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Pandemia

Homens negros de 40 a 49 anos lideram atraso na segunda dose da Covid em BH

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Homens negros, com idade entre 40 e 49 anos, integram o grupo com mais atraso para receber a segunda dose da vacina da Covid-19 em Belo Horizonte. Boletim do programa InfoCovid, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que esta fatia da população pode estar mais vulnerável à infecção pelo coronavírus. A análise foi feita com base em dados de 2019 até o final de outubro deste ano.  As informações são do Jornal O Tempo.

O boletim mostra que, à época da divulgação, eram mais de 98 mil pessoas com a segunda dose atrasada em BH. Neste cenário, as mulheres representavam 4,7% desse público, enquanto os homens tinham 5,5%. Já na distribuição por idade, o destaque ficou entre os homens de 40 a 49 anos, que têm 7,7% do público atrasado, e idosos de 70 a 79 anos, com 2,2% do percentual.

No filtro por dados de raça/cor, as pessoas pretas e pardas representaram 5,8% do público com vacinação incompleta, ficando acima do índice de brancos, de 4,7%. A coordenadora do InfoCovid e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Aline Dayrell, explicou que não há uma causa definida para explicar o atraso na vacinação entre os homens negros de 40 a 49 anos.

Entretanto, ela diz que entre as hipóteses consideradas estão questões sociais, como sobrecarga de trabalho, dificuldade de acesso à vacina e informação. “É um grupo economicamente ativo. Sabemos que a realidade pode ser uma carga de trabalho maior, as vezes com dois empregos para ter uma renda melhor”, detalha a professora. Ela destaca que questões culturais também podem estar relacionadas.

“Às vezes a pessoa tomou a primeira, mas não sabe da importância de se tomar a segunda. Como nossa base de dados é quantitativa e não qualitativa para saber os reais motivos, essas são algumas das hipóteses que a gente considera”, acrescentou Dayrell. Na avaliação da professora algumas ações poderiam ser realizadas para completar o esquema vacinal dessas pessoas, como a busca ativa em centros de saúde com os agentes de posto.

Outra opção é ampliar locais e horários de vacinação. “Talvez ter aplicação da vacina em um domingo, em horário alternativos. Mas antes de adotar essas estratégias é interessante que se inicie uma busca ativa para entender esse perfil e direcionar as ações”.

Cuidados 

As próximas edições do boletim InfoCovid devem trazer uma atualização sobre o monitoramento da circulação de novas variantes na cidade, como a ômicron. Aline Dayrell salienta que um dos pontos de pesquisa será identificar o comportamento da pandemia com o avanço da aplicação de doses de reforço na população.

Ela destaca que há um temor com a possibilidade de uma quarta onda de Covid-19 no Brasil. Neste sentido, o atraso na segunda dose pode retardar as aplicações de reforço. “A gente observa que a população tem flexibilizado o uso de máscara, o distanciamento social. Isso ainda é precoce. Portugal, mesmo com cerca de 90% da população vacinada, viveu a quarta onda”, alertou. “O não retorno para imunização impossibilita a garantia da imunidade individual e coletiva”, finalizou.

Balanço

Atualmente, segundo boletim epidemiológico da prefeitura de Belo Horizonte, 99,7% da população acima de 12 anos está vacinada com a primeira dose e 87% já completou o esquema vacinal contra a Covid-19. Ainda conforme a PBH, 364.549 pessoas, entre idosos e trabalhadores da saúde, tomaram a dose de reforço.

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