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Isenção de até US$ 50 coloca empregos da indústria de calçados em risco

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Somente em Nova Serrana e região, a indústria calçadista gera aproximadamente 20 mil empregos diretos e 20 mil indiretos | Crédito: Sindinova/Divulgação

Além dos empregos, vendas da indústria de calçados estão sendo afetadas com a isenção do imposto de importação do e-commerce

A indústria mineira de calçados, bem como toda a cadeia produtiva da atividade, tem sofrido com a isenção de impostos para compras internacionais feitas pela internet com valor de até US$ 50, cerca de R$ 260. Conforme entidades que representam a categoria em Minas Gerais, o volume de vendas diminuiu por efeito da desoneração e os empregos estão sendo afetados com a medida. Com informações de Diário do Comércio.

O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Andrade Lacerda, relata que as vendas do polo calçadista da região caíram aproximadamente 10% no primeiro semestre. E parte dessa perda foi em virtude da situação. De acordo com ele, o segundo semestre é tradicionalmente melhor, porém, os danos não devem ser totalmente recuperados e, caso o setor feche o ano estável, já será considerado um bom resultado.

O dirigente também ressalta que, neste ano, o saldo geral de vagas de trabalho criados pela indústria calçadista de Nova Serrana tem sido menor em comparação a de outros períodos. Além disso, o polo não tem conseguido ter, sequencialmente, superávits de empregos. Isso, segundo ele, mostra um pouco do impacto da falta de isonomia tributária que o setor vem enfrentando.

“A cadeia de calçados de Nova Serrana tem 20 mil empregados diretos e 20 mil indiretos. Se estimarmos que esse tipo de comportamento do e-commerce, de importar diretamente sem tributação, impactar em 10% no nosso trabalho, afetará, somente aqui na região, 4 mil empregos”, observou Lacerda, reiterando que a indústria calçadista é uma atividade que emprega um alto número de pessoas, e o pouco de impacto que sofre, já reflete em um significativo nível de empregos.

Pequenos varejistas do setor de calçados também são afetados

Seguindo a mesma linha de pensamento, o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Luiz Barcelos, afirma que a crescente entrada de itens internacionais isentos de impostos é uma enorme ameaça não apenas à indústria calçadista. Conforme ele, toda a cadeia produtiva do setor é afetada, sobretudo, os pequenos varejistas.

“A quantidade de varejistas que compram e revendem os produtos e terão que fechar os negócios é grande. Então, os pequenos negócios do varejo estão sendo muito afetados, não somente a indústria”, ressaltou. “A gente ainda não consegue dimensionar o tamanho da queda no fim do ano, mas já estamos contabilizando uma queda bem significativa nos pedidos”, completou.

Para o executivo, muitas empresas vão encerrar 2023 com resultados piores em relação a 2022, principalmente os que produzem mercadorias com menor valor agregado. Um forte mercado no Estado que possivelmente vai experimentar uma retração, segundo ele, é o de tênis esportivo.

“É importante ressaltar que parece impopular essa medida de taxar os marketplaces, mas, no fundo, é uma medida muito popular, pois garante os empregos do Brasil e gera renda no País. Isso para mim é fundamental”, reiterou Barcelos, pedindo isonomia para as indústrias nacionais.

Abicalçados diz que a isenção coloca em risco imediato mais de 20 mil empregos no País

Na quinta-feira (5), a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) participou de audiência pública no Congresso Nacional defendendo a revogação da isenção para plataformas internacionais. No encontro, a entidade ressaltou a preocupação do setor calçadista com o Remessa Conforme, que estabelece a desoneração para as empresas do exterior participantes do programa. E mostrou números do impacto que a categoria pode ter com a manutenção da medida.

Segundo a Abicalçados, a não tributação coloca em risco imediato mais de 30 mil postos de trabalho na indústria calçadista nacional. De acordo com a entidade, as duas maiores plataformas estrangeiras de e-commerce atuantes no Brasil faturaram R$ 2 bilhões em 2022 só com a venda de calçados, o que representa 20% de todo o varejo on-line do produto no País. A estimativa da instituição é que esse valor quadruplique nos próximos anos, especialmente, diante da isenção.

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