Colunistas
Impactos do Home Office
Se a pandemia parece estar passando em países desenvolvidos, que apostaram na vacina, no isolamento e numa política não negacionista, uma conseqüência dela parece que veio para ficar. Trata-se do home office, trabalho em casa, que foi a forma encontrada por empresas e escritórios para manter suas atividades neste período.
No Reino Unido, um estudo envolvendo duas mil empresas revelou que 71% delas apontaram que ter funcionários em casa aumentou a produtividade ou fez pouca diferença. Entre as pesquisadas, 65% das empresas disseram estar desenvolvendo um modelo híbrido, no qual as pessoas passam apenas parte do tempo no escritório.
Em Londres, o objetivo agora é discutir uma legislação para essa nova forma de trabalho. Há, inclusive, relatos de que o trabalho em home office, do ponto de vista da economia, faz o dinheiro girar em outros pontos, fora dos centros econômicos, onde os empregados das empresas residem. O que, de certa forma, é bom para o desenvolvimento numa fase pós-pandemia.
No Brasil, um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral entre março de 2020 e março de 2021, que envolveu mais de 1.100 participantes em 23 estados, apontou quais seriam os pros e contras do trabalho home office no país.
Entre os pontos positivos estão a liberdade de horário, o trabalho é mais produtivo, proximidade com a família, menos estresses com deslocamentos e menos controle e mais autonomia. Entre os pontos negativos estão o volume maior de horas trabalhadas, perda do convívio e interação social, desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, falta de equipamentos e mobiliário para home office e insegurança cibernética.
A pesquisa abrangeu profissionais em capitais e no interior do Brasil. Em cada local o trabalho em home office tem um tipo de influência. Maior ou menor, dependendo do caso.
“Os profissionais que estão concentrados em cidades maiores, onde estão suas empresas, demonstraram uma qualidade muito relevante em encontrar um modelo híbrido de trabalho. Quando nós vamos para o ambiente das cidades do interior, o comportamento dos respondentes foi outro: como a vontade de voltar ao trabalho e as empresas chamando para o retorno ao trabalho”. Esclarece Fabian Salum, coordenador da pesquisa, em entrevista dada ao Cidades e Soluções. Ainda segundo Salum, fatos como o stress no deslocamento dos funcionários às empresas pesam menos no interior do país do que nos grandes centros.
Outro ponto destacado pelo pesquisador é que o home office em tempo integral é prejudicial para troca de experiência dentro das empresas. “Todas as metodologias de desenvolvimento organizacional, de estilo de lideranças e de produtividade que são motivadoras de processos de inovação sofrem pelo distanciamento social. Sofrem pela não aproximação das pessoas para que elas possam criar juntas. A modelagem do home office, nesse aspecto, não é tão favorável”,completa Salum.
A pesquisa completa sobre as Novas formas de trabalhar: impactos do home office em tempos de crise, pode ser acessada no site da Fundação Dom Cabral. A matéria no Cidades e Soluções você vê no globoplay.
RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.