de 10 vezes. Demorei a me tocar que eu podia descer com o outro carrinho e trazer os outros negócios. A última vez que me roubaram muito mesmo foi no Carnaval. Tinha uns 4 sacos de pets lá e eles levaram tudo”, lembra.

Apesar da tristeza com a situação, ele não pensa em desistir da profissão e explica os motivos. “Esse é meu sustento, é meu salário, vivo disse e não outra maneira de sobreviver”.

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